A Dama e o Vagabundo

11°

Dê valor agora, amanhã pode ser tarde.

– Mamãe eu irei ficar aqui, eu já fui em todos esses lugares.
– Quando?
– O Lucas me levou.
– Quem é Lucas, Chloé?
– É o Cabelin mamãe.
– Ata, você não explica, cada nome doido que esse povo tem. Então tá bom, fique aqui, tome cuidado.

Ela beija minha testa e sai junto com todo mundo, como se alguém fosse me atacar aqui dentro de casa. Dou risada.

O tio Thomas vai levâ-los para conhecer a cidade, mais como eu já fui com o Lucas, não vejo necessidade de ir mais uma vez. Prefiro ficar aqui, assistindo a televisão e comendo o que sobrou da ceia, que foi muita coisa.

Pego uma coca e um panetone inteiro. Até porque há vários lá no armário, a Luana nem vai dar falta desse aqui,  também não iria fazer muita diferença se desse, já vai está no meu estômago.
A fome está falando mais alto aqui, e é panetone de chocolate.
Tem coisa melhor ? Bom tem, mais é muito bom! Não tem como resistir.

Estou com a boca cheia e aberta, devido ao que acabou de acontecer no filme. Como assim o menino morreu ?
Não era pra ele ter morrido meu Deus !

– Porca !

Alguém fala e pega a lata de coca da minha mão. Alguém não, o Lucas. Tinha que ser esse folgado fujão, que some do nada.

– Folgado !
– Certinha !
– Bobo!
– Linda !
– Lindo!
O jeito que ele está me olhando, me faz engulir o panetone todo de uma só vez.

Não tenho tempo nem de dar mais um suspiro, ele avança pra cima de mim e me beija.

Lucas desce os beijos pro meu pescoço, depois vai beijando mais pra baixo.
Meu Deus! Eu quero aproveitar, mais já estamos indo longe demais, acho que agora é o momento de dizer para.

– Para Lucas.
Ele continua.
– PARA LUCAS!
Grito.

Ele para e se senta na minha frente.
– O que foi ? Não tá gostando ?
– Não é isso, é que estamos indo rápido demais.
Lucas passa a mão pelo cabelo, se acalmando.
– Ok, vou me controlar. Mais é porque tu é muito gostosa se louco.
Me beija de novo, dessa vez de um jeito brincalhão.
Eu gostosa? Não sei aonde ele viu isto, mais ok, posso me iludir com este comentário por enquanto.

Ficamos nos beijando a tarde inteira.
Ele é tão legal, pena que moramos bem longe um do outro e não nos conhecemos antes em um tempo diferente, em uma outra encarnação.

Não tocamos naquele assunto de ontem a noite, acho melhor deixar assim, deixar rolar e aproveitar.
Deus saberá o que fazer com nossas vidas, elas estão em ótimas mãos.
As mãos do senhor.
Ele sim sabe o que faz, nossa função é só aproveitar e usufruir dos planos dele em nossas vidas.

Estou deitada na frente do Lucas, específicamente entre suas pernas. Estamos assitindo televisão e conversando, nada demais.
De vez enquanto rola um carinho, coisa boba.
Viu como meu modo de falar está mudando, nunca falei "rola" na minha vida.

– Você foi pro baile ontem?
Pergunto do nada.
– Não, eu tava aqui com você. Lembra não ?
– A claro.
– Porque?
– Nada não.
– Hum.
Me sinto aliviada ao ouvir isso.
Pelo menos ele não tava lá, pegando ninguém. Estava comigo, ele deixou de ir ao baile pra ficar comigo?
Talvez não tenho sido isso, talvez ele só não estava com vontade de pegar ninguém ontem.

– Troca de roupa Chloé, vamo dá um rolê.
– Está bem.

Não penso duas vezes e coro até a minha bolsa pego alguma coisa e visto. No banheiro é claro.

Tranco somente o portão.
Os meninos estão aqui em frente, então não precisa trancar.

Em frente casa, debaixo da amendoeira, estão Jonas, Iago e alguns outros rapazes. Assim que saímos na rua, eles me olham de cima a baixo.

– Uê! O que foi? Estou suja ?
Pergunto baixinho pro Lucas.
– Cê tá linda de mais, isso sim.
– Quer que eu fique feia?
– Não tem como.
Dá risada, sobe na moto e põe o capacete. Me entregando o outro, assim que subo.

– VAI AONDE CHLOÉ?
O Iago grita, chato.
– Sair com o Lu...Cabelin.
Resolvo não dizer o nome dele, sei lá, se ninguém sabe. Algum motivo ele tem para não contar.

– TÔ DE OLHO EM TU EM. SE A MÃE SOUBER, TU TÁ FUDIDA.
– Primeiro: ela sabe, segundo: olha como você fala comigo, que eu não sou essas daí que você come e terceiro: deixa a mamãe descobrir que você está bebendo e fumando. Vamos, Lucas.

Ele arranca com a moto, me seguro forte nele.
Meu irmão quer mandar em mim, dizendo que eu faço coisas erradas. Sendo que o único errado aqui é ele.
Tenho mãe e pai, não preciso de irmão mandando em mim.
Que coisa!

Lucas para em frente a uma sorveteria. Aí meu Deus! Salvou meu dia.
– SORVETE ! EBA.
Pulo de alegria, igual a uma criança e lhe dou um selinho.
Ele dá risadas.
Entramos.
Meu Deus amo sorvete!
Mil corações para essas delícias.