Sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
Um prédio cinza estava em chamas, um carro sedã preto estava com a sua frente achatada contra um poste e a mulher que estava dirigindo gritava enquanto um homem careca mordia seu tórax. Alguém atirou na cabeça do careca que caiu para trás. A mulher havia morrido.
Um carro de bombeiros em alta velocidade passou ao meu lado e atropelou uma criança pouco antes de atravessar a parede de uma padaria. Tudo estava um caos. A mulher do carro se levantou e veio correndo em minha direção.
Que estranho, alguém estava gritando e todos da sala de aula me olhavam, nesse momento reparei que o grito horripilante saia de mim. Parei no mesmo instante.
- Pelo amor de Deus Clara! O que está acontecendo? - A senhora Freitas era daquelas professoras adoráveis que todos amam. Foquei os olhos em seus cabelos castanhos.
- Me desculpe, eu não quis... e-eu não estou me sentindo bem. - levantei e pegando minha mochila corri para o corredor. Me sentei lá mesmo, com a cabeça entre os joelhos.
Minha primeira visão foi aos 8 anos de idade, quando previ que meu cachorro Jake morreria atropelado por um carro amarelo. E foi exatamente o que lhe aconteceu um mês após eu ter tido a visão. Esse era o intervalo mais comum entre o que eu via e o que acontecia. E desde então tenho tido visões. Se eu tentasse mudar o futuro era mais provável eu adiar ou pior, adiantar o inevitável. Eu não tinha controle sobre as visões, elas simplesmente vinham.
- Minha querida, consegue voltar para a sala? - Eu mal era capaz de olha-la.
- Não... - minha garganta estava apertada e eu já sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto. - por favor, poderia ligar pra minha mãe?
Ela suspirou antes de chamar uma inspetora. Tudo passou como um borrão até que ouvi minha mãe me perguntar algo. Olhei em volta e estávamos no carro.
- A senhora pode repetir? - Sempre quis ter os olhos verdes de minha mãe, mas acabei herdando os olhos castanhos do meu pai ao menos meu cabelo era ondulado e ruivo como o dela.
- Perguntei se não seria melhor você voltar a conversar com o Dr. Guilherme. - ela mordia o lábio inferior, eu sabia que esse assunto era delicado para ela também. Isso era tudo o que eu menos queria na vida. Quando mais nova cometi o erro de falar abertamente sobre as visões, todos ficaram preocupados com minha sanidade e como recompensa acabei fazendo terapia até meus 15 anos. Foi quando fingi que tudo era invenção.
- Mãe, eu te amo, mas não vou fazer terapia de novo. Eu dormi na sala e tive um pesadelo, depois disso fiquei envergonhada demais para voltar a aula. Me desculpe te atrapalhar.
- Tudo bem querida. Eu estou aqui... e várias amigas minhas fazem terapia, não é por que você tem 17 anos que..
- Mãe! - eu não queria ser grossa, mas terapia estava fora de cogitação - Me desculpe, vou pensar nisso. Ok?
- Tudo bem meu amor. - Reparei que ela usava um terninho cinza com saltos vermelhos e parecia cansada. Com certeza eu arranquei ela de alguma reunião do escritório de advocacia. Não tenho tempo para me culpar por isso agora, deixarei arquivado mentalmente para uma tortura posterior.
Peguei meu celular e escrevi toda a minha visão e enviei para o Marcos. Assim que ele saísse da escola veria a mensagem e falaria comigo. Ele era o único que acreditava em mim, meu melhor amigo, meu confidente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A última esperança
AdventureClara é uma jovem de 17 anos com um dom diferente. Um dia algo acontece e ela acaba por ser a única que pode salvar toda a humanidade da total extinção. Cabe a ela e seu melhor amigo resolverem essa questão. Embarque nessa aventura em busca da respo...