Segundo Capítulo

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01 de julho

São 6:30 da manhã e eu gostaria muito bem de dizer que acordei de maneira civilizada, mas não é assim que a banda toca aqui em casa.

"Para de fazer barulho seu retardado!"- berro e viro para o outro lado. O som estridente da guitarra no quarto ao lado, só aumentou ao ouvir a reclamação da Irmã

"TONY! PARA!"- coloco à cabeça em baixo do travesseiro e nada do barulho parar- "ah quer saber? Desisto"

É hoje, meu primeiro dia no Liverpool Institute, ando animadamente até o guarda roupa, e tiro de lá o uniforme que mamãe comprará, era constituído por um vestido preto de manga 3/4 até os joelhos, um sapatinho de boneca preto com meias até o tornozelo, bem mais bonito que o da minha antiga escola, pensei.

Não aguento mais essa barulheira do Tony céus! Ok que ele é bom mas são 6:40 da manhã. Fui até o quarto de Tony e abri a porta, Deus não queria ter tido aquela visão

Tony estava de cueca tocando guitarra diante de um quadro de Brigitte Bardot

"E essa foi para você amor"- tentou fazer uma manobra com a guitarra que logo se embaraçou todo- "aí calma aí"

Gargalhei alto chamando sua atenção

"Acho que a Brigitte não ficou muito impressionada com esse seu showzinho todo"- disse rindo

"Você não sabe do que está falando"- levantou o queixo- "vai se atrasar pra escola, você tá fedendo, fora já!"- falou me expulsando

"Você também tá fedendo Tony, você fede sempre"-sai correndo pro meu quarto

"Aí cala boca Banana, eu sou o terror das garotas"- fez posse para o espelho mandando beijos. Por mais que eu negasse Tony fazia muito sucesso com garotas.

Voltei ao meu quarto e coloquei o álbum de Little Richard para tocar enquanto tomava banho, Jenny Jenny preenchia o quarto e me fazia dançar no box do banheiro

"Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny,
Jenny Jenny Jenny, won't you come along with me,
Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny,
You know that I love, we could live so happily,
Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny."

Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny
Jenny Jenny Jenny, você não quer vir comigo
Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny
Você sabe que eu amo, Poderíamos viver tão feliz
Jenny Jenny, ooh, Jenny Jenny .

Sai do chuveiro e me olhei no espelho, hoje gostaria de caprichar, afinal, é o primeiro dia, tenho que passar a ilusão que sou gatinha, não que eu me ache feia, apenas simples, olhos castanhos e cabelos castanhos. Pelo menos tenho um sorriso bonito

Penteei meus cabelos e os sequei com o secador( obs: sim eles já existiam, foram inventamos em 1920), resolvi prender o cabelo com um laço e deixar o resto solto, passei um batom meio vermelhinho, um blush rosado, rímel da época, e voilá estou pronta.

Pus-me no uniforme, peguei a mochila e desci para tomar café. Senti os deliciosos cheiros de bacon e ovos. Papai estava fumando escondido por traz do jornal

"Bom dia papai, mamãe"-dei um beijo na bochecha de cada um e sentei-me a mesa me servindo de bacon e torradas

"Cadê o mala do seu irmão?"-Elisa perguntou ao fogão- "que cheiro é esse? Cheiro estranho"- abriu as janelas

Papai me olhou, tranquei o riso

"Deve estar se arrumando, você sabe como ele é vaidoso"- bebi meu leite- "como ele mesmo diz, ele é sedução pura"

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