Perguntas com respostas pouco comuns

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Primeiro dia numa nova escola. Não sei o que me espera. Novas pessoas, novo ambiente, novas maneiras de ser e de estar. Não conheço ninguem, não sei o nome de ninguém, á exceção do da minha nova diretora de turma, obvio.

 Estou receosa, bastante até. Não me posso considerar uma pessoa muito social, aliás, o meu grupo de amigos - se assim os posso chamar - era bastante restrito e bastante desinteressado em relação à minha pessoa, acredito até que só me deixavam andar com eles por puro sentimento de pena.

Os meus pais divorciaram-se e decidi ficar a viver com o meu pai, nada contra a minha mãe, apenas o facto de eu e o meu pai não chocarmos tanto e de ser sempre ele a ouvir-me quando tenho algum problema ou preciso de algum conselho. A minha mãe não è tao compreensiva, è bastante superficial até. Era capaz de preferir um par de sapatos novos em vez de abraço e um beijo do marido e da filha. Obvio que não somos todos iguais e eu respeito-a, mas o meu pai faz me sentir mais segura e mais confiante. Só não pensei que ele, sabendo dos meus problemas, me iria obrigar a mudar de escola. Já não me chega não me conseguir integrar num grupo que ainda vou ter de me tentar integrar noutro? Talvez ele só queira que eu comece de novo, conheça outras pessoas, outras ideologias, outras ideias do que é a amizade. Eu não encaro essa decisão dessa maneira, vejo-a como mais um problema de sociabilidade que vou ter de tentar superar, mas apesar de não querermos admitir e de continuarmos a ser casmurros, os pais costumam ter razão.

Apreensiva mas determinada, uma guerra de sentimentos contraditória está a acontecer agora, neste preciso momento dentro de mim. Agora surge o nervosismo! Sinto-me como uma paleta de cores primárias suja de tantas vezes usada e nunca lavada. Diferentes cores que quando juntas transformam-se em algo novo. Vós, inúmeras pinturas e desenhos que rejeitam o preto e o branco, como eu vos detesto neste preciso momento! Calma; respira… Calma; respira… Calma; respira… Bolas! Não está a dar resultado… Pai, onde estás? A ir para o trabalho com certeza… Não me interessa! Anda para trás, andar ter comigo, anda acalmar-me e controlar este corpo, que treme como uma imagem de um desenho animado quando está com frio. Só tu sabes dizer “Calma; respira…” e fazer aquela contagem de maneira a orientar-me para o caminho da paz interior que me reconforta a alma e me diz: Vai tudo correr bem, não precisas de te preocupar. Porque nunca me ensinas-te a ter autocontrolo? Tão insegura, tão vulnerável, tão dependente de ti… Pensas-te que ias estar ao meu lado todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os momentos da minha vida? Preciso de ti já! Aqui e agora! Ensina-me…

Faltavam 5 minutos para o primeiro toque da manhã e entrei num dos pavilhões. Três andares, incluído o rés-do-chão, formavam um enorme paralelepípedo cortado no centro por um semelhante, todo envidraçado que para além de deixar entrar a ainda preguiçosa luz do sol, deixava um espaço vazio calcetado onde quatro portas davam acesso do interior para o exterior isolado, distribuídas pelas quatro arestas. Virei a esquina para subir as escadas quando alguém falou em tom autoritário:

-Onde é que a menina pensa que vai?

Virei-me e encontrei uma senhora de meia-idade, muito provavelmente funcionária devido á bata amarela escura que estava a usar, a olhar-me de forma séria e persistente como se através do meu rosto conseguisse desvendar todos os segredos do universo. Escondi as mãos trémulas atrás das costas e concentrei os meus olhos no chão, mesmo assim o meu nervosismo foi claramente exposto quando falei com uma voz abafada que acentuava a frase dita aos tropeções e acidentes:

-Ia para a sala.

-Não sabe que só pode entrar no pavilhão quando tocar?

-Desculpe. Só queria descobrir onde ficava a minha sala antes de todos entrarem.

-Então tu não sabes onde vais ter aula?- perguntou-me ela com a sobrancelha levantada de incompreensão.

-Não, eu sou nova aqui.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2014 ⏰

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