O último dia

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-Sou eu Harvey, Marcus.

...

-Mas agora é Hillary como pode ver, eu fico bem assim né? É muito fácil ficar invisível quando se está foragido. Eu aprendi algumas coisinhas na rua.

Harvey apenas a observou tentando pegar algum sinal de blefe. Não encontrou nada. A mulher a sua frente revirou os olhos e empunhou a arma, Harvey estava em choque.

-Você já foi mais esperto irmãozinho.

Harvey levantou as mãos sentia uma raiva dentro de si, como ele não tinha percebido antes que era ela o tempo todo. O atraso na investigação, as pistas falsas, era tudo Marcus, ou melhor Hillary.

-O que você está fazendo? Onde está Donna, se você fez alguma coisa pra ela eu juro...

-Calma Romeu, ela está bem. E cala essa boca que eu dou as ordens agora. -Ela moveu a arma de modo que o fez andar em direção ao carro.

-O que você quer? -Harvey perguntou trincando os dentes a sentindo pressionar a arma em suas costelas.

-Você sabe o que eu quero. Sabe o que é ficar na sua sombra por todos esses anos? -Ela pressionava com mais força a modo que qualquer movimento em falso dele resultaria em um estrago sem concerto. -Harvey é isso, Harvey é aquilo. Você por acaso sabe que nós nem somos filhos do mesmo pai? A culpa disso tudo é sua Harveysinho. -Ela passou a sussurrar. -O perfeito, o melhor detetive do FBI, o papai do ano com a garota mais legal do mundo.

-Marcus... -Ele tentou.

-É Hillary! Entra no carro.

Harvey se sentou no banco do motorista e passou a dirigir, Hillary ditava o caminho. As palmas das mãos dele estavam suando, ansioso. Marcus estava irreconhecível, sua voz, a expressão em seus olhos, seu cabelo. Era realmente outra pessoa, mas nunca pensou que seu irmão fosse capaz de fazer algo assim.

Harvey não conhecia o caminho que estavam fazendo, virava muitas vezes em ruas aleatórias e se perguntava se Hillary realmente sabia para onde estava indo.

-A Scottie foi uma peça crucial sabia.

-O que quer dizer?

-Quando eu a encontrei depois de prendermos Stephen pensei no plano perfeito. E aí manipular a mamãe a fazendo pensar que pintura seria uma ótima terapia para Donna, foi fácil demais, deixar a casa aberta em trânsito foi o cheque. Tudo estava caminhando como eu queria. Mas aí aquele menino o Adam me viu entrando na casa e tive que cuidar dele também. Pobre rapaz tinha talento.

-Você não precisava fazer isso. Donna ela está grávida, você sempre gostou de crianças porque quer machucar as minhas?

-Eu não quero machuca-las Harvey, é isso que você não entende. Eu quero machucar você. Elas são apenas efeito colateral.

-Você não está pensando direito. Você tentou me matar, aquele dia você atirou em nós.

-Ah mas não era pra valer, aquilo foi só brincadeira pra esquentar as coisas.

-Donna quase perdeu os bebês seu doente.

-Olha como fala com quem está segurando a arma.

Harvey ficou em silêncio agoniado, o carro estava ficando apertado demais, agarrou com força o volante. A rua estava deserta e pedia com todas as suas forças que Hillary o levasse até Donna.

-Eu não achei que fosse demorar dois meses.

Harvey não respondeu.

-Foi legal no começo, mas agora tá entendiante.

Ainda em silêncio.

-Vire aqui. -Harvey obedeceu. -Pronto, chegamos.

Eles pararam em frente a uma enorme mansão. O jardim da frente era impecável e simétrico de uma forma doentia. As rosas brancas trilhavam o caminho até a entrada principal.

O cheiro de rosas invadia suas narinas, o odor era enjoativo e quase pegajoso, sentia em seu físico.

-Sai do carro.

Harvey obedeceu. Hillary ainda o tinha como alvo e ele precisava imediatamente conseguir sair daquela situação. Donna provavelmente estaria ali e seu coração batia fortemente em seu peito.

Donna estava sentada na imensa cama daquele quarto subterrâneo. As persianas balançavam lentamente com o vento tímido da madrugada da única janela que tinha naquele quarto, não podia nem contar quantas vezes pensou em gritar socorro por aquela janela.

A bomba em seu tornozelo pesava cada vez mais. Tentava de todas as maneiras não pensar no tic tac do relógio. Hillary contou a ela que já se conheceram. Há muito tempo atrás antes de Jéssica acolher Donna. Tentou tranquiliza-la dizendo que não queria machuca-la, dizia a todo momento que ela estava de férias.

Aparentemente Hillary estava obcecada por ela e Harvey. Sentia uma raiva tremenda do irmão por sabe-se lá qual motivo, inveja Donna arriscava dizer.

Donna andou até a porta, estava trancada obviamente. Andava com dificuldade por conta da enorme barriga e pelo peso em seu tornozelo.

Ela passou a fazer carinho em sua barriga, a camisola de seda passava suavemente em sua pele. Hillary nunca estava ali com ela, o que era bom, mas o quarto era repleto de câmeras estava sendo vigiada o tempo todo. Uma enfermeira ficava a disposição de Donna em tempo integral, não sabia qual era a real relação dela com Hillary.

Donna andou até a janela e colocou um caixote ali para poder alcança o vento, afastou com os dedos a persiana da janela entreaberta de vidro. O frio fez com seus pêlos arrepiarem. O cheiro daquele lugar era insuportável, mas mesmo assim respirou fundo com os olhos fechados e quando tornou a abri-los foi aí que o viu. Seu coração batia acelerado em seu peito. Harvey estava ali. Ele não podia estar ali, Hillary vai mata-la naquela noite.

O desespero começou a tomar conta dela e tentou se acalmar, a pulseira em seu pulso avisava a enfermeira assim que sua pressão subia. Então pensou melhor, usar a enfermeira para sair daquele quarto não era uma ideia ruim.

Com certeza a enfermeira já estava a caminho. Houve batidas na porta e Donna se posicionou, não tinha nada lá para que ela usasse como arma então serrou seus punhos e respirou fundo ficando do lado da escada.

-Donna? Algum problema? -A mulher perguntou alto.

Donna não respondeu. E imediatamente ouviu o som do click da porta se abrindo. A mulher deu dois passos para dentro, começou a descer as escadas e quando chegou no último degrau Donna a surpreendeu. Paula em poucos minutos amoleceu em seus braços e Donna a soltou no chão.

Donna sentiu uma pontada na barriga e respirou fundo se apoiando na parede, estava de cinco meses já.

Ela passou a andar cautelosamente subindo as escadas, durante todo o tempo que esteve ali nunca havia saído do quarto então não sabia pra onde estava indo.

Hillary estava na sala com Harvey, ela passou a dizer coisas sem sentido e por um momento baixou a retaguarda, a oportunidade perfeita para Harvey a desarmar.

Ele agora com a arma em punho fez voz de prisão. Hillary começou a rir e tirou do bolso um detonador.

-Não achou que seria tão fácil assim achou?

DonnaOnde histórias criam vida. Descubra agora