(A long time ago, in a galaxy far away
The evil empire was building a force,
destroying all in its way
The patriarchal family, he's the man in black
Helmet of steel helps him to breathe,
and with Jedi force he attack.)
(em algum ponto de 2016)
Belo Horizonte. Capital mineira. Com seu desenho de rua estranho que faz todos os motoristas ficarem presos em um trânsito infernal, depois que alguém teve a brilhante ideia de fazer com que todas as ruas se cruzassem num lugar só. Avenidas fechadas para evitar o fluxo parado. Prédios altos. Poluição, como toda boa capital. E, claro, bares. Muito bares. Porque se Minas Gerais é a capital da cachaça, Belo Horizonte é a capital dos botecos.
Grande o suficiente para os mineiros pensarem que é uma capital de verdade. Mas não que a gente pudesse mesmo dar moral para o que quer que mineiro diz. Eles são os que falam que é "pertin", embora você, provavelmente, terá que andar 3 quilômetros para chegar no perto inalcançável. São as montanhas – eles vão dizer. Pare de ficar com pressa de chegar aonde quer chegar e aprecie a vista que te cerca. É o caminho que faz diferença. Aparentemente, o espírito de uma capital não havia mesmo chegado até BH. Porque mineiro que é mineiro abrevia qualquer palavra que vê na frente e mantém, firme e forte, aquele fenômeno linguístico com nome muito engraçado: aglutinação. Não lembra o que é? Basta acompanhar o dialeto mineiro e tentar compreender o novo idioma criado, todos os dias, entre um café quentim, um pão de queijo saído do forno e, claro, as montanhas.
Quem precisa de mar quando se tem montanhas?
Pelo menos, era isso que Rafael Albuquerque pensava, enquanto encarava, da janela de seu escritório, a cidade abaixo. Estava chovendo e os pingos batiam no vidro, escorrendo tão preguiçosamente que fazia nosso protagonista quase bocejar.
Chuva não estava entre as coisas preferidas de Rafael. Na verdade, a lista dele de coisas que adorava não era tão grande e podia ser resumida a: filmes dos anos 80, de preferência preto e branco e sem um final glorioso (e, às vezes, nem uma história em si gloriosa); maquetes e projetos novos, especialmente de casas com um terreno grande que desse liberdade ao homem racional encontrar um bom espaço para criar; dias de sol e céu azul, para combinar com seu humor de quase todos os dias da sua vida; e paz. Paz essa que se resumia: manter-se o mais distante possível de seu pai.
Infelizmente, Belo Horizonte não era assim tão longe de Ponte Belo, a cidade que seu pai morava. E isso poderia explicar porque o homem estava sentado do outro lado da mesa de trabalho de Rafael, com um terno muito caro, a cara tão lisa quanto um rosto de um homem de cinquenta anos poderia ter, e a voz tão glacial que fazia a chuva do lado de fora ser muito mais tentadora para o homem que adorava dias de sol.
— Você está me ouvindo? – Olavo disse, com seu toque típico de irritação que sempre usava para se referir ao filho mais velho.
Filhos mais velhos costumam ser os mais desejados.
De um modo geral, às vezes eles são os únicos planejados da família, e, por tudo isso, sofrem com maior intensidade a idealização e o planejamento de sonhos dos pais para si. Está tudo bem se você não sai muito dessa linha e não rompe com seus progenitores toda as expectativas que eles, gentilmente, por te amarem demais, depositaram em você.
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Rafael e Outros Cálculos Errados
Short Story(SPIN-OFF PROMOCIONAL DA HISTÓRIA "AS ESTRELAS SABEM" - em breve, na Amazon) Rafael Albuquerque é um cara de sorte - ou, ao menos, é isso que ele vai te fazer enxergar. Filho mais velho de uma família rica, engenheiro civil em ascensão dentro da emp...