So Heavy Souls

Capitulo 2 - Nem tão sozinhas

Annie colocou todas as suas roupas possíveis em uma mala de mão, parecida com a que tinha minhas roupas. Eu podia ver seus olhos castanhos marejarem ao olhar seu quarto com paredes cor-de-rosa. A sacola em minhas mãos estavam pesadas com os mantimentos que peguei da geladeira.

- Está pronta? - Perguntei parando no batente da porta do quarto de Annie.

- Só mais uma coisa. - Ela pediu colocando a bolsa nas costas e indo até a porta do quarto de seus pais.

Annie colocou a mão na madeira fria e apoiou a testa no lugar. Atrás dela eu pude ver seus ombros tremerem e ouvir um soluço escapar de sua garganta.

- Eu vou voltar. - Ela disse com a voz rouca - Não pode ser hoje, ou amanhã, mas eu vou voltar e ajudar vocês.

Andei até Annie e toquei os ombros dela, sorri com os lábios. Senti meus olhos marejarem, mas fiz força para não chorar.

Normalmente eu não gosto de chorar, demonstra fraqueza e vulnerabilidade.

Não gosto de parecer assim...

Annie, porém, nunca teve problema em chorar, quando seu primeiro namorado terminou com ela depois de tirar sua Virgindade, Annie chorava dias e noites inteiras. E eu e Lauren sempre estivemos lá com um belo pote de sorvete.

Mas isso foi, claramente, alguns meses antes de conhecer os cigarros.

Culpo Dante até hoje por ter estragado os pulmões da minha amiga.

- Ann, está na hora de ir. - Eu digo e ela seca as lágrimas com as costas da mão.

Percebo que em sua mão, ela carregava junto ao peito um porta retratos que continha uma foto sua com os seus pais.

Eu me lembro muito bem dessa foto...

Foi no aniversario de 16 anos de Annabeth, eu e Lauren fomos umas das primeiras a chegar na festa. O salão tinha a decoração toda em vermelho e dourado, o tema era da Bela e a Fera, claramente.

O vestido da Annie era de um amarelo tão forte e brilhoso que podia ser visto da esquina, meu vestido e o de Lauren eram pretos e parecidos e tinham uma faixa dourada em volta da cintura.

-Hey Jacky! Tira uma foto nossa? - O pai da aniversariante pediu me entregando o celular e parando ao lado da filha.

Annie tinha um sorriso tão grande no rosto que seus olhos chegaram a fechar, sua mãe beijava sua bochecha esquerda e seu pai sua bochecha direita.

Aquela foto era linda...

Aquela familia era linda...

Assim como a minha também era.

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Annie tinha uma das mãos no volante e a outra estava para fora da janela, segurando o cigarro entre os dedos. O sol era quente do lado de fora do Sedan antigo do meu pai, olhei para o meu celular e o relógio marcava em torno de 10:30 da manhã.

Annie dobrou a rua, em direção ao prédio do apartamento de Lauren. Parando na calçada do lado de fora do condomínio.

Andamos até a guarita da portaria, pé ante pé, e percebemos que não tinha ninguém por lá.