II - Relógios

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  Sua rotina sempre é a mesma: primeiro acorda com o grito de sua "dona" querendo que a garota lhe sirva café; logo em seguida, espera as coordenadas de sua patroa; e por ultimo, limpa toda aquela manção.

  Talvez a quantidade de tarefa seja pouca, mas são todas exaustivas. Estar sempre limpando a casa e à disposição de sua "dona" é cansativo.
 

Poucos amigos tinha, mas muitos olhares ela atraia. Com seu sorriso cativante que escondia sua tristeza.
  Desolada e infeliz, mas ela possuía um brilho no coração. Um brilho que refletia toda a sua compaixão por outros.
  Muitos homens a olhava com outros olhares, com admiração à sua beleza incomparável. Mas esta linda moça virgem, já perdeu seu coração junto aos seus pais.
  Parece que nem o tempo podia lhe consolar.
  Esta noite, cansada novamente foi para seu pequeno quarto. Ao chegar já banhada e de pijama, foi dormir. Após pouco tempo, ouvi-se o tic-tac de um relógio. Ela achara estranho por não possuir nem um relógio.
  Ao levantar, percebeu que não era apenas um relógio, mas sim, vários espalhados no cômodo. Os segundos e seus sons eram sincronizados.
  Isabella levanta-se da cama, e começa a andar lentamente em direção a um relógio. Ao toca-lo, todos os despertadores tocam, e derrepente, seus ponteiros começaram a girar em anti-horário rapidamente.
  Tudo estava esquisito. Será mais um sonho? Foi nessa hora que o chão de piso de madeira começou a tremer bruscamente.
  Ao virar-se, o chão se estabeleceu. Mas o que imprecionou, foi não estar mais em seu quarto.
  Havia uma varanda, e Bella curiosa foi até a mesma. Estava escuro, e apoiou-se nas pequenas grades da varanda. O vento soou a balançar seus cabelo castanhos, e seu vestido de pijama azul levantava.
  A mesma evitou que ele ergue-se, e ria. Ria muito, pode-se considerar ser a primeira vez que rir verdadeiramente. Ao virar-se, viu um grande estrondo.
  Ela estava na torre mais famosa de Londres, onde ela morava: o Big Ben. A verdade é que nunca gostou de relógios. Mas este imprecionava.
  O estrondo que escutara, era as dose batidas da meia-noite. Porém, veio à mente a pergunta:

"Como sairei desta torre?"

  Virou-se, olhou para baixo frustrada e viu o quanto alto era a torre. Os carros embaixo passavam. Poucos, por conta do horário.
  Veiu à mente pular. Era uma atitude de loucura e desespero, mas neste momento se adequava à seu semblante.

  - Shiiiiiii! Não faça isso. - um homem alto, vindo da escuridão, com as duas mãos cobrindo seus olhos a ordenava. Com sua boca perto de sua orelha, podia-se ouvir a sua respiração.

   - Deixe que o tempo acabe com isso definitamente. - Esta é a última frase que o desconhecido diz antes que pule com a garota ainda fechando seus olhos.

  Nada de gritos, sustos ou medo. Os dois caiam da torre de 96 metros de altura. Seu vestido voava na queda.
  Sem gritos, sustos ou medo. Estava livre. Cansada estava dessa vida que ela tanto detestava.
  Não aguentava mais sofrer com as únicas lembranças dos pais; não aguentava mais estar nas mãos daquela que mal a tratava.
  Estava cansada. Mas será que acaba por aí?

Senhor do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora