Prólogo

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Louise

Já era tarde quando bati na porta de Rose, minha amiga de infância. Olhei para o lado para vê se tinha alguém na rua, mas só conseguia ouvir o barulho das folhas caindo no chão. Era uma noite chuvosa, sentia os pingos de água caindo sobre minha cabeça. Estava toda molhada e morrendo de frio, quando Rose abriu e preocupação exalava nela. Ela me puxou para dentro e deu uma olhada para o lado de fora.

Eu havia conhecido Rose no orfanato, crescemos como irmãs. Os pais dela tinham morrido em um acidente e não tinha nenhum parente que pudesse ficar com ela.

Pais.

Nunca conheci os meus. Pelo que eu soube fui abandonada ainda recém nascida, o que mais aumentava a minha raiva. Nunca tive interesse de os conhecer. Ainda mais sabendo que eu havia sido abandonada. Quando era criança me perguntava o que eu havia feito a eles. Porque me abandonaram? Será que não me amava? A tia Laura – que é como chamava a doce mulher que tomava conta da gente – dizia que eu era uma criança incrível, e que deveria ter um motivo para eles me largarem ali. Mas nunca compreendi.

Ficamos ali até completarmos 18 anos, sem saber para onde ir. Não tínhamos ninguém, nem mesmo uma amiga. Começamos a trabalhar muito cedo, sempre fomos muito próxima uma da outra. Nunca escondi nada dela. Quando conheci Oliver ela não foi muito com a cara dele, não conseguia entender o porque – agora eu entendia – no começo evitei contar sobre o quanto ele havia mudado, mas Rose sempre fora esperta. Eu tinha medo dele vim atrás dela, então o defendia sempre que ela o acusava, o que gerou várias discussões entre nós.

Ela vivia dizendo para eu fugir dali e ser feliz em outro lugar, mas eu temia por ela. Ele poderia fazer algum mal a ela e eu nunca me perdoaria se isso acontecesse. Depois de horas discutindo o que eu deveria fazer, resolvi que era a hora de eu sair daquele lugar.

Esperei Oliver dormir para não desconfiar de nada e fui para acasa de Rose. Ela me entregou minha nova identidade, e mudei até a cor do cabelo – até que o loiro combinava comigo – pensei enquanto me olhava no espelho.

— Vou sentir tanta sua falta.— Disse Rose

Eu sorri.

— Eu não sei se quero fazer isso.— Falei para Rose com lágrimas nos olhos.

— Nem pense em desistir Lou. Chegamos até aqui, e você não vai dá para trás agora.— Falou e ela tinha razão. Não poderia desistir logo agora e eu fiquei pensando se algum dia seria feliz. Tentei não pensar muito nisso, sabia que logo estaria livre daquele monstro.


                               *****

Chegamos ao aeroporto e estava quase desistindo, mas precisava sair dali o quanto antes. Sabia que quando Oliver desse falta de mim, ele não descansaria até me encontrar. Fiquei preocupada com Rose e lá seria o primeiro lugar que ele iria atrás. Eu e Rose nos despedimos depois de chorar bastante, nunca ficamos longe – não sem manter qualquer tipo de contato – era muito para nós.

Entrei no avião e sentei na janela pensando que agora iria recomeçar a minha vida. Mas a preocupação ainda tomava o meu coração. Até pensei em dormir um pouco, mas tive medo de ter pesadelos – eram constantes em minha vida – não queria acordar os outros passageiros com meus gritos.

Cheguei ao Texas pela manhã e fui direto para o apartamento que Rose havia conseguido. Era bem afastado da cidade, o que me ajudava a não ter muito contato com as pessoas dessa cidade, até porque não pretendia ficar muito tempo ali. Passei o dia arrumando as minhas coisas e tinha que me lembrar de fazer compras. Continuei com meus pensamentos.

Rose.

Será que ele já havia passado por lá?

Tinha que parar de pensar nisso, ou acabaria ficando louca. Fui assistir um filme e deitei no sofá, adormecendo ali mesmo.

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