ORA, ORA, MEU AMOR

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Ora, ora, meu amor...

Você pensou que eu não veria o seu olhar acompanhando a minha ida até o caixa da cafeteria?

Achou que eu, com vergonha, disfarçaria?

Que engoliria minhas lágrimas quando você a puxou para seus braços, que contaria os minutos até pagar a conta e, depois, fugiria?

Ora, foi tentador...

Mas eu vi o seu olhar e não disfarcei.

Eu não engoli lágrima alguma, só encarei vocês na mesa e me aproximei.

Ora, ora, por favor...

Você não soube o que fazer quando eu colei a minha boca na sua e o fiz provar as minhas lágrimas misturadas ao sabor do cappuccino e da minha alma.

Eu o obriguei a engolir meus sentimentos por você, eu joguei meu coração partido em mil pedaços bem na sua palma, e eu o fiz com toda a calma.

Ora, foi tanta dor...

Por essa você não esperava, não é?

Eu também não esperava que você fosse se desvencilhar daquela garota e ficar de pé.

Tampouco que você fosse segurar o meu rosto com tamanha ternura e suavidade, fitar-me nos olhos e murmurar contra meus lábios todo cheio de surpresa e saudade:

Ora, ora, meu amor...


❧ Ary Blake

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