Capitã Johnson
Ter um momento intimo interrompido por uma rajada de balas não era nada excitante nem romântico. Pensei disparando minha, nove milímetros. A casa estava muito bem protegida e vigiada, porém minha distração no monitoramento poderia custar à vida de quatro pessoas. O reforço da minha equipe já havia sido acionado por mim e estava a caminho. Senti a adrenalina fluir pelo meu corpo, como uma droga poderosa. Fazendo meus reflexos ainda mais ágeis. Do meu ponto de defesa, atacava os invasores. Os projeteis da minha pistola rasgavam o ar fazendo um zumbido seco enquanto eu observava Phillip revidar poucos centímetros de mim.
Ele se recusara a ficar em seu quarto, ou no esconderijo subterrâneo em sua propriedade. Afirmou que não adotaria a postura da mocinha indefesa presa na torre. Discutimos, porém sua teimosia e a urgência de uma atitude defensiva diante dos fatos imutáveis eu autorizei que nos ajudasse. E sua pericia com a arma de fogo me impressionou. Seu sorriso cínico e prepotente de quem se achava capaz de lidar com o que acontecia me fez lembrar-me de um dialogo nosso nos primeiros dias de convivência.
Flash On:
Verificava novamente o perímetro quando senti a presença de alguém a minha retaguarda. Girei em meus calcanhares e fitei o lindo homem a minha frente.
– Você agora será minha sombra? – perguntou com um sorriso torto. Cínico.
– Não. Sua sombra não. – respondi calma. Mas sentindo a boca seca.
– Mas você não vai estar em todos os lugares que eu for? – questionou-me fingindo-se de inocente.
– Tecnicamente sim. – respondi dando de ombros.
– Então, será minha sombra. – afirmou.
– Se o senhor diz. – disse achando a conversa sem sentido.
– Sabe o que me deixa curioso? – voltou a indagar.
– Não. – respondi hesitante.
– Você vai estar comigo 24 horas então... Isso significa que, até no banho e em minha cama você também estará presente. Interessante. Muito interessante. – constatou com malicia.
Arrepiei-me.
Mas minha voz é acusatória, e sem traço algum de afetação.
–O senhor não esta levando sua situação a serio não é?
– Não se trata disto. – disse defensivo.
– Se trata do que afinal? – perguntei séria. Encarando-o com intensidade.
– De que não preciso de nada disso. - disse sério apontando para a câmera em minhas mãos.
– O senhor quer morrer? – perguntei estupefata pelo pouco caso que aquele homem fazia da própria segurança.
–Não, logicamente que não. Mas a morte é consequência de quem está vivo. Afinal, para se morrer basta estar vivo. – disse despreocupado.
A conduta nociva do promotor me enervava. E não medi palavras quando lhe retruquei:
– É alguém tão orgulhoso que não aceita ajuda de outras pessoas é isso senhor? Tudo se resume a orgulho?
–Não, tudo se resume a fé. E a crença em justiça.
Sua resposta me deixou sem palavras então acompanhei com meus olhos ele se afastar.
Flash Off.
Eu deveria saber que estava me metendo com um homem por demais determinado. E orgulhoso.
–Capitã! Capitã!
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O Promotor
RomancePhillip Powell é um promotor conhecido como linha dura (cascudo) e de moral ilibada. Sua fama de honra e justiça era demita e respeitada por todos que faziam parte da profissão e fora dela. Sua vida é tranquila até mesmo com as ameaças de morte con...