Dois Mil e Dezessete

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POV Caitriona

O quarto do hospital parecia pequeno, e o oxigênio parecia faltar. Sam estava ao meu lado, sorrindo de orelha e por mais que eu estivesse muito feliz, eu estava o dobro no quesito assustada. Imaginar uma criança em meio a nossa vida agitada, era preocupante.

Assim que troquei de roupa, e assinei as várias papeladas. Sam fez questão de marcar obstetra, algo que nem mesmo eu havia pensado em fazer tão prontamente.

-Chamei um uber. Viemos no carro do Ron. - Sam murmurou, guardando o celular no bolso e me abraçando por trás. Assenti com a cabeça, me sentindo segura com seus braços ao meu redor. Observei o fraco movimento na recepção do hospital. Era cinco e meia da manhã. Eu tinha conseguido dormir durante toda a noite de observação, já Sam aposto que não, já que ficou no sofá que tinha no quarto, que aliás era pequeno de mais para o seu tamanho. Eu podia ver cansaço em seu rosto e sentir seu corpo pedindo por cama.

-Vamos chegar no flat, e você vai direto dormir! - Conclui, me virando de frente para ele e o abraçando.

-Achei que era você que deveria descansar. - Suas sobrancelhas se ergueram, e rolei os olhos.

-Você diz isso me provocando, porque sabe que eu estou cansada de falarem pra eu descansar.

-É, mas dessa vez não é apenas por você, baby. - Murmurou sorrindo, e então levou a mão até a minha barriga, o que me surpreendeu. Eu ainda estava digerindo essa grande novidade. Sorri com o gesto e coloquei minha mão em cima da sua.

-Você está certo. - Conclui, voltando a abraça-lo. Assim que o uber chegou, fomos direto pro flat do Sam. Assim que deitamos na cama, não tínhamos nem animo pra conversar, logo caímos no sono.

Abri meus olhos, tateando o vazio na cama. Ergui um pouco a cabeça, olhando ao redor e nada de Sam. Me sentei, levando a mão na cabeça, ainda doía um pouco, o que me lembrou que eu não deveria fazer movimentos bruscos.

O cheiro de comida invadia o cômodo, me levantei, seguindo em direção a cozinha. Sam estava sem camisa, virado de costas no fogão, mexendo em uma das panelas que levantava vapor. Me encostei no batente da porta, de braços cruzados, observando ele agilmente cortar uma cenoura, enquanto ele ainda não havia notado minha presença.

-Gostando da visão? - A voz divertida soou, e então abri os olhos, surpresa.

-Como sabe que estou aqui?! - Ele nem mesmo havia se virado e me pegado no flagra.

-Apenas sei. - Deu de ombros, como se sentisse minha presença. Abri a boca, mas desisti de perguntar, porque na maioria das vezes eu sentia quando ele entrava no mesmo lugar que eu. Caminhei até ele lentamente, descalça, sentindo o geladinho do chão sob meus pés. Parei ao seu lado, observando a bagunça que estava em cima da pia.

-O que está fazendo? - Estiquei o nariz, tentando identificar. -Você quase nunca cozinha, me lembro que quando morei algumas semanas na sua casa, naquela época, que me perguntava como que você não morria de fome. - Ele soltou uma risada, colocando as cenouras picadas dentro de uma panela.

-Estou fazendo o nosso almoço. - Deu de ombros. - Salmão, batatas, cenoura e aspargos. - Sorri animada com o cardápio e então roubei um cubo de cenoura. -Cozinhar eu sempre soube, só não gostava de ter que ficar parado fazendo comida...

-Ué. - apontei pras panelas. -E o que fez você mudar de opinião? - Ele se virou, jogando o pano de prato por cima do ombro e sorriu, caminhando até mim.

-Vocês. - Beijou minha boca, antes de se afastar e começar a colocar a louça suja dentro da lava louça. -Vocês precisam se alimentar bem, e sei que é cansativo ficar cozinhando, então sempre que eu puder, vou fazer algo pra comermos. - Sorri assentindo.