Acordo de manhã com Amanda quase em cima de mim, de tão pequena que é a cama. Sou desprezível! Odeio-me por ter feito isto! E odeio-a por me provocar. Ela sabe que eu não a consigo resistir! 

Alguém bate à porta. Eu estou todo nu. Ela está toda nua.

-Amanda!- chamo eu.

Ela acorda sobressaltada e alguém bate à porta outra vez. Ela esconde-se no armário e passa-me umas roupas para eu vestir como se já estivesse habituada a fazer isto. Eu visto a roupa em segundos e vejo Sophia a entrar.

-Desculpa! Acordei-te?- diz ela.

-Não, nem por isso. O que se passa?

-O Joe mandou-me vir-te buscar. Ele quer falar contigo daqui a meia hora.

-Comigo?

Ela acena que sim com a cabeça.

-O que estavas tu a fazer com Joe?- pergunto-lhe eu.

-Nada de especial. Ele só estava a dizer que ordens eram ordens e que tinha que lhe obedecer.

-Desobedeceste-lhe?

-Não, mas ele está com medo que eu comece uma revolução ou algo do género.

Rio-me.

-Tu?!

Ela desvia o olhar e vai-se embora. Uma parte de mim está aliviada por ela se ter ido embora mas a outra só lhe quer dizer a verdade... Que eu sou um idiota chapado por ter dormido com Amanda e por lhe ter mentido.

-Uau!- exclama Amanda- Como é que consegues ser amigo dela?

-Cala-te!- ordeno eu.

-O quê depois da nossa noite?

-Ela é minha amiga.

-Amiga? Tu queres é comê-la toda! Como fizeste comigo! E tenho que te dizer que pareces experiente!

-Não me orgulho disso!

-Pois, pois... Bem, até ao nosso próximo encontro.

-O que te leva a pensar que vai haver um próximo encontro?

-Eu não penso... Eu tenho a certeza!

Ela sai do quarto e fecha a porta deixando-me sozinho. Sou patético! Olho para o relógio, são 6h30. Tenho que ir ter com Joe às sete em ponto. O que será que ele quer de mim? Acho que a sua relação com Sophia é muito esquisita... Apesar de ele ter morto a sua irmã, cortado a sua cabeça e a atirar para ela ver de perto, ela continua a suportar estar perto dele, falar com ele, ouvi-lo, estar com ele a uma distância próxima, sem o matar! Como é que ela o consegue? Não faço a mínima ideia... Acho que ela me está a esconder alguma coisa. Mas o que será?

Arranjo-me e olho para o relógio. São 6h45... Ainda tenho tempo. Não sei se devo dizer a Sophia o que fiz esta noite. Não quero, mas acho que ela merece saber. Merece saber? Mas porque raio é que ela deve saber?! Ela também me esconde coisas... Não somos muito chegados, só nos conhecemos à três dias! Isso não faz de nós "amigos"! E se Amanda tiver razão?! E se Sophia for apenas uma mentirosa? Não lhe vou contar nada! Ela vai ficar chateada por uma razão estúpida! Mas também não tem que ficar porque eu faço o que eu quiser! Sou crescidinho! Sei tomar conta de mim! Ela é que não sabe tomar conta dela própria! Não sabe se defender! Olho para o relógio. Tenho que ir.

* * *

Bato à porta do quarto de Joe.

-Entre!- diz ele.- Áh! Entra!

Dou um passo em frente.

-O que quer?- pergunto eu sem considerar a boa educação.

-Quero que me fales do teu... hum... vamos chamar-lhe "encontro" de ontem à noite com Amanda Smith.

-Porquê?

-Porque sim!

-Não tem nada que julgar-me! É a minha vida, minhas decisões.

-Mas aí é que se engana... Sou o chefe da PAS! Eu mando aqui... Que o que aconteceu na noite passada não se repita.

-Mas porquê?

-Porque... tem que ter cuidado com quem se relaciona... Mr. Clark. As pessoa podem surpreende-lo. E bastante!

-Não se preocupe... Eu sei cuidar de mim.

Viro as costas e preparo-me para sair quando o ouço dizer:

-Esperemos que sim...

Fecho a porta e dirijo-me para o meu quarto. Que otário que ele é! No caminho encontro Sophia.

-Olá!- diz ela com um sorriso.

Não lhe respondo e continuo a andar.

-Hey!- grita ela- O que se passa?

-O que é que me estás a esconder?

-Não tens que saber tudo sobre mim...

-Ai não! Como esperas que eu confie em ti, se não me contas nada!

-Já te contei demais! Não te quero pôr em perigo!

-Não sei o que estás a fazer, mas não fales comigo até essa tua coisa acabar!- viro-lhe as costas e caminho em direção ao meu quarto, mas ela agarra-me no braço e diz-me:

-Eu não sou o inimigo...

-Como posso ter a certeza disso?

-Não podes... Mas se queres não confiar em mim, tudo bem! Tenta é não confundir o bom com o mau... Por vezes podem ser muito parecidos.

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