I - Angeline

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Fui até a minha mãe pisando duro
- eu não quero participar desse concurso por que os dois não saem de casa para conhecer alguém!
- você vai querendo ou não!
- não! Você não pode me obrigar! Já tenho mais de dezesseis anos! Eu cuido da minha própria vida!
- enquanto você estiver debaixo do MEU teto quem escolhe o que você vai fazer ou não, sou EU!
- então eu não vou morar mais aqui!
Saí pisando duro, fui ao meu quarto e comecei a fazer as malas, fui ao espelho pegar alguns produtos e vi uma sombra na porta, Alice.
- Lice?
Me virei e ela veio na minha direção, me ajoelhei pra ficar do seu tamanho, Alice tem apenas três anos, mas é esperta, madura e compreensiva mais do que um adulto, apesar de falar errado
- é vedadi que você vai embola?
Ela fungou, seus olhos estavam marejados, mas logo soltaram uma lágrima
- ô meu amor - passei a mão em seus cabelos, depois sequei as lágrimas que caiam, como fui me esquecer dela? - sabe, eu já to grande e vou trabalhar sozinha, mas eu prometo mandar doces todo mês, tá?
Ela deu um pequeno sorriso
- tá - disse com a voz fraca e abaixou a cabeça
- me promete que você não vai ficar triste, a unica coisa que vai sentir é saudade, me prometa Alice
Ela fungou de novo e levantou o olhar, lagrimas caiam sem parar dos seus olhos, deixando os mesmos vermelhos
- Puquê?
Ela abaixou a cabeça de novo e soluçou
- Lice - levantei seu queixo - eu te amo tá? Mas eu preciso ir, a mamãe tá pegando pesado comigo, mas eu tenho que ir pra ela perceber o erro que cometeu e me pedir pra voltar, promete pra mim que você não vai chorar mais
Ela fungou e limpou o rosto
- tá, eu pometo
- então tá minha linda, vai chamar o Thomas pra brincar
Ela deu um sorriso largo
- tá
E saiu correndo, fiquei olhando ela se afastar do meu quarto, correndo e rindo, virei pra terminar de arrumar a mala e ouvi batidas na porta
- esqueceu algo Lice?
Me virei e era o meu pai
- pai?
- querida sente aqui eu quero conversar com você
Me sentei na cama e ele sentou do meu lado
- o que foi pai?
- reconsidere em ir para a seleção
- pai! Pai! Não!
- querida! Querida! Angel! Escute-me
Respirei fundo
- ok
- você sabe se vai ser escolhida?
- não
- então! Se você for escolhida bem! Se não for bem também! Olhe querida, se inscreva, se você não for escolhida, sua mãe terá que se aquietar, mas se for, teremos chances de ter comida todo dia e de comprar presentes no natal, Alice e Tom iriam adorar, né?
- é, tem razão pai, vou pensar se me inscrevo, tem muita coisa em jogo
- o que?
- não posso contar pai, não agora, talvez no momento certo eu conte
- ok, mas desca logo para jantar

Ele saiu e eu desfiz a mala, depois desci, tinha pouca comida e alguém sempre queria mais

Depois do fim do jantar, todos subiram e eu tirei a mesa, lavei os pratos e guardei na geladeira o meu prato intocável, depois fui ao quarto e vesti um short cáqui marrom, com uma blusinha azul, passei brilho nos lábios e rímel preto, fiquei olhando a noite pela janela

Quando chegou perto da meia noite, vi uma silhueta entrar no casebre, que ficava no meu quintal, desci as escadas e peguei o meu prato, saí de casa em direção ao pequeno casebre, entrei e fechei a pequena portinhola atrás de mim, coloquei o prato no chão e uma vela acesa se aproximou de mim, ele com seu sorriso malicioso disse
- oi linda

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