30 anos

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As ruas estavam cheias. Era pleno Carnaval. Estava sentado no banco do ponto de ônibus. Uma mãe com seus dois filhos conversava com uma senhora sobre a pronuncia correta da palavra "ônibus".

Eu olhava para o final da rua, esperando o meu chegar. Estava aguardando fazia algum tempo. Até que atrás de mim uma voz feminina me perguntou:

- Com licença, você sabe se nesse ponto tem algum ônibus que vai pra Copacabana?- Tem sim. - Respondi sem olhar. - É o que eu vou pegar.- Ah, ainda bem! - ela suspirou - Esse lugar tá uma confusão.

Me virei para vê-la. Foi impressionante. Uma visão magnífica. Daqueles momentos que o coração para e você quer fazer tudo direitinho para que dê certo.

- Você não é daqui? - Puxei conversa.- Eu sou! Eu sou daqui do Rio! - Ela riu - É que eu tive um compromisso por aqui, não conheço muito bem essa área.

Tivemos uma breve conversa sobre como ela não parecia uma turista, mas sua pergunta totalmente lhe fez parecer como tal. Ela estava muito bem arrumada.

O ônibus finalmente chegou. Pagamos a passagem, e sentamos um do lado do outro.

- Você gosta de Carnaval? - ela perguntou.- Ah... Pergunta difícil. Eu gosto do feriado, mas não gosto de confusão. Prefiro ficar sozinho no meu quarto.- Você não estava no bloco?- No bloco? Não! - eu dei uma risada - Eu também tive um compromisso aqui por perto.

Ela me deu um olhar compreensivo. Fez-se um silêncio.

- Aliás, qual o seu nome? - perguntei- É Amanda, e o seu?- Meu nome é Gabriel. - demos um aperto de mãos - Você está bem arrumada, o que você estava fazendo hoje?

O sorriso de Amanda se desmanchou.

- O meu ex está morando por aqui agora. Eu vim devolver algumas coisas para ele. - ela disse entristecida

- Ah sim... Que ruim.

- Não lamente - ela suspirou - O divórcio foi a coisa certa a se fazer.

- Divórcio? - me surpreendi - Quantos anos você tem?

- Eu tenho 30 anos... - disse - Eu sei que não parece, algumas pessoas já me disseram isso. E você?

- Eu tenho 24. - disse desajeitado.- Ah, você é novo! Eu tinha a sua idade quando comecei a namorar com o meu ex-marido.

Ela parecia jovem, nunca adivinharia que tinha 30 anos. O ônibus estava parado no trânsito faziam dez minutos. Estávamos cercados de foliões.

- Acho melhor a gente descer e pegar o metrô. - observei

- Você tem certeza? - ela olhou pela janela, as ruas estavam lotadas. Claramente o trajeto para o ônibus no Carnaval não tinha sido bem planejado.

- Não sei ir para o metrô a partir daqui, você sabe?- Sei sim, já fiz esse trajeto antes... - mal ela sabia da aventura que tive por aquelas ruas alguns anos antes. - Não é muito difícil de se chegar.

Amanda e eu descemos do ônibus rumo ao metrô. Em nosso caminho passamos no meio de um bloco. Estava apinhado de gente. Conseguimos desviar por uma rua menos movimentada, até que, enfim, alcançamos o metrô.

Viver Sozinho É Tão Normal de Amor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora