Five years later

Maggie

  — Ok, alguma coisa aconteceu, o que foi?

Bom, não era assim que pretendia iniciar uma conversa com a Kara, mas desde da hora que voltei de viagem e atravessei a porta do meu apartamento, percebi que ela estava estranha. Não parava de falar um minuto sequer e sempre gesticulando com as mãos de uma maneira quase agressiva.

— Nada está acontecendo. Está tudo normal. Normalmente normal. — Kara falou tão rápido e embolado que isso refletiu em seus gestos e ela acabou batendo sem querer em um abajur que tinha que tinha em cima da mesinha ao lado do sofá. — Droga! Desculpa, não foi minha intenção.

Vi que ela iria se agachar para recolher os cacos do abajur, mas eu a impedi.

— Deixa para lá. Eu nem gostava tanto desse abajur — Disse dando de ombros. Mentira, eu amava ele. Tinha o comprado há 2 anos em uma das viagens que tinha feito a China. — Me conta o que está acontecendo, Kara. Desde que voltei você está estranha, quero dizer, estranha bem mais que o normal.

Ela me pegou pelo pulso e me levou até o sofá.

— Está bem, eu conto. Já não aguentava mais guarda isso de você. Mas antes me promete que não vai surta?

Me pediu usando aqueles olhos de cachorrinho que ela sabe que nunca consigo resistir. Ok, o assunto é realmente seria. Parecia até que ela ia me contar que estava grávida.

Oh, meu Deus! Ela tá grávida?

— Oh, meu Deus! Você está grávida? — Pergunto saltando do sofá.

— Por, Rao! Não! Eu não estou grávida. — Ela respondi de olhos arregalados. — Como diabos isso possou pela sua cabeça? Quer saber, não importa. — Ajeitou o óculos nervosa.

Solto a respiração e volto a sentar no sofá.

— Graças a Deus. Então, o que é que está acontecendo que merece todo esse suspense?

Vejo ela suspirar e mexer no óculos que já estava perfeito.

— Enquanto você estava viajando, aconteceu uma coisa, ou melhor, alguém que conhecemos voltou a cidade.

— Quem?

— Maggie. — Respondeu nervosa.

— Ok. Está tudo bem, Kara. Não é nada demais. — Eu realmente estava torcendo para que meu rosto não demonstrasse a surpresa e o choque que aquela notícia me causou. Mas tenho certeza que meu coração me entregou pelo olhar preocupado em seu rosto.

— Alex, eu... — Interrompi sua fala me levantando do sofá. Ela logo acompanhou meu gesto.

— Está tudo bem, Kara — Repeti o mais firme que pude. — Hoje foi um dia cheio e eu só quero minha cama agora. Até logo. — Lhe dei um sorriso que saiu mais como uma careta. Ela não disse mais nada, apenas acentiu em concordância, se despediu e foi embora. Antes de sair vi a preocupação em seu olhar.

Ok, eu não estava nada bem. Eu sei, já se passaram cinco anos, mas só de ouvir aquele nome já sentia meu coração disparar e agora que sei que ela voltou sinto como se tivesse se tivesse prestes até um ataque cardíaco.

                                                                                                 ****

Mesmo tendo passado quase 72 horas desde que tive uma noite de sono quase adequada, essa noite ainda sim estava sendo regada de insônia. Se nas outras noites o que povoava meus pensamentos eram coisas relacionadas ao trabalho, hoje foram memórias guardadas no fundo de minha mente. Lembranças que eu pensava já estarem esquecidas a muito tempo retornaram com força que me fizeram ter vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.

Olhei o relógio que fica ao lado da cama, 03:12 da madrugada. Fechei meus olhos mais uma vez tentando dormi, mas tudo que conseguia eram lembranças ainda mais vividas passando em minha cabeça como um loop infinito.