Capítulo 2

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Harry narrando:

- Estou saindo! - Gritei caminhando até a porta com a chave do carro girando em meu dedo indicador.

- Querido, eu e seu pai precisamos falar com você. Que horas irá voltar? - Minha mãe perguntou aparecendo na escada.

- Não tenho horas para voltar, mãe. A gente conversa amanhã.

- Amanhã seu pai quer você na empresa de manhã, não se esqueça.

Revirei meus olhos.

Meu pai sempre me queria na empresa de manhã e eu quase nunca aparecia.

- Diga a ele para não contar com isso. - Bati a porta sem lhe dar tempo de protestar.

Eu não sou o típico garoto rebelde, revoltado com a vida, mas as vezes acho que meus pais nunca tiveram adolescência. Eles são tão caretas...

Pra mim, jovens da minha idade tem mais que se divertir. Não dá para aproveitar a vida e trabalhar ao mesmo tempo.

Enquanto tiver quem faça isso por mim, eu não irei o fazer. Minha mesada garante que eu tenha uma vida melhor do que muita gente aposentada que passou a vida inteira trabalhando. Está para nascer quem me faça pensar diferente.

Parei o carro na frente de uma casa e buzinei. Um segundo depois, Tifanny saiu com seu salto agulha e um shorts deixando claro que faltavam centímetros de tecido.

Peguei no paninho que costumava levar no carro para limpar o vidro quando ela abriu a porta.

- Boa noite, amor. - Ela se inclinou sobre a marcha para me beijar, mas eu virei o rosto e estendi o pano para ela.

- Limpe a boca primeiro.

Ela piscou por um segundo sem entender. Então pegou o pano e tirou o batom vermelho sangue da boca.

Garota ridícula. Achava que eu era idiota o suficiente para não perceber que só estava comigo por causa do meu dinheiro. Se não fosse tão boa na cama, eu já teria a chutado há muito tempo.

- Melhorou? - Perguntou.

Como resposta, eu a puxei pela nuca e a beijei.

                 *~*~*~*
O apartamento tinha estilo, eu devia admitir.

Okay, não chegava nem aos pés do meu quarto, mas no mínimo tinha seu estilo com móveis variando entre várias tonalidades do preto com o branco.

Soube que ele pertencia ao um novo aluno que acabará de entrar na universidade onde estudou. Eu nunca o vi. Aliás, nem sei o seu nome, mas dar uma festa foi o jeito que ele encontrou para se enturmar.

Bem pensando.

Dei um jeito de me separar da Tifanny assim que chegamos, e depois de alguns minutos, eu já tinha perdido a conta de quantas bocas havia beijado.

Havia acabado meu segundo copo de tequila quando ouvi alguém esmurrando a porta.

Eu ri. A música estava tão alta, que a pessoa do outro lado podia, facilmente, perder a festa inteira sem que ninguém a ouvisse.

Coloquei o copo vazio sobre a mesa e abri a porta. Por pouco, a garota de longos cabelos negros, não caiu em meu colo.

- Wow... - Sorri e a segurei. -Já bebeu antes de vir? 

Seus olhos azuis piscaram para mim e ela ficou paralisada, como se estivesse esquecido onde estava a parte lógica de seu cérebro.

Lutei contra o impulso de revirar os olhos. Eu já estava no mínimo acostumado com esse tipo de reação quando se tratava de pessoas do sexo feminino.

Em vez disso, prestei atenção na roupa em que ela havia escolhido e tentei não rir.

- Não é festa do pijama. - Informei.

Mas eu devia admitir que ela estava bastante atraente daquele jeito. Era uma blusinha e um shortinho rosa, folgados. Por um instante imaginei como seria o corpo por baixo do tecido leve.

Ela olhou para baixo e eu pude ver o constrangimento descrito em seus olhos quando se voltou pra mim.

- Eu preciso estudar. - Mudou de assunto falando firme, mas não conseguiu esconder a suavidade da voz.

Oh, sério?  Nós podemos jogar o mesmo jogo...

- Então sinto informar, mas você veio ao lugar errado.

Ela sorriu irônica.

- Que engraçadinho... quero que vocês desliguem o som.

Ah, claro. Ela devia ser a filha de quem meus pais se orgulhariam.

Tentei convidá-la para entrar, mas seu gênio me surpreendeu: forte e implacável. Ela era insistente, e eu não sabia se isso me agradava...

- E se eu negar? - Perguntei.

Ela fez um comentário qualquer sobre pessoas que tinham compromissos no dia seguinte e eu ri alto.

- Isso é uma festa, meu anjo. Não existe festa sem música alta.

- Primeiro, eu não sou seu anjo. Segundo, se vocês não baixarem eu vou ter que tomar minhas providências.

Sua resposta me surpreendeu. Aliás, as duas.

Providências contra mim? Só pode ser piada...

- Tipo o que? Vai chamar a polícia? - Ela não respondeu. - Vá em frente. - Desafiei.

Ela ainda insistiu mais algumas vezes, mas se ela achava que era teimosa, é porque ainda não me conhecia.

- Posso acabar com isso em dois tempos. - Disse por fim.

Garota marrenta. É isso, decidi. Eu não gostei dela.

Ela até podia ser bonita com seus olhos azuis determinados e seu cabelo negro longo, mas seu jeito de certinha acabava com qualquer beleza.

- Tenta a sorte. - Tentei soar frio, mas o que saiu foi o tom que uso quando estou discutindo com meu pai.

Ela bufou e virou as costas, descendo as escadas com raiva.

Balancei a cabeça e fechei a porta. Quando me aproximei da caixa aumentei o som até o último volume, recebendo como agradecimento o grito satisfeito dos alunos embriagados espalhados pelo apartamento.

O preço da Felicidade {H.S}Onde histórias criam vida. Descubra agora