3 - CORAÇÃO DISPARADO

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Saber que o destino é um filho da puta as vezes todo mundo sabe. Reencontros podem ser bons, em grande parte são, afinal a saudade é algo doloroso. Há quem discorde, uma dessas pessoas é Anne Simons. A loira acordou naquele dia mais frustrada do que quando não gozava.

Seu corpo tinha os sinais da noite de sexo, uma marca no pescoço, outra perto do seio, e sua intimidade ardia devido a brutalidade das estocadas, ela sorriria satisfeita, isso se não fosse as circunstâncias, porque ao se olhar no espelho, viu o medo, estava amedrontada por não conseguir mais, amedrontada com a possibilidade de fraquejar novamente, porque aqueles cinco meses foram os piores da sua vida, encontrou no sexo uma alternativa, mas e agora sem ele o que ela faria? E com esse pensamento tomou um banho e colocou seu vestido vermelho, pegou sua bolsa e jaleco e saiu do apartamento, como sempre atrasada.

Chegou ao trabalho e apenas cruzou a rua para comprar seu café preferido. E como sempre encontrou Ester pelo corredor.

- Ei, bom dia.

- Bom dia. _ A legista respondeu sem a animação de sempre, ela não tinha motivos para sorrir.

- Noite difícil?

- Mais que isso.

- Desculpa. _ A investigadora fica sem graça.

- Não peça desculpa, Ester, você não tem nada a ver com isso. _ Anne fala e logo depois se arrepende. – Olha, me desculpa, eu estou realmente em um péssimo dia e antes que eu fale alguma besteira é melhor eu sair, não queria te tratar mal, desculpa.

- Tudo bem, ah, terá uma reunião do Andrew com todos da delegacia.

- Ele disse o motivo?

- Não, mas tem gente importante aí, homens de paletó estavam andando pelos corredores.

- Deve ser para saber do caso, se prepare.

- Eu estou preparada. Bom, é daqui uma hora na sala de reuniões.

- Obrigada.

Elas se despedem e Anne vai para a sua sala, onde encontra Peter mexendo em algumas gavetas.

- Anne, bom da.

- Bom dia, o que está procurando?

- Os arquivos daquele caso de 2013.

- Para que? _ Então ele vira e encara a amiga.

- Soube da reunião? _ Ela concorda. – Então, é o FBI, estão achando que esse caso do serial killer pode ser o mesmo, ou pelo menos alguém tentando reproduzir, as características são iguais.

- É uma possibilidade.

- Pois é, por isso a reunião, se for confirmado o FBI entra em ação, então teremos os caras andando por aí, isso aqui vai virar uma bagunça.

- Vai mesmo, olhe na quinta gaveta.

O homem o faz e logo encontra a pasta, senta na sua mesa para analisar tudo, quando se deu conta já estava na hora da tal reunião.

- Vamos lá ver o que aquele velho turrão tem para dizer.

- Se ele ouvir você falar assim dele, te demite na hora. _ A loira fala, gargalhando.

Então os dois saem, logo chega à outra sala, entram e sentam perto de Ester, que sorri fraco para a loira, Anne sempre retribuía, mas tentava não ultrapassar o limite, ainda era sã o suficiente para manter a investigadora longe. Logo veem o delegado Andrew Rey entrar. Era um homem de cinquenta e sete anos, cabelo grisalho, estava naquela delegacia desde os vinte e cinco, todos os respeitavam apesar de irem contra algumas decisões.

- Bom dia a todos. _ O delegado fala no microfone à frente de todos, a sala estava cheia. Dois homens de paletó estavam ao seu lado. – Como todos sabem temos hoje a presença do FBI, os agentes querem a nossa colaboração para um caso, sei que todos aqui irão colaborar, passo a palavra para o agente Scott que explicará tudo.

O homem negro assente a aperta a mão do delegado, que logo cede seu lugar no microfone.

- Bom dia. Serei direto. Vocês estão com um caso de um possível serial killer, em um mês houve três mortes idênticas. Isso chamou a atenção do FBI, pois há quatro anos tivemos um caso parecido, caso esse que não foi selecionado, os assassinatos simplesmente pararam. O fato é que os atuais se assemelham muito aos antigos, é um detalhe que não pode ser deixado de lado. _ Todos olhavam o homem com atenção. – Por esse motivo, vamos colocar um agente juntamente com a responsável do caso, investigadora Colins, que irá ajudá-la. _ Ester apenas assente para o homem que lhe encarava. Eles já haviam conversado em particular. – E também é de meu conhecimento que uma de minhas agentes já trabalhou aqui, por isso acredito que sua volta seja a melhor opção, assim a convivência será satisfatória, nosso objetivo e descobrir se o assassino é o mesmo, se for conseguir concluir os dois casos, conto com a colaboração de todos. O delegado Rey nos indicou a legista Simons para ser a responsável para o caso. _ Todos os olhares se voltam para Anne. – Se possível, é claro.

- Claro, estou à disposição. _ Anne fala com seu ar profissional.

- Perfeito, apenas espero que esse caso seja resolvido logo e que possamos pôr fim a esses assassinatos, sem mais lhes apresento ou volto a apresentar a agente Hamilton.

Nesse momento o coração da loira dispara, ela mal pôde levantar a cabeça para ver a mulher entrando, mal conseguia respirar, apenas sentiu Peter apertar sua mão, seu corpo lhe trair mais uma vez. A agente entrou com seu ar superior de sempre, mas não usava paletó, ela usava uma calça jeans, camisa larga preta e caturnos pretos, com a arma no coldre ao lado na cintura.

Aquela era Samanta Hamilton, ruiva de cabelo cacheado, vinte e nove anos, olhos verdes e um corpo que parava qualquer trânsito, e por fim, a maior fraqueza de Anne, pois quando elevou o olhar e encarou aqueles verdes, só conseguiu correr, suas pernas enfim atenderam ao seu pedido, ela saiu daquela sala o mais rápido que pôde e entrou no banheiro, ao olhar no espelho se viu pálida, porque Samanta estava de volta, mas dessa vez não era a sua Sam, era a agente Hamilton, uma puta agente que veio para terminar de destruir sua vida. 

Sobrevivendo ao Prazer - Tentações (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora