3º Quem São?

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Eu odeio rotina. Toda vez que me vejo fazendo as mesmas coisas repetidas vezes, fico com raiva e imaginando de que forma eu posso mudar isso. A única tradição que existia em minha vida desde o ensino médio era a saída 3 vezes na semana, a noite com meus dois melhores amigos. Sempre íamos ao bar perto da praia. Mas as vezes inovávamos também. Maryna era do tipo aventureira que cada dia surgia com alguma novidade, eu também adorava coisas novas e originais, Patrick era o único que dançava conforme a musica. Então era sempre a gente que determinava o que iríamos fazer pelo nosso grupo no WhatsApp.Seguindo a parte seguinte a minha rotina/tradição de sair com meus amigos a noite, acordei e fiz minha higiene matinal. Dessa vez não sentia fome, apenas uma leve dor de cabeça então desci na intenção apenas de pegar remédio, água e chocolate. Enquanto eu passava pela cozinha ouvi discussão vindo do salão. Peguei minhas coisas e fui até lá checar o que estava havendo. Antes de entrar ouvi meus pais...-A hora vai chegar, Lucille. Seja mais centrada, para de chorar pelos cantos e alarmar... -Meu pai bradava e eu ouvia minha mãe choramingar. Invadi a sala em busca de respostas. Eu já tinha me acostumado com as discussões dos meus pais. Mas odiava ver minha mãe chorando, porque quando o meu pai queria ele conseguia ser um completo escroto.-O que está acontecendo? -Perguntei chamando a atenção de todos. Minha mãe se espantou e enxugou as lágrimas depressa.-Filha! -Ela disse surpresa. -Nada. Não está acontecendo nada demais. Só estamos conversando...-Está bem emotiva hoje, mãe? -Perguntei sarcasticamente olhando para o meu pai.-O que? Sim... Eu... Estou de TPM-Sorriu em disfarce e mentiu, obviamente.-O que está acontecendo, Charlie? -Perguntei séria, para o meu pai.-Ainda sou seu pai, Melannie. -Advetiu -E não venha me perguntar o porquê da sua mãe estar chorando. Pergunte a ela. Eu não tenho nada a declarar. -Minha mãe assumiu uma postura rígida e o olhou com raiva. Ele percebeu, mas fingiu que não e manteve o olhar em mim. -Só gostaria de te comunicar que neste final de semana chegará uma família aqui. Passarão algumas semanas conosco, pois o pai está tratando de negócios comigo. -Ele disse olhando para minha mãe e para mim em seguida.-E quem são eles? -Perguntei-Faremos um almoço para apresentação. Eles tem dois filhos e vocês vão se dar bem, tenho certeza. -Ele disse, em um tom esquisito e minha mãe abaixou a cabeça.-Filhos? Crianças? -Perguntei confusa e desconfiada. Odiar é uma palavra muito forte, mas eu não conseguia suportar e lidar com crianças, mesmo que eu tentasse. Aqueles turbilhões de perguntas que elas sempre faziam, as brincadeiras que nos obrigavam a participar, era tudo tão... Infantil. eu não tinha paciência e amor para lidar com esses tipos de coisas.-Não. Quer dizer, tem um menino mais novo, mas enfim. Você irá conhece-los.Revirei os olhos e o olhei fundo. Eu sabia que havia mais coisas que aquele homem (meu próprio pai) me escondia. Eu só não sabia ainda o que era. AINDA.-Contanto que eles fiquem longe de mim... -dei de ombros -Mãe, estou no quarto se quiser conversar. -ela confirmou com a cabeça e me deu um meio sorriso. Dei as costas e voltei para meu quarto com minhas coisas.Passei o dia deitada lendo, dessa vez livros de ficção mesmo. Era o único género que eu lia além de terror. Ai vocês me perguntam "E os tradicionais romances?" e eu te respondo "Olha bem para essa Elsa aqui e me diz se tenho cara de quem acredita e suporta essas historinhas sem graças de amor?!" Óbvio que essa coisa de "final feliz" com um cara é ficção também. Mas ficção por ficção eu preferia do tipo mais surreal, coisas de outro mundo. Ou um mundo futuro.Hoje é quinta-feira. Não tinha nada planejado para fazer então decidi mandar mensagem para Maryna a convidando para vir até aqui jogar conversa fora.-Fala, puta-Aprendeu com quem esse carinho todo? -Perguntei rindo da forma que ela me atendeu, Mesma forma que a atendi na noite passada.-Segredo. -Nós rimos.-O que está fazendo? Nada de importante, certeza. Vem aqui com suas revistas de moda para lermos e jogar conversa fora-Para eu ler né? Por que você não tá nem ai pra moda. Tão original que você mesma faz sua moda.-Claro. Originalidade e personalidade forte -Sorri, mesmo sabendo que ela não podia ver.-Aquariana tipica, né querida?!-Obviamente. Vem logo!-Está bem. -Ela disse desligando.Minutos depois Maryna apareceu com algumas sacolas e eu já soube que ela tinha se convidado automaticamente para dormir aqui. Que bom.-Não entendi a mudança. -Zoei-Cala boca. Essa casa já é minha também há 8 anos. Onde está minha mãezinha? -Eu ri.o pior é que era verdade. Houve um tempo em que Maryna passava mais tempo aqui do que em sua própria casa, logo fez uma grande amizade com minha mãe. Do tipo que a chama de mãe também, não de tia.-Deve estar no quarto chorando, de novo.-Chorando? -Maryna perguntou, largando as coisas no chão perto da escada e se virando assustada para mim. Minha mãe era tão calma e sorridente que chorar era algo muito raro para ela, mesmo sendo muito sentimental. -Preciso vê-la. -Miranda saiu na frente indo até o quarto da minha mãe. Bateu duas vezes na porta e entrou. -Mãezinha, olha quem apareceu!!!-Maryna!! Quanto tempo, filha. -Minha mae se levantou deixando o notebook de lado e abraçou minha irmã emprestada, que já estava de joelhos na cama abraçando-a com todo amor.-Estava com saudade também. Mas Annie me mantinha longe. Ciumes né? -Ela sussurrou para minha mãe e ela riu. Peguei um travesseiro da cama e joguei nela rindo.-Idiota. Quem é você no jogo do bicho para eu sentir ciúmes de você? -Nós rimos.-E o papai? Continua rabugento?-Acho que não vai mudar nunca. -Minha mãe disse se deitando e passando a mão pela cabeça. Mas maryna logo tratou de fazer mais brincadeiras e fiquei feliz por ver minha mãe mais tranquila que nos últimos dias.Já no final da tarde fomos eu e Maryna para fora da casa. Sentamos perto da piscina enorme que tinha logo na entrada da casa e ficamos conversando-Já tô nervosa só de imaginar um ser pequeno correndo aqui pela casa e bagunçando tudo. -Falei, imaginando a criança que chegaria com a tal familia logo depois de amanha.-Tá sofrendo antes mesmo de acontecer, Annie. Relaxa. Vai que é daquelas crianças quietinhas que apenas querem amor. Já que você não tem para dar, ele vai ficar bem longe e pronto. Simples assim.Maryna sempre fazia as coisas parecerem assim mesmo. Simples. Respirei fundo e decidir não continuar com esses pensamentos-Vamos aproveitar os dias livres desse povo que ainda te resta. Vem, vamos entrar.-Que? Não, tá fria! -eu disse para minha irmã que já estava tirando seu shorts e sua blusa larga, prestes a se jogar na piscina.-Vem logo, Melannie! -Gritou dando um salto na piscina que jogou algumas gotas mínimas de água em mim.-Quase não me molhei. Acho que precisa engordar, mana. -Brinquei.-Sou gostosaa!! -Ela disse pra mim e eu ri. Pior que era. Essa vaca do corpão!Me rendi a suas brincadeiras e me joguei depois de tirar meu macaquinho também. Liguei o aquecedor e a água ficou quietinha então passamos um bom tempo ali. Só saímos quando sentimos a fome bater, então fomos nos secar para o jantar. Chegamos na mesa e meus pais estavam lá já. Meu pai pareceu notar uma presença a mais então Maryna o cumprimentou e foi retibuida.-Paizinho!! -Ela disse indo o abraçar-Olá, Maryna. Nos abandonou... -Falava usando a simpática que ainda lhe restava para usar com as pessoas de fora.-É. Andei meio ocupada com os preparativos para meu futuro. Mas estou voltando.-Que bom! É sempre bem-vinda, nunca se esqueça.Eu e minha mãe nos olhávamos, eu sabia o que ela estava pensando. Aquele embuste do meu pai só conseguia ser assim com outras pessoas. Se maryna não estivesse presente, o jantar seria silencioso e tenso. Agradeceria a ela mais tarde. Ocorreu tudo bem. Depois do jantar nos duas voltamos para o quarto e meus pais não sei. Provavelmente ele pro escritório. Minha mãe... Ler algo provavelmente.-Patrick esta tão atarefado ultimamente com esses estudos. -Maryna comentou enquanto olhava pela tela do celular, falando com ele por mensagens.-Chamei para vir pra cá, disse que não podia.-Dei de ombro. Mas na verdade eu sabia que não era só por isso que ele não vinha aqui. Patrick sempre evitava vir aqui. Só não faço ideia do porque. Já que cresceu correndo comigo por essa mansão a fora. Se dava super bem com minha mãe, apenas com meu pai o clima era bastante tenso e sei la... um pouco formal. Parecia aqueles pais que sempre tratam o filho homem como se fosse um soldado. Credo! Seria assim se eu tivesse um irmão mesmo? Eu hein...-é... eu entendo ele. Estou doidinha estudando para já começar o semestre bem. -Suspirei. Imaginando que daqui alguns meses estaria em Los Angeles.-Meu caso é mais fácil, mas não menos importante. É tanta coisa para focar, entender, juntar. -Ela suspirou e eu imagino o trabalho que dever ser. -Pelo menos é algo que gosto e me identifico -ela deu de ombros não se importando com o trabalho que vai dar. Esse era o objetivo. Quando se ama o que faz, nem pensa no trabalho que dá. Eu adoro ver é os resultados, estou sempre imaginando o depois. Por isso gostava de imaginar o meu futuro tão sonhado.-Mas nesse momento estou cansada. Que tal irmos dormir? -Sugeriu e eu apoiei. Já passava de 1 da manhã e já tínhamos conversado sobre todo tipo de assunto. Apagamos a luz e fomos dormir. As duas na mesma cama de frente para a outra, se olhando e rindo, até pegar no sono. Como sempre fazíamos...

⚜⚜⚜ Logo teremos mais capítulos. Aguardem💙

Descobrindo o AmorWhere stories live. Discover now