Paredes amarelas e a abençoada mostarda.

você tem medo de quê?

Hoje eu acordei e olhei bem para o meu quarto. Paredes amarelas, como a mostarda que eu sem querer, derrubei naquele garoto aquele dia.

Era uma tarde de verão. Pássaros cantavam, as flores dançavam conforme o vento e os casais se amavam. Era tudo perfeito. E lá estava eu, sentada no banco de uma simples lanchonete, observando o dia e tomando um suco de laranja, como de costume. Até que ele apareceu.

Cabelos escuros, como a noite e bagunçados, como a minha vida. Totalmente contrário de seus olhos, que eram tão claros que eu podia jurar ver a sua alma. Ele era da minha turma naquele tempo, mas eu não tinha coragem de falar com ele, pois o medo de fazer algo errado, era maior do que o desejo de ter sua atenção. Ele era o típico garoto que vivia rodeado de amigos, mas naqueles dia, ele estava sozinho e algo me dizia para ficar sentadinha onde eu estava. Porém, como sou teimosa, preferi ouvir os sussurros da minha cabeça, me dizendo para ir até ele.

Ao me levantar, o mesmo me fez tremer como bambu. Me recompus e fui até lá, eu estava ficando confiante ao chegar mais perto, a cada paço que dava, naquele que parecia um caminho tão grande. E quando finalmente cheguei, pensei bem antes de começar a falar, dei um passo para trás, bati em alguma coisa e quando percebi, tinha derrubado o garçom. Fui tentar ajudá-lo a pegar as coisas que caíram no chão, peguei a mostarda e ao virar para colocar no balcão, vi o garoto pelo qual eu fiz toda aquela bagunça, me olhando profundamente. E de repente, sem notar meus reflexos descontrolados, apertei a mostarda que, por algum motivo, o destino havia feito cair nele, e saí correndo sem ao menos pedir desculpas.

Voltando as paredes do meu quarto, aquele amarelo me fez pensar que eu devia ter realmente ficado sentada no meu banco, tomando meu suco e aproveitando meu medo de falar com garotos como ele.

Realmente, é hora de pintar as paredes desse quarto.