Capítulo 02

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Ouvir minha mãe falar aquilo me doeu de uma forma que eu não imaginava. E se ela fosse mesmo embora? Como eu iria ficar?

Eu realmente era um tanto egoísta, admitia sem pudores. Minha mãe claramente estava passando por um momento difícil e tinha a audácia de pensar em mim. Ela estava muito mal, a exaustão era estampada em seu rosto. Naquele momento decidi que era melhor parar com aquele assunto por ali... pelo menos por aquele dia.

- O que a dona Elena fez para jantar? - perguntei desviando do assunto, o que minha mãe pareceu agradecer internamente.

- Eu dispensei a Elena. Eu que cozinhei hoje, precisava me distrair. - Clara sorriu sem jeito e eu apenas assenti.

Eu me deliciei com espaguete de abobrinha maravilhoso que minha mãe havia preparado. Ficamos conversando por algum tempo sobre assuntos aleatórios, mas não falamos mais sobre a separação dela com meu pai. Depois de um tempo, minha mãe avisou que iria para os seus aposentos descansar, mas eu permaneci mais um tempo ali, logo ouvindo o barulho da porta principal sendo aberta. Encaminhei-me até a sala apenas para constatar que era meu pai... Completamente bêbado!

Meu Deus! Seria aquele o motivo da minha mãe querer ir embora?

- A farra foi boa, hein? - provoquei-o. Estava inconformada com a decisão de minha mãe, e tinha certeza de que a culpa era dele.

- Não venha... dá uma de boa moça. Você é pior do que eu - falou arrastado. Típico de bêbado.

Apenas dei uma risada debochada, enquanto subia as escadas em direção ao meu quarto.

...

Acordei cedo no dia seguinte decidida a não ir trabalhar. Sentia a necessidade de terminar a conversa que havia começado na noite passada com minha mãe. Fiz minha higiene matinal, e após estar devidamente vestida, desci as escadas e fui a caminho da sala de refeições. Logo avistei meus pais tomando café em completo silêncio.

- Bom dia - falei logo puxando uma cadeira, sentando-me logo em seguida.

- Bom dia! - os dois responderam em conjunto.

Luíza - nossa empregada - se pôs a me servir. O cômodo estava em um silêncio um tanto desagradável. Clara parecia querer sumir dali, e eu ainda me questionava internamente o motivo. Eu merecia uma explicação, afinal, eu era filha dos dois. Fiz minha refeição quieta, até meu pai levantar-se para sair.

- Quer uma carona até o banco? - falou referindo-se a mim.

- Hum, não! Eu não irei hoje, tenho uns assuntos para resolver.

- Você sempre tem. - falou com descaso, e saiu logo em seguida.

Minha relação com meu pai estava um tanto estranha ultimamente, mais do que de costume. Mal nos falávamos, e praticamente só nos víamos no banco. Eu sequer o questionava de qualquer coisa, pois nos dias atuais eu estava mais apegada a minha mãe, e era capaz de qualquer coisa para protegê-lá.

- Mãe, você está melhor? - perguntei com cautela.

- Estou sim, filha. - ela parecia querer me contar algo, e eu fiquei curiosa, mas nem precisei perguntar, pois ela logo emendou - Lauren... Eu já entrei com o pedido de divórcio. O mais tardar, até próxima semana eu já estarei divorciada de seu pai.

Engoli em seco. Então, ela faria aquilo mesmo? Eu estava atordoada com aquelas informações. Meu pai estava mais distante de mim sim, mas eu o amava assim como amava minha mãe.

Mas a pergunta que não saía da minha cabeça era: Qual o motivo da separação? E foi o que perguntei a ela.

- Me fala qual o motivo, mãe. - perguntei-lhe nervosamente.

NO SENSE (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora