13 janeiro de 1994
Naquele dia Marcus e Naomi Dellacourt acordaram determinados a dar o melhor dia da vida dos seus filhos. Levaram Jonathan e Nicolle para o cinema, compraram todos os brinquedos que as crianças pediam e até deixaram que eles ficassem até mais tarde na rua.
Ao chegar em casa, Naomi subiu ao seu quarto para pegar sua filmadora - A mesma que filmava todos os melhores momentos da família desde a gravidez do primeiro filho- enquanto o seu marido se certificava de que todas as portas estavam destrancadas. Tudo precisava ser feito rápido e sem falhas. Ela voltou a sala e o casal pediu para que seus filhos trouxessem bancos para o cômodo, queriam fazer uma grande brincadeira em família e precisavam de dois bancos e duas cadeiras para que cada membro da família pudesse participar, as crianças não faziam a menor ideia de que gincana aconteceria a seguir mas obedeceram seus pais animadas pensando na próxima coisa que fariam.
Naomi ligou a filmadora e a posicionou em cima de uma mesa, ela arrastou duas cadeiras dela -que eram mais altas e por isso serviriam para as crianças- enquanto seu marido dava um jeito de prender as cordas no teto.
- eu não vou dar o que eles querem. - ela disse se aproximando da câmera, baixinho o suficiente para as crianças não escutarem do cômodo onde foram pegar os bancos. De perto via-se a semelhança dela com os filhos, acinzentados e as mesmas sobrancelhas grossas. O resto vinha do pai, os cabelos cacheados e a pele morena. - A minha família é amaldiçoada, e eu não vou assistir os meus filhos sofrerem. Não suporto pensar na ideia de ver a menininha que eu segurei nos braços virar um monstro, não vou aguentar ver o Jonathan trazendo sofrimento para qualquer esposa e filha que vá ter um dia. Por isso eu não posso deixar que isso continue se propagando por ai. Qualquer pessoa que carregue o nome dessa família sabe que só tem um jeito de acabar com isso, e esse jeito é se formos extintos. Espero que entendam que essa não foi uma decisão fácil, foi pelo melhor dos meus filhos e dos filhos deles, não ter uma vida é melhor do que viver do jeito que está escrito pra eles e se qualquer pessoa que leve o nosso sangue nas veias estiver assistindo isso... - Ela parou de falar ao escutar o som das crianças se aproximando, animadas com seus bancos, competindo para ver quem chegava primeiro. Por um segundo a máscara séria e forte de Naomi Dellacourt rachou, demonstrando receio. Mas ela se recompôs rápido e terminou: - saiba que é o certo a fazer.
Naomi se distanciou da câmera, passando as mãos pelos cabelos do filho mais velho, animadas e com ajuda as crianças subiram nas cadeiras que sua mãe tinha colocado antes, mas os olhos de Jonathan se encheram de dúvidas ao repousar sobre as cordas. Os adultos subiram nos bancos que as crianças tinham trazido - grandes o suficiente para propósito da "brincadeira" e baixos o suficiente para que suas cabeças tão batessem no teto- eles instruíram as crianças a enrolar a corda em seus pescoços acreditando que tudo isso fazia parte do jogo.
- quando o papai contar até três vamos todos pular. - disse Marcus, que ao perceber o olhar hesitante de Jonathan completou - vamos lá garotão, você não confia no seu pai? vai ser divertido, prometo.
- eu não sei se quero papai
Falou a pequena Nicolle
- você acha que eu machucaria você minha princesinha? - ele apertou a bochecha da menina, que continuou a o encarar com uma mistura de medo e teimosia, por sorte não era difícil entrar na cabeça da pequena Nicolle Dellacourt- você quer ser a única a não brincar?
Ela fez que não com a cabeça.
- Muito bem
Disse Marcus aliviado.
E em seguida a contagem começou
1... 2... 3...
E todos pularam.
Jonathan foi o primeiro a reagir, talvez por já ter imaginado as consequências da brincadeira ele já tivesse se programado para pensar em uma saída, tentou segurar a corda e escalar mas suas mãos suadas não facilitavam, a corda machucava a palma de suas mãos a medida em que se esforçava, não demorou muito para que ele entrasse em pânico e a combinação desses fatores junto com o fato da corda apertar cada vez mais ao redor do seu pescoço resultava em uma perda mais rápida de oxigênio.
- não reaja Jonathan.
Disse sua mãe com certa urgência em sua voz baixa e rouca, ela era dada não só pela falta de ar em seus pulmões mas pela vizinha que se aproximava parecendo desesperada enquanto saia de sua casa ao lado de seu marido para checar o motivo dos berros de Nicolle. As portas estavam destrancadas para que alguém pudesse achar os corpos junto com o vídeo no dia seguinte, ninguém esperava que os vizinhos sairiam das suas casas aquela hora da noite para ver o que estava acontecendo.
Mas eles vieram, uns chamavam os outros, que vinham com bastões de baseball para ver se a casa tinha sido invadida. Chamavam a polícia, para lidar melhor com a questão, mas a cena era diferente de tudo o que eles tinham imaginado, e a medida que as pessoas iam chegando mais pessoas eles chamavam. Todos correram para ajudar a pequena Nicolle de apenas 5 anos que estava com suas bochechas roxas e um rosto pálido com pequenas lagrimas quase secas, ela foi a primeira a ser socorrida. Jonathan de 9 anos foi salvo em seguida, e os pais ainda conscientes assistiram seus filhos sobreviverem enquanto agonizavam com a corda em seus pescoços e com as palavras de ódio vindas dos vizinhos. Assassinos de criança deveriam queimar no inferno. Os bancos que as crianças pegaram de boa vontade agora estavam sendo quebrados nas costas dos seus pais, Nicolle e Jonathan imploravam para que seus vizinhos não os machucassem mas eles estavam tão cegos pela raiva e indignação que só empurravam as crianças pra longe como resposta.
As crianças assistiram seus pais morrerem e reasistiram as imagens gravadas pela filmadora de sua mãe centenas de vezes em noticiários depois daquele dia. Pelo menos uma das metas dos seus pais havia sido cumprida: eles nunca chegaram a assistir o que os filhos se tornaram, apesar de terem se preocupado com isso até o seu último suspiro. Eles pediram pra Deus ou qualquer ser superior para que cuidasse das suas crianças e para que os ajudassem a descobrir um outro jeito de evitar o mal que eles não conseguiram conter.
Não demorou tanto para todos que ajudaram as crianças perceberem que tinham feito besteira.
Eles nunca deveriam ter salvo os salvo.
Se você chegou até aqui, muito obrigada ♡
Essa é a primeira história que eu publico então sejam bonzinhos.
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The seek
МистикаJonathan e Nicolle Dellacourt assistiram a morte dos seus pais quando crianças, se tudo tivesse dado certo eles também teriam morrido. Após o episódio os irmãos começaram vidas novas em lares separados, mas agora, após o nascimento da primeira fi...