Capítulo 7

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Demorei um bom tempo até dormir por ficar tentando organizar o que está na minha cabeça. Acordo cedo por algum milagre e entro em baixo da água fria antes que minha coragem vá embora. Me enfio, com muito custo, na única calça jeans limpa, que é justamente a mais apertada e procuro por alguma camiseta. Calço o all star e pego o primeiro casaco que encontro.

Eu me sentia nervosa sobre como agir com Guilherme devido às coisas que aconteceram, mas dois dias se passaram na mesma normalidade de sempre, a única diferença era que ele me cumprimentava vez ou outra quando nos esbarravamos. Ele agia casualmente, como se não houvesse acontecido nada, o que não me surpreende considerando seu histórico.

Ontem, por algum motivo, uma pitada de ciúmes surgiu quando vi uma garota do 3°B, acho que o nome dela é Carol, entrar em seu carro no término da aula, mas logo voltei a mim e lembrei que nos beijamos apenas algumas vezes.

Hoje, durante a aula de história, um post it rosa choque pairou sobre a minha mesa e imediatamente olhei para Yasmin. Ela parecia concentrada demais na aula para ter me jogado isto.

*Festa de despedida do Rafael. Sábado, na minha casa às 21:00.*
- K

Até onde me lembro, sou a única pessoa da classe com letra K. Leio novamente a mensagem mas os traços finos e limpos me dão a certeza de que li corretamente.

Olho em volta e levanto o papel super discreto na direção da única pessoa que está virada para trás.

"É seu?" cochicho para que apenas ele ouça e ele acena em resposta.

* Por que 'K'? * Escrevo de volta e espero o professor se virar para atirar o papel de volta a mesa do Gruilherme.

Volto a mergulhar no meu livro e não o percebo jogar o papel de volta novamente.

* Quase fiquei ofendido. Prazer, Guilheme Khaled. Eu passo na sua casa.* Agora que parei para pensar, são raras as vezes que alguém o chama por Guilherme, mas também nunca vi o chamarem por Khaled.

Não deveria aceitar por causa de ontem, mas talvez tenha sido apenas uma carona. Ou talvez tenha sido algo mais mesmo, mas não importa, não é como se namorassemos de qualquer forma.

Apenas aceno e ele entende a minha resposta.

***

Já é sábado, sete e quarenta e cinco da noite para ser exata. Estou com muuuuuita preguiça de começar a me arrumar e minha querida amiga está dando um chilique por isso.

"Vai para o banheiro. Agora." Ela praticamente me empurra e joga uma toalha em cima de mim.

Desta vez irei do meu jeito. Optei por usar uma das únicas saias pretas que tenho e uma camiseta, ambos colados ao corpo. Me sinto desconfortável com o tecido mas só vou usá-lo por algumas horas então basta. Para completar meu look gótica suave, coloquei sapatilha e uma jaqueta. Se a Yasmin quiser me atacar pelo menos posso dizer que estou toda trabalhada no "all black". Faço um pequeno desfile bem blogueirinha e reparo seu olhar negativo.

"Se você soltar um pio, eu volto pro banheiro e visto um pijama." ela ri e engole as palavras que estava para soltar.

"Ok, ok." levanta as mãos em rendição.

Ouvimos a campainha tocar e saio procurando minhas coisas pela casa. Chave, dinheiro, celular. Ok.

Abro a porta um tanto ofegante pela pequena corrida e o encontro em sua plenitude. Ele também está todo de preto, não que isso me surpreenda, e com o cabelo todo jogado para trás.

"Oi. Estamos atrasados." Ele ri encostado no batente da porta.

A viagem foi tranquila e se passou com os nossos comentários sobre a música da rádio.

Como sempre, a música alta podia ser ouvida num raio de dois quarteirões e a quantidade de pessoas é absurda para o tamanho da casa, e olha que não é pequena.

"Quer beber alguma coisa?" Ele pousou a mão sobre as minhas costas me guiando casa adentro.

"Têm água?" Ele riu da minha cara e quase se enfiou no freezer para achar uma garrafinha.

Uma menina, muito bonita por sinal, passa e nos cumprimenta rapidamente. Gostei dela, se chama Regina. Outras amigas dele passaram por nós mas não me incomodo em lembrar seus nomes.

Um tempo atrás passou outra pessoa legal, acho que seu nome é Daniel. Problema é que arrastou o Khaled junto com ele para pegar uma nova bebida. 42 minutos é tempo suficiente para dar trocentas voltas nessa casa e beber muito.

Me canso de esperar e saio andando ao banheiro. Por questões de segurança, decido usar o do quarto dele. Abro a porta para ver a mesma cena de umas semanas atrás e, por algum motivo, não me encontro surpresa. Mas deu uma pontadinha no peito, porque aquele 1% esperava que ele tivesse a decência de não fazer isso hoje, já que foi ele mesmo quem sugeriu sairmos.

Saio do quarto sem notarem a minha presença e volto a sala de entrada. Ligo para Yasmin me buscar e pego um dos shots que estão tomando a minha frente. A bebida passa queimando, mas num momento de euforia decido que preciso de outro. E outro. Ele não vai estragar a minha noite.

🌌

Aooooi. Quem é vivo sempre aparece né?
Gente, perdão por ficar tanto tempo sem postar, mas o Enem tá aí no final do ano e tenho que estudar o máximo que posso. Isso sem contar a minha falta de ideias para escrever.
Não quero desistir do livro mas, infelizmente, também não posso dar uma data de quando sai o próximo capítulo. Pode ser na próxima semana ou no próximo mês, mas uma hora ele sai.

ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora