Capítulo 6

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Uma Doença Misteriosa


Sara acordou com o som estridente do despertador, mas suas pálpebras pesaram e ela apenas conseguiu abrir os olhos com muito custo. Alongou os músculos, na tentativa de espantar a preguiça. Falhou miseravelmente, porém, e apenas não voltou para a cama porque Thiago colocou metade do corpo para dentro do quarto.

— Bom dia, Bela Adormecida. Já ativou a soneca desse celular umas três vezes. Vamos chegar atrasados.

Ela arregalou os olhos em um instante, encarando a porta mesmo depois de ele ter voltado ao corredor em direção à cozinha. Sara ouvia os sons dele fazendo o café da manhã enquanto ainda tentava entender como fizera aquilo sem registrar o fato.

Ultimamente, estava mais cansada que o normal. Desde aquela investigação estranha no meio da mata, algo mudara. Ana Maria se recuperara, embora seu estado ainda inspirasse cuidados, já Sara se tornara outra pessoa.

Tinha sonhos ainda mais estranhos — e que pareciam muito realistas — em que encontrava o dono dos olhos vermelhos que a observavam na noite. Não raro, acordava com medo e se recusando a pregar os olhos, o que talvez explicasse seu cansaço físico.

Andava distraída e se sentindo doente, especialmente depois que um ladrão roubara sua bolsa, levando embora também seu melhor amuleto. Já pedira outro na sede da Sociedade, porém era uma magia específica. Ainda levaria um pouco de tempo até que estivesse de novo com o único objeto capaz de devolver sua sensação de segurança, que há muito parecia perdida.

Sara levantou da cama arrastando os pés e foi até o banheiro, na esperança de que a água fria amenizasse a situação. Tomou banho, escovou os dentes e jogou mais água no rosto. Era como se o esgotamento fosse uma capa pesada a envolvê-la, um fantasma que não iria embora.

Sua saúde também não ia muito bem das pernas e apenas se deteriorava conforme os dias se passavam. E isso que se passaram pouco mais de sete ou oito dias desde que aquelas sensações estranhas haviam começado. Precisava ver um médico com urgência!

Começou a se vestir ainda com os movimentos lentos e os membros pesados, e tentou afastar o pensamento de que aquilo não acabaria bem. Bocejou duas vezes antes de chegar à cozinha e a cara que Thiago fez ao colocar os olhos nela foi a gota d'água.

Assim que colocasse os pés na sede, iria direto à enfermaria. Precisava resolver aquilo de uma vez.

Antes que piorasse.

O exame fora minucioso assim que ela mencionara os sintomas

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O exame fora minucioso assim que ela mencionara os sintomas.

O Dr. Mendes checou sua pressão e batimentos cardíacos, perguntou seus hábitos e o que de diferente acontecera em sua rotina nos últimos dias. Por fim, passou alguns exames que ficariam prontos dentro em breve.

Contudo uma pergunta a alarmou:

— Tem se protegido contra vampiros, não tem?

Sua mente lenta a impediu de responder prontamente.

— Perdi meu amuleto, estão confeccionando outro. — Mais lenta ainda viera sua pergunta: — Por quê? O doutor acha que pode estar relacionado?

— Sara, vou ser bem sincero. Seus sintomas indicam anemia profunda. Vai precisar de vitaminas, alimentação balanceada e rica em ferro por algum tempo. Talvez, até uma transfusão. Todo esse sangue não simplesmente desaparece do corpo. Você perdeu de algum modo, mas não temos nenhum motivo para isso e você não tem nenhuma marca ou ferimento que justifi- — Ele arregalou os olhos e a encarou como se uma lembrança passasse por sua mente. O médico adotou o tom paternal que costumava usar com seus pacientes mais jovens: — Querida, foi você que se machucou naquela primeira incursão, não?

— Sim, mas...

— Posso ver seu braço?

— Claro — ela respondeu e levantou a manga esquerda da blusa branca que usava.

Não reparava mais no corte nem na dor. Na verdade, eles tinham desaparecido algumas noites atrás e ela estava tão cansada que sequer se preocupara em tirar as bandagens para ver. Não lembrava de alguma vez ter lançado um novo olhar ao machucado para verificar o que estava acontecendo nem mesmo para tomar banho.

Se bem que... Precisava admitir que não andava se lembrando muito bem das coisas ultimamente.

O médico desfez o curativo com calma e cuidado, para não machucá-la, o que sequer foi necessário. Quando ele deixou cair a atadura, ela olhou atônita para a pele perfeita do antebraço, livre de sangue seco, corte ou marca.

Não havia nem mesmo uma cicatriz. Era como se ela tivesse sonhado com o ferimento e ele nunca tivesse sido real.

Sara ainda olhava o local onde um dia a lâmina rasgara sua carne quando ouviu o dr. Mendes voltar a se sentar à sua frente.

— Estavam caçando uma bruxa que queria acordar um vampiro, certo?

— Isso, só que-

Ele pegou o telefone e discou cortando seu relato. Parecia preocupado.

— Prates? — O que ele queria com a subdiretora? Ela continuou ouvindo. Ele pediu: — Venha até meu consultório, por favor. É sobre a Sara Matos. — Pausa. — Isso mesmo. — Outra pausa. — Certo, certo. Ela está aqui. Estamos esperando. E é urgente!



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Se esta não fosse uma história séria, acho que o nome desse capítulo seria "Uma Treta Fortíssima" :v

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