— Você está pronta, querida? — Paul perguntava a sua esposa enquanto colocava, com grande dificuldade, a sua gravata borboleta.
Grace Collins estava esplêndida. Usava um vestido longo azul marinho e joias tão brilhantes que poderia cegar qualquer um que ousasse olhá-las.
O quarto do casal estava impecável como todos os cômodos de sua humilde casa. Os Collins eram uma família comum e muito unida de uma pequena cidade no interior de Seattle.
— Estou. Só falta dar uns retoques e... — antes de completar, no entanto, Paul a interrompeu e lhe deu um beijo, sorrindo.
— Você sabe muito bem que não precisa retocar nada. Você está linda.
Os dois sorriram como na primeira vez que se conheceram. Os corpos se aproximaram, deram as mãos e quando seus rostos estavam se encontrando um barulho chamou atenção.
— Eu acho que não vou conseguir "desver" esta cena! — brincou uma garotinha. Ela devia ter quinze anos. Parecia uma fada dos filmes da Disney. Seu rosto parecia de porcelana, seu corpo esguio e miúdo. Seu sorriso era carinhoso que, no dia mais triste, poderia alegrar qualquer um.
— O que você quer, Alice? Não adianta pedir novamente, vocês não podem ir na festa. — retrucou Paul fazendo seus últimos retoques e indo em direção da porta.
— Mas, pai...as pessoas mais legais da cidade estarão lá, e o mais importante: terá comida de graça! — riu Alice, enquanto um rapaz franzino passava por eles pelo corredor.
— Concordo com ela, pai. E o pessoal da escola estará lá. — o rapaz tinha o mesmo tamanho de Alice, um sorriso parecido, mas diferentemente dela, o rosto era travesso e parecia que gostava de aprontar muitas confusões.
— Quantas vezes preciso dizer que não terão crianças na festa. São só adultos, meus amores. Todos estarão em casa esperando o Papai Noel, como vocês. — retrucou Grace e os beijou na testa. E de repente, a campainha tocou. — Acho que a babá de vocês chegou.
— NÃO! — exclamaram os dois ao mesmo tempo e Alice completou. — Não precisamos de babá. Não somos mais crianças, mãe.
— Não confia na gente? — completou o irmão.
— Precisa mesmo de uma resposta, John? — desenhou Grace que desceu bateu na porta de um outro quarto. Então, uma jovem apareceu. Usava fones de ouvido e uma camisa larga estampada. Era a mais velhas dos dois irmãos.
— Já estamos de saída, Julie.
— Tá legal. — quando ia voltar para o seu quarto, Grace tirou seus fones.
— Nada de Will em casa. Quero que você durma cedo. E tome conta dos seus irmãos.
— Ok. — respondeu Julie. — Mas, a babá está sendo paga para isso, porque devo tomar conta deles?
— Porque são seus irmãos.
— Deixa ela tomar conta da gente. Não precisamos de babá. — comentou John.
— Não quero que ponham fogo na casa. — completou Grace. — Na última vez vocês quase a destruíram.
— Mas, foi sem querer.
— Derrubar um prato é sem querer. Agora, andar de skate em casa, e usar o corrimão como "rampa"...Isso não é "sem querer". — brigou Grace descendo as escadas com as três crianças juntas.
A sala era bem confortável e espaçosa. A Árvore de Natal ocupava grande parte dela e reluzia bastante com seus pisca-piscas. A chaminé estava acesa, pois nevava do lado de fora e fazia bastante frio naquela noite de véspera-de-natal.
A babá conversava entusiasmada com o senhor Collins. Era uma mulher que devia ter trinta anos. Tinha cabelos encaracolados e o corpo negro. Seus olhos eram verdes oliva e usava um macacão jeans com uma blusa vermelha.
— Obrigado por aceitar o trabalho hoje. Sei que é um dia difícil. — completou senhor Collins quando Grace se juntou a conversa.
— São estes os meus docinhos? — brincou a babá. — Prazer, me chamo Penny.
— Se comportem, ouviram? Chegaremos às dez horas. — então Grace voltou-se para Penny. — Muito obrigado, qualquer coisa que precisar é só me ligar.
— Não se preocupem, estarão em boas mãos.
...
— O que vocês querem fazer? — perguntava Penny para os três jovens que estavam sentados, entediados, em frente a lareira. A televisão não tinha muita coisa para ver, John estava enjoado dos seus jogos e queria muita estar comendo doces e um prato farto na festa de natal da escola. Alice conversava com seus amigos no celular e Julie, secretamente, marcava de ver seu namorado.
— Acho que estamos bem. Se quiser tirar um cochilo, fique à vontade. — disse Julie, voltando-se para o celular.
Penny olhou e um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. De repente pegou um livro grande de sua mochila e sentou-se em um poltrona que ficava de frente para eles.
— Que tal escutar estórias?
— Você ainda não percebeu que não somos crianças? — retrucou Julie.
— Mas, isso não são contos de fadas... — completou Penny ainda com o sorriso. — Não gostariam de ouvir estórias de terror?
Os olhos de Alice e John brilharam. Então deixaram suas coisas de lado e voltaram a sua atenção para a babá, enquanto Julie continuava com seu celular.
Penny abriu o livro que parecia ser bastante velho. A capa era de couro e havia dizeres em uma língua bem estranha.
— Esses são os contos que escrevi. E vamos começar com um rapaz que era bastante apaixonado por uma garota e que faria qualquer coisa por ela. — De repente, Julie parou de digitar e encarou Penny. — Acho que você vai se interessar por este,senhorita Collins.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Contos de Penny
HorrorTrês crianças passam a Véspera de Natal em casa sendo observadas por uma babá chamada Penny. Eles não estão felizes, pois não puderam ir à festa com os pais. Então, Penny começa a contar estórias de terror para animá-los. São 5 contos de arrepiar. O...