...VINGANÇA...

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Depois de um bom tempo tentando tirar a madeira podre debaixo da minha cama, finalmente consegui tê-la em minhas mãos. Ela vai ser a minha arma.

Eles ainda não voltaram, mas devem estar chegando. O sol já se foi há muito tempo. A lua toma conta do céu.

Seguro firme a madeira em minhas mãos, algumas farpas soltas machucam a minha pele, a fazendo sangrar, mas não me importo com isso. A sede de vingança é maior que tudo.

Eu torço para o meu plano dar cedo, porque se não der, eu estou morto. O Homem do Chapéu não vai pensar duas vezes antes de acabar comigo.

Ouço barulhos lá embaixo, eles chegaram.

Corro para trás da porta, assim que ele a abrir eu ataco. As farpas me machucam ainda mais com a força com que seguro o pedaço de madeira.

Não pense em nada, Alec. Eles maltrataram você, eles te mataram por dentro... Eles não merecem viver. Eu poderia polpá-la, ela não tocou em mim. Mas ela sabia, ela sempre soube de tudo. Ela nunca fez nada para impedi-lo.

Ouço os passos na escada... Ele está vindo.

Vamos lá, Alec. Você consegue. Não pense em mais nada.

Eles maltrataram você... Eles maltrataram você...

Não consigo conter as lágrimas.

Merda...

Se controle, Alec.

A maçaneta gira e a porta se abre.

   - Alec? - A voz grossa dele.

Respiro fundo e ataco. A madeira podre, com farpas se soltando, bate em cheio em sua testa. Arrancando um fio de sangue. O Homem do Chapéu cai com força no chão, colocando a mão no machucado.

   - Que porra está fazendo, Alec? - Ele grita.

Continue... Você foi longe demais para voltar agora. Continue, Alec.

Ataco sua cabeça mais uma vez com a madeira podre, e mais uma vez, e mais uma vez... E mais uma vez...

O rosto inchado, os olhos abertos e o corpo estirado, mostra que ele morreu. Ele finalmente foi embora... Falta ela.

Não precisei descer, ela subiu por causa do barulho. Ela me encarou com aqueles olhos azuis, aqueles malditos olhos azuis que eu herdei.

   - Sua vez... - Minha voz falha. Não me importo com o sangue que mancha o meu rosto agora, o sangue dele. Eu só me importo em acabar com a vida dela.

   - Alec, meu filho... Por favor... Eu nunca quis fazer isso... Foi ele... - Ela aponta para o corpo morto que um dia foi do meu pai. - Ele me obrigou...

   - Mentira! - Grito, reunindo toda a raiva que eu guardei durante esses 10 anos. - Eu ouvi vocês. Você começou com isso, não foi ele, foi você. Eu pensei em poupar sua vida, afinal, você nunca me tocou. Mas o simples fato de saber que você vai estar viva quando eu for embora me irrita. Você vai morrer, eu preciso ter paz nesse mundo.

Corro para cima da mulher desesperada, ela tenta agarrar a minha mão, mas sou mais forte que ela. A madeira podre se choca contra seu olho esquerdo, e o sangue inunda seu rosto. Eu não paro, cada madeirada em sua testa significa cada ano em que eu tive que sofrer calado.

A vida deixa o seu corpo tão rápido quanto veio.

Eles se foram...

Eles estão mortos...

Eu finalmente estou livre.

ALEC (O Marido de "BELLE")Onde histórias criam vida. Descubra agora