É madrugada do dia 24, o pai de Carla está chegando em casa, ele vai até o quarto da filha, ao escutar seus passos, Carla apaga a tela do celular e fecha os olhos na tentativa de evitar ter que conversar com o pai, cansado Roberto nem percebe que ela está apenas fingindo dormir, ele apenas pega o cobertor que estava quase no chão e a cobre direito, dá um beijo em sua testa e vai para o seu quarto ver sua esposa. Assim que seu pai sai do quarto Carla volta a trocar mensagens com algumas das pessoas que vão à festa, ela precisa arrumar alguma maneira de dizer que não vai, mas, a cada mensagem que aparece na tela de seu celular, Carla fica mais empolgada para ir e, por fim, não fala nada sobre não ir.
Amanhece, são seis horas da manhã do dia 24 de dezembro, Carla vai até a cozinha para tomar café, seu pai já foi para o trabalho de designer na empresa, e sua mãe ainda não acordou para ir ao seu consultório de oftalmologia, a garota pega uma fatia de pão de forma e passa manteiga, come tudo muito rápido para sair antes de sua mãe acordar, ela não quer ver Jana essa manhã já ela a proibiu de ir na festa que era tão importante para ela.
No caminho para o colégio, Carla procura sua amiga, mas ela não está no lugar de costume, Amanda achou que Carla não queria ir mais com ela até o colégio então foi sozinha mais cedo. Carla chega na escola e algo incomum acontece, uma garota chamada Jennifer e uma cara que ela nem mesmo sabe o nome vão até sua direção e começam a falar com ela:
— Oi Carla, eu queria saber com qual roupa você vai na festa, você vai de vestido? — Jennifer pergunta.
Carla tem pouco tempo para pensar e, ao invés de falar que não vai, ela diz:
— Ah, oi, eu vou de vestido mesmo, e você?
— Eu acho que vou por uma saia — Jeniffer responde e completa — o seu vestido não é longo né?
Da uma risada e vai embora, Carla acha a pergunta estranha, apenas não mais estranha que aquele cara, "quem era ele" pensa.
Na aula de gramatica, a única coisa em que Carla consegue pensar é em como ir à festa sem que sua mãe descubra, então, depois de um tempo se concentrando na solução do seu problema, ela tem uma ideia, ela decide que vai ir e ficar até ás 22:30, assim ela poderia aproveitar um pouco e não seria pega pela sua mãe que sempre volta ás 11 da noite para casa.
Bate o sinal, é hora de sair do sofrimento que é a escola e ir para próxima tortura: a aula de espanhol. Cansada, ela vai indo a pé bem devagar quando, de repente, Jennifer aparece em um carro com o cara estranho de motorista, ela pergunta:
— Quer uma carona Carla?
Ao ver a cara de estranhamento de Carla, Jennifer percebe que é por causa do seu motorista, então fala:
— Relaxa, ele tem carta, ele só repetiu alguns anos, vamos, onde você vai?
— Vou para o meu curso de espanhol — responde
— Aí, isso é chato, vamos, entra que a gente vai comprar roupas novas
Carla até pensa na ideia, mas lembra que as faltas no curso são pagas, então inventa uma desculpa e responde:
— Não dá, não tenho dinheiro comigo pra comprar roup...
Jennifer nem se quer espera ela terminar de falar e vai embora.
No curso de espanhol não há muito o que fazer enquanto o professor não chega, então, olhando pela janela, Carla começa a imaginar como vai ser a festa, mas é interrompida com o começo de uma leve chuva de verão, ela não está mais afim de ir, pensou um pouco no que Amanda disse no outro dia e percebeu que é verdade, mas ainda é mais fácil mentir para sua mãe do que não ir à festa depois de ter dito que ia.
Carla, já em casa, fica esperando o relógio mostrar 20 horas, que é quando a festa começa, ela começa a ir em direção a porta da frente um pouco relutante, mas ela não quer parecer chata por não ir, então sai pela porta da frente de sua casa e vai em direção à rua, Carla mora na última casa de uma das ruas mais compridas da cidade, mas para sua sorte, Sandra mora na mesma rua, ainda é um pouco longe de sua casa já que Sandra mora na terceira residência da rua. Já são oito e dez, Carla bate na porta e Sandra a atende.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chuvas de Verão
Novela JuvenilUma jovem garota comete suicídio e, para descobrirmos seus motivos, voltamos aos seus últimos verões e observamos sua caminhada em direção ao fim..