O dia em que ela voltou

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- Marta , tem gente lá em baixo querendo falar com vc . - diz Margo enquanto sento na cama .
- Quem ? - pergunto esfregando o olhos pra acordar .
- Não sei , mandaram te avisar . - diz ela .
Levanto de pijama e desco as escadas.
Vejo a diretora com . . .
- Martinha . - diz e abaixa a cabeça. - Que saudades eu senti de vc.
Viro e subo as escadas pra voltar pro quarto.
- Marta volta aqui , tô falando com vc , Marta . - fala a diretora enquanto e ignorada por mim .
Entro no quarto fecho a porta com tudo e a tranco , quando viro , reparo que Margo e Leona estão lá dentro .
- Ta tudo ...
Interrompo Margo :
- Eu não vou abrir a porta , mas se quiserem podemos sair pela janela. - digo e elas me encaram assustadas .
- Estamos no segundo andar , e tipo , alto , bem alto . - diz Margo gesticulando com as mãos.
- E só amarrar os lençóis um no outro e fazer uma corda , e aí?
- Prefiro faltar a aula e ficar aqui ! - diz Leona .
- Beleza então . Vó ficar aqui com vcs . - digo ainda atormentada .
- Ta bom . - diz Margo.
- Marta abre essa porta . - grita a diretora .
- Ignorem . - sussurro e ligo meus fones .
Tento dormir , mas o passado me atormenta .
Diretora narrando :
- A Martinha não muda . - diz com um tom carinhoso .
- E , ela me dá bastante dor de cabeça. - digo enquanto bato na porta.
- Bom deixa , ela ficou atormentada quando me viu , e só uma garota , eu volto a noite , afinal ela tem que ir pra escola , certo ?
- É sim , lhe acompanho até a porta .
- Ok .
Margo narrando :
Ela paro de bater na porta e agora agente vai se ferar se sair , a Marta tá nem aí , afinal é a Marta né , não se importa em quebrar as regras e não abaixa a cabeça pra ninguém , o tipo de pessoa que segue o coração e faz o que quer , ela tem um jeito livre de ser , não se prende a nada e nada lhe prende e fala o que quer a hora que quiser , por isso é difícil conviver com ela , e muito fácil saber sobre ela pois e transparente .
- Margo , abre a porta, vcs tem que ir pra escola .
Aí Meu Deus o que eu faço?
- Margo vamos , se não vamos nos dar mal por causa da Marta .
- Margooo eu sei que vc e a Leona estão aí com a Mar ! - grita irritada .
- Podem abrir . - diz a Mar .
- Ai que bom , estamos indo , vc vai pra escola ? - pergunto
- Não. - responde.
Marta narrando :
A diretora entra no quarto furiosa , deixa as meninas saírem e vem até mim.
- Vc não pode se trancar no quarto assim e nos deixar do lado de fora , aqui não é sua casa não.
- Eu sei , órfã não tem casa ! - grito.
- Abaixa o tom comigo , não sou uma de suas coleguinhas . - grita também. - Hoje a noite vc vai falar com essa senhora e só uma conversa , pare de fugir , encara de frente , valentona .
- Não tenho obrigação de falar com ninguém , falo se quiser !
- Veremos , agora vai pra escola.
- Não vou .
- O que eu faço com vc garota ?
- Me deixa em paz no meu canto.
Ela sai bufando .
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Passei o dia todo ouvindo música e comendo , agora vou me arrumar pra ir pra boate mas se ela voltar , mais tarde ou mais cedo eu vou ter que falar com ela , mas eu não quero . Sento frustrada . Meu celular apita e o pego , mensagem do Fê.
Watts on :
- Posso te pegar aí pra gente ir pra boate ?
- Melhor não , a menos que vc venha me buscar as seis .
- Por quê ?
- Nada de importante.
- Ta . . . Eu passo aí seis horas e agente toma um sorvete.
- Beleza.
Watts off.
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Quando eu estou saindo do orfanato vejo ela , saiu apressada e quando estou abrindo a porta ela segura meu braço, me viro e a olho .
- Me solta ! - digo tentando me soltar.
- Presisamos conversar filha .
- Não me chama de filha. - digo tentando soltar meu braço.
- E o que vc e , por favor conversa comigo!
- Não quero conversar .
- Solta ela , por favor . - diz o Fê sério do meu lado .
- Sou mãe dela e quero conversar com ela .
- Mas eu não quero , eu não tenho mãe , vc nunca foi minha mãe, mães de verdade não fazem o que vc fez .
- Vc nunca me escuto , sempre foi rebelde e andava com gente estranha .
- Estranho e o seu preconceito , vc me afasto dos meus amigos e me largo em um orfanato, eu te odeio , vc e o ser mais mesquinho que eu conheço !
- Cala a boca . - ela me dá um tapa que eu revido.
- Chega . - O Fê entra na minha frente - Vai embora , ela não quer falar com vc ! - fala alterado pra ela .
- Vc sempre foi assim rebelde mas um dia vc vai aprender a respeitar quem te ama !
Ela vai embora , ponho as mãos no rosto e sinto uma lágrima descer , que ódio , sinto as mãos do Fê envolvendo minha cintura e encosto a cabeça em seu peito .
- Que ódio. - sussurro.
- Calma Mar . - diz beijando minha cabeça e fazendo um carinho nas minhas costas .
Me recomponho e levanto a cabeça , ele está bem perto de mim .
- Vc é incrível comigo Fê, valeu por tudo .
- Fica bem , ela não merece suas lágrimas. - ele passa a mão em minha bochecha.
Fico na ponta dos pés pra alcançar seu rosto , observo aquela boca e sei que a quero , beijo o canto da sua boca e ele sorri , e me beija , um beijo calmo suave e confortante , quando acaba ele me dá um celinho , respiro fundo e apoio meus pés no chão , ele tira as mãos da minha cintura e abre a porta do carro pra mim , entro e ele fecha e vai pra seu lugar .
Esse beijo foi como um conforto na alma , por dentro estou um caco , ela me deu um tapa na cara justo ela , doeu no coração, que raiva que raiva de sentir o que senti . Aperto a manga do casaco que estou vestindo , tô tensa . Ele para o carro na frente da sorveteria .
- Vou comprar sorvete pra gente e nem adianta recusar , nada melhor que um sorvete pra acalmar . - diz com aquele sorriso sereno que me acalma .
- Tudo bem , quero de menta .
Ele sorri e sai do carro .
Volta e me dá meu sorvete cascão.
- Vc não deve ter entendido quase nada naquela discussão que tive com . . .
Me interronpe :
- Não presisa me falar nada se não quiser .
- Eu quero . - respiro fundo e continuo. - Agente sempre brigo muito , e ela sempre me afasto dos meus amigos , sempre querendo me controlar até que eu fugi de casa e quando ela me achou agente brigou sério , ela chegou a me bater . - paro e respiro fundo pra continuar. - No dia seguinte ela me levou pra um orfanato sem me dizer nada , apenas me deixou lá a dois anos atrás , até que fui transferida pra cá e conheci a Ly , e o resto vc já sabe . - ele ouve atentamente .
- Não sei o que te dizer . - diz passando a mão no cabelo sem jeito.
- Não presisa dizer nada , desabafei com vc por que me senti a vontade pra falar .
Ele assente.
- Quer que eu te leve de volta pro orfanato?
- Não , não quero ir pra lá.
- Se quiser dormir lá em casa hoje. . .
- Não quero incomodar vc e a sua família , eu vou pra boate com vc trabalhar e depois volto pro orfanato.
- Não precisa.
- Claro que presisa , toda hora tô dando PT , chega eu tenho que trabalhar, tenho que estudar não vou ficar jogada pelos cantos chorando , cansei , to melodramática demais . Chega .
Ele ri .
- Bora então. - diz começando a dirigir.
Na boate esqueço os problemas, até por que a solução tá do meu lado .
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- Entregue . - diz sorrindo.
- Valeu . Obrigada de verdade !
- Pela carona ?
- Pelas caronas , pelo trabalho , pelos conselhos e força é isso que vc vem me proporcionando des daquele dia que decidiu se aproximar de mim .
- Que isso , não presisa agradecer . - diz meio sem graça revezando o olhar entre meus olhos e o chão do carro.
- Boa noite Fê !
- Boa noite Mar !
Saio do carro e vou até o portão, mas viro e olho pra ele , sorrio . Entro no orfanato, troco de roupa e vou dormir.
Que dia difícil !
Apesar de tudo , percebi que o Fê é muito importante pra mim só não sei até que ponto . . .

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Goooollllllll , foi Goooollllllll . Finalmente o beijo saiu , nessa situação difícil mas foi Goooollllllll meu povo . Kkkk me empolguei. E agora o que será que vai rolar com eles ?

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