Capítulo 3 - Pés no chão

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“ Não tenho, como dizem no popular,  os pés no chão. Quero voar, quero  sonhar, não quero me acomodar. Tenho pena das pessoas que os têm. Porque elas são tristes, acomodados, se deixam levar pela dança alienante  da rotina. Na verdade, tenho raiva  dessas pessoas. Porque têm sempre a mania de se meter na vida dos outros, cheios de conselhos preciosos. Deixem-me estragar a minha vida em paz. "

  Não sou um indivíduo que se diz ter  os “pés no chão”.  E não o pretendo ser. Essas pessoas tem correntes nos pés amarradas a bolas de ferro que não a permitem alçar vôo. Não saem do lugar e não conseguem fazer nada para sair, pois têm a ilusão da segurança no estado inerte  em que estão. Têm uma vida planejada desde o berço. Mesmo com todo o planejamento não atingem nunca a felicidade que almejam, pois são incapazes de sair da sua zona de conforto. POBRES COITADOS! FORAM  ENGANADOS!

  Vivemos a vida inteira preocupados com o nosso amanhã. Desde a escola já nos preparamos para entrar na faculdade. Na faculdade nos preparamos para garantir um excelente emprego. No emprego nos esforçamos para sermos o melhor, até que descobrimos que o sucesso não existe. OS PATRÕES MENTIRAM! NOS ILUDIRAM! PORCOS!

  E aí nos resta viver o que sobrou da nossa vida, os últimos anos,  quando já não temos tempo nem saúde para fazer o que queríamos quando jovens. Vivemos arrependidos por termos “despertado” tarde demais. TALVEZ EM OUTRA VIDA TUDO SEJA DIFERENTE! NUMA OUTRA ENCARNAÇÃO…SE EXISTIR.

  Mas o que era pra ser usado como  ensinamento para nossos filhos e netos é suprimido, se torna uma utopia. E aí investimentos em colégios caros e cursos de especialização, e,  também, compramos um pouco de diversão alucinante para aliviar o estresse da rotina. Ensinamo-os a terem os pés no chão, igual tivemos. Ensinamo-os a serem os mesmos escravos que nós fomos. Pessoas frias, vazias, sem sonhos. SEM VIDA!

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