Não chora no meu cadáver

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Ja era a terceira vez que Donna chorava em uma cena de crime e isso ja estava ficando ridículo. Donna era uma profissional muito competente e seu comportamento ja estava sendo comentado pelos colegas de trabalho.

O motivo de seus surtos de lágrimas gratuitas era devido aos hormônios, ela estava doando óvulos, era um favor pessoal a uma amiga que queria engravidar, mas tinha problema com... a idade.

Ja era o terceiro caso igual: Um homem baleado e morto em um bar bem conhecido por seus jogos de pôquer. Havia várias testemunhas oculares, mas o filho da puta tem o dom de despistar e sumir com seus rastros. Deixando um total de zero informações úteis.

Donna respirou fundo e limpou as lágrimas com a manga de sua jaqueta, além da choradeira seus seios estavam doloridos por conta do inchaço. Ela os massageava tentando diminuir o desconforto.

--Que droga de hormônios. -reclamou virando de costas para a cena, não queria que seus colegas a vissem dando outro show.

--Hey xuxu, quer um lencinho? -perguntou um dos suspeitos passando ao seu lado todo debochado, estava sendo escoltado --Um copo d'água, absorvente, chocolate?

Donna respondeu a implicância lhe dando um soco em cheio bem no meio do nariz, talvez tenha até quebrado. De início ele ficou em choque, mas depois sorriu lhe lançando um beijo no ar. Nojento!

--PAULSEN! - a sargento Pearson a repreendeu pelo soco. --Se controle ou vou ter que te tirar do caso e não me importo se é a melhor detetive de N.Y, ouviu bem?

--Sim sargento, me desculpa -ouvir alguém gritando com ela só a fez ter ainda mais vontade de chorar. --Eu sei que falar isso é besteira, mas você mais do que qualquer um sabe que são os hormônios.

--Santo Deus -falou ela com impaciência na voz --, vá a um médico, não quero te ver chorando na minha cena de crime de novo, muito menos perto do meu cadáver. Lembra da semana passada?

Donna balançou a cabeça em afirmação e começou a respirar fundo junto com a sargento, uma técnica de auto controle para não voltar as lágrimas.

--Tira o resto da manhã de folga e se acalme.

--Não quero que achem que eu não posso cuidar disso, eu posso Jéssica! Você sabe que eu posso. Sou a melhor desse departamento.

--Acha que eu não sei disso? Vamos fazer assim, vá para casa agora e faz o plantão da noite. Direi que seu cachorro morreu e você precisava de um tempo.

--Eu não tenho cachorro -falou fungando pensando na morte do seu cachorro falso. --Tudo o que preciso é de um banho quente e ficar nua o máximo de tempo possível, meus peitos estão me matando.

A sargento respirou fundo e a mandou para casa, era uma ordem.

Chegando la Donna tratou logo de tirar seu sutiã e o jogou em qualquer lugar, logo depois foi direto para a geladeira.

Era como se estivesse em uma TPM mutante, seu corpo doía, seus peitos incharam, seu humor mudava a cada segundo, além de chorar por nada.

Tirou seus sapatos e observou sua geladeira e concluiu que não tinha nada de bom, nada que queria comer naquele momento. Foi até o armário pensando que talvez por algum milagre teria alguma coisa doce. Não tinha.

Foi até o banheiro com seus pés arrastando e deixo a banheira enchendo e como se uma luz brilhasse em cima da sua cabeça Donna se lembrou de um lugar que sempre tem coisas doces, mas seria muita cara de pau ligar para a senhora do andar de baixo.

--Mas ela me adora então se eu explicar a situação acho que fica tudo bem, não é? -falou para seu reflexo no espelho.

Ela entrou na banheira pesando seus prós e contras sobre ligar ou não. Era certeza de que se ela ligasse a senhora do andar de baixo a convidaria para tomar um café.

DonnaOnde histórias criam vida. Descubra agora