Admiro a minha facilidade de se meter em confusão, é sempre eu. É sempre comigo.
- Você não deveria culpar o universo pelas suas atitudes. – Falou augusto. – Olhei para ele, incrédula.
- Como... como você... –falei.
- Li seus pensamentos? – Ele frisou. – Certo, é algo que se faz com muito esforço, mas, você pesou alto demais, com intensidade demais, não é como se eu pudesse saber cada segredo seu. – Ok. Não vou pensar mais em nada perto desse cara. Se eu conseguir, é claro.
Ele andou alguns longos corredores comigo segurando seu braço, subiu algumas escadas e parou na frente de uma porta, em um corredor que não havia nada a não ser a porta.
- É por ali, Lady. – Ele falou, apontando para a porta, me soltando de seu braço. Quando foi entrar, ele parou na minha frente. – Certo, eu falei meu nome, nada mais justo do que você falar o seu.
- Você não pode, sei lá, ler meus pensamentos e descobrir? – Perguntei, e ele riu.
-Lady, não é assim que funciona.
- Me chamo Wendy – Falei entre sorrisos. – Wendy Novaes.
- Tudo bem, Lady Wendy, boa sorte com o teste. – Ele disse se afastando, porque diabos ele ficava me chamando de Lady? E que teste é esse? Olhei ao redor, e Augusto havia sumido dando a volta ao corredor, me surpreendi quando vi uma menina de cabelos loiros correndo até mim.
- Oi! Cheguei atrasada? – Ela perguntou, ofegando. – Meus pais vão me matar se eu tiver chegado atrasa. – Ela usava um longo vestido rodado, do mesmo modelo que o meu, só mudava a cor: Amarelo, e brilhava muito, o vestido combinava perfeitamente com o cabelo dela, e com ela também. Sua pele chegava a ser pálida, o que a deixava ainda mais bela. Seu cabelo estava em um coque perfeito, e olhei para cima, para ver o meu, que também estava em um coque, com duas mechas ruivas cacheadas.
-Bem, se você tiver atrasada, eu também estou. – Falei. E ela me olhou com desdém.
- Quem é você? Nunca te vi por aqui. – Falou a garota.
- Oi, meu nome é Wendy. – Estiquei a mão, para cumprimentar, e ela ignorou. Deu um passou a minha frente, e entrou na sala.
Acompanhei ela, e me arrependi na hora. Todos estavam nos olhando, com impaciência e raiva. Fiquei ao lado da garota, imóvel, como ela.
-Me chamo Aviva. – Sussurrou ela. Certo, ótimo momento para falar o nome.
-Aviva! – Vociferou um homem que estava um pouco mais elevado do que todo mundo. Em uma espécie de palco. Ele vestia roupas luxuosas, usava ouro e tinha uma longa barba branca. – Isso são horas? E quem é a cumplices do atraso? – A julgar pela voz, e pelas roupas, aquele, sem dúvida era o rei.
-Essa é a Wendy, desculpe papai, perdi a noção de tempo. – Disse Aviva.
-Certo, querido, deixe elas. – Disse uma mulher loira, cumprida e bela, mais pomposa e elegante que Aviva. Que a comparar a semelhança, era mãe da garota. –Além do mais, ainda falta o duque e a duquesa.
- Tem razão, minha rainha. – Disse o rei, que pareceu ser invadido por uma tranquilidade. – Vocês duas, aos seus lugares. – Que lugares? Eu estava atônica demais para ir para qualquer lugar, mal conseguia falar, mas, Aviva segurou meu braço, e me arrastou para uma espécie de plateia, que não era uma plateia de verdade. Havia apenas 5 cadeiras, acolchoadas com um pano vermelho, havia uma espécie de parapeito, baixinho e com grades finas, ficando em frente ao palco, aonde o rei e a rainha sentavam em seus tronos gigantes. Tinha também duas cadeiras como a nossa, que suspeitei ser para o duque e a duquesa.
Sentei na ponta extrema na fileira de cadeiras, ao lado direito de Aviva. E só então pude notar a dimensão do lugar, e dimensão de como eu estava assustada.
Havia três meninas ao lado de Aviva, os vestidos e os penteados eram os mesmos, só a cor do vestido que mudava e a ordem era essa: Azul, verde, roxo, amarelo e vermelho. Olhei para os pés delas, e todas estavam com saltos de cores diversas, e ao olhar para o meu pé, fiquei com vergonha: ainda estava usando o all star surrado. Céus! E fiquei mais constrangida ainda quando eu olhei para cima: havia diversas pessoas, centenas delas lá em cima, como se estivéssemos em teatro antigo, e eu fosse uma das atrizes. Era uma arquibancada, e nós éramos o show.
-Senhoras E senhores, súditos. Venho falar que o teste para a elegida vai começar. – Disse o rei, com a voz ecoando pelo salão. Holofotes e palmas se agitaram em torno de tudo. "Elegida" foi o que aquela bruxa me chamou. Qual era a ligação? – Eu e a rainha Samatha, estávamos apenas esperando os meus primos, duque Carlos, e duquesa Clara. – Era o nome dos meus... pais.... Olhei para cima, para o palco, e lá estavam meus pais, super bem vestidos, minha mãe com um vestido, e meu pai com um terno. Gelei. Meu estômago embrulhou, meus olhos ficaram cheios de lágrimas. Senti que
Eu
Estava
Caindo
Tudo estava virando na minha direção
Toda dor
Tudo que passei em apenas um dia.
Me fez mais fraca, ou
Mais forte.
"Wendy! Seja forte. " Uma voz ecoou na minha cabeça. E eu me recuperei, era a voz da minha mãe, e ela estava na minha mente. "Eu te explicou tudo depois, seja apenas forte, Wendy! Por nós. "
Minha mãe estar na minha cabeça era assustador demais..., porém, aquilo me acalmava, me fazia sentir em casa. E casa, era tudo que eu queria.
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WENDY XXI: A ELEGIDA
FantasíaAo completar 16 anos, as pessoas podem votar, fazer testamentos, casar e até trabalhar, porém com Wendy Novaes é diferente, a sua responsabilidade é muito maior. Ao completar sua décima sexta primavera, Wendy descobre e se encanta com um mundo total...