Capítulo 2 - Alvo Marcado

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Aquela casa havia uma aura de energia muito pesada em seu redor, ficar lá dentro por muito tempo não seria uma boa ídeia para quem não é acostumado com a morte e seu desenrolar.

Os choros e lamúrios continuavam, cada vez mais altos e com menos pausas entre eles. A raiva de ouvir meu companheiro ser torturado, chegando perto do limite entre a vida e a morte me consome, encostando na bainha de minha katana, saco lentamente minha lâmina porém chegando à metade de seu fio ouço o chefe dizer: 

- Nem pense nisso, você sabe o que acontece com um estalar de meus dedos, não sabe? 

Penso na possibilidade de correr e mata-lo antes que seus seguranças venham em cima de mim, porém não conseguiria impedir dele de estalar os malditos dedos. 

Bufando, guardo a espada de onde nunca deveria ter saido e vou em direção a outra sala, a sala chamada Leilão. Um nome estranho para um local que iremos decidir quem deveremos matar, mas o chefe gosta de brincar com a vida das vítimas.

Passo pelas fitas que separam um comodo do outro, indo em direção ao quadro com os rostos dos "Sentenciados", um nome que utilizamos para nos referir aos alvos que estão somente esperando para serem mortos. Esperava-me lá um homem que empunhava uma aljaiva em sua cintura e um dispositivo parecido com uma besta em seu pulso direito, feito completamente de metal. Uma pessoa ao qual me identificava, um amigo.

- Therion, voltou bem?

Ele me cumprimentava de forma calorosa, algo raro num lugar tão frio... Ainda mais considerando com o que trabalhavamos.

- Alguns arranhões, mas nada que não suma com o tempo. 

Ele se volta para o quadro, pensativo como se estivesse procurando o "boi certo para o abate".

- Como vai a familia, meu caro amigo?

Engulo em seco, me trazendo recordações.

- Err, estão bem. Sim, sim... Bem...

Pisco, algo se aproximava... O ar estava pesado.

- Ei! 

Volto a realidade - Arion parecia não gostar de ser ignorado, visto a raiva que estava em seu rosto agora.

- Você não ouviu nada do que eu falei, não é? - Perguntava com o rosto fechado, claramente querendo uma resposta.

- Bem, o que você tinha perguntado? - Digo tentando parecer calmo, mas não sou o melhor mentiroso que existe.

Coloco a mão em minha katana, segurando sua bainha bem firme.


A frase foi cortada quando um vimos um ser parado na porta, com seu rosto abaixado olhando em nossa direção. Um homem coberto por uma capa negra e um capuz de mesma cor, sua roupa era coberta por detalhes de cor prata e vinho... Um velho conhecido. 

O lendario assassino que, por acaso, veio parar na nossa sede... Nós tivemos o prazer, ou desprazer, de trabalhar com o mesmo. Quando ele deu o primeiro passo dentro do comodo, não conseguiamos mais falar normalmente... Consigo soltar uma frase que, assim que o fiz, gostaria de ter apenas ficado de boca fechada.

- Koôlak, você não estava morto? 

Koôlak era um homem bastante frio e inescrupuloso, não esperava que houvesse uma resposta de um ser de tão poucas palavras, mas ouço uma resposta baixa e breve:

- Boatos são boatos, verdades são verdades... E eu estar morto não é uma delas.

Cubro meu rosto com minha mascara, que cobre somente minha boca e nariz possuindo um formato triangular feita de tecido, permitindo minha respiração. A ideia de estar no mesmo comodo que um assassino tão famoso me dá calafrios.

- Koôlak, me diga: porque continua nesse lugar? 

Ele me olha, ainda que de cabeça baixa. Não consigo ver seu rosto encoberto pelo negro do capuz, somente a sombra do mesmo. 

- Isto não é algo que deva ser dividido com os outros... É algo meu e só meu.

Engulo em seco, pois dizia isto com um tom um tanto quanto ameaçador. Por um momento podia jurar ele me matando mais rápido do que eu pudesse me defender, congelo na hora. 

Virando para o quadro que estava a nossa frente, o homem examinava com delicadeza todos as especímes daquele retângulo.

- Este...

Fala ele enquanto vai até a foto de um homem e faz um pequeno corte em diagonal na fresta de sua folha, significando o status "Selecionado para eliminação".

- Não se intrometam... Esse é só meu.

Não respondo, somente assinto com a cabeça em sinal de afirmação.

- Que?

A pessoa que ele escolhera era o homem do topo, com maior valor de recompensa... porém não o reconhecia de fato. Nao fazia ideia de quem era.

  Nomes: Therion; Koôlak  

A Mansão dos assassinosOnde histórias criam vida. Descubra agora