Prólogo.

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"Dizem que a pior perda é aquela que não se ver. Infelizmente perdemos a nossa alma alguma vez na vida com determinado sofrimento". 

Samantha Katherine London

Londres, Inglaterra.

Arranhava com minhas unhas o espelho amplo com detalhes dourados nas bordas. Aquele espelho era o preferido da minha mãe Kate. Infelizmente nunca mais sua imagem elegante e distinta seria refletida nele. Até ontem a minha vida era perfeita, e não havia preocupações desnecessárias, porém, tudo mudou como água para o vinho. Meus pais morreram antes do por do sol num acidente automobilístico na estrada Passo Dell Stelvio, considerada uma das mais perigosas na Itália, lugar onde estavam passando a segunda lua de mel. A dor que sentia não se comparava a nada que veria em breve. A minha governanta Agatha, me alertou que possivelmente seria mandada para um orfanato, ou algum abrigo nos arredores da cidade de Londres, pois o meu pai não havia redigido nenhum testamento que me deixasse responsável pela fortuna, e a lei em Londres era bastante clara referente a isso.

"Caso o membro legal que possui fortuna ou ações de empresas, não manifestarem sua vontade através de um testamento, ou carta registrada em cartório, o dinheiro e os bens legais serão doados para o governo".

Estava prestes a perde tudo que meus pais construiram, e pior não teria um lar decente, não teria ninguém que pudesse se responsabilizar pela minha educação até a maioridade. Eu estava perdida e sabia disso, não havia esperanças para mim.

—Samantha?.—Ouvia Agatha me chamando.

Olhei em direção há porta, e a constatei parada me lançando olhares de compaixão e alguns deles eram tristes. Agatha trabalhava para os meus pais desde quando eu era apenas um bebê inocente, ela havia cuidado de mim quase dezessete anos, e dentro de pouco tempo possivelmente não haveria outra vez. Eu queria chorar, gritar e vomitar, mas ao invés disso me esforcei e continuei olhando para Agatha, de maneira mecânica.

—Quero ficar sozinha, por favor.—Implorei fungando, e apoiando minha cabeça sobre o vidro gelado do espelho.

—O advogado Johnson Summerstone, está aqui procurando por você.—Murmurou aflita.—Estou com medo minha menina.—Confessou com lágrimas nos olhos.

—Provavelmente ele veio me buscar para ir embora dessa casa.—Deixei que minhas lágrimas escorressem livremente.—Serei mandada para algum orfanato horrível! longe de você!.—Completei a frase cruel.

—Samantha, não vamos pensar no pior.—Disse num tom esperançoso.

—Provavelmente.—Falei num fio de voz.—Ele veio me buscar, tenho quase certeza.—Engasguei com o meu próprio choro ao pensar na morte dos meus pais, e qual seria o meu destino.  

—Eu prometo que jamais vou abandona-la, minha menina.—Agatha se aproximou,  me puxando para um abraço apertado, e cheio de afeto.

—Eu te amo Agatha, por favor não me abandone.

—Jamais abandonarei a minha menina.—Garantiu com firmeza na voz.—Eu te amo e ficaremos juntas até o fim.

Me afastei com relutância do seu abraço, e balancei a cabeça em sinal de concordância.

—Obrigada.—Agradeci a ela.

—Vamos parar com essa cena triste menina.—Falou sorrindo.—Está tarde e o advogado espera por você no escritório.

Lancei um olhar temeroso para ela. Sem alternativas a acompanhei até á saída do quarto dos meus pais, e fechei meus olhos por alguns instante imaginando qual seria o meu destino impiedoso.

Olhos azuis. (Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora