Beth disse que meu pai veio aqui há algumas horas, e quando soube que eu não estava ele foi correndo me procurar. Posso ver a cena, meu pai vindo em minha direção e eu sorrindo para demonstrar que estava bem, ele me pega pelos ombros e me sacode enquanto pergunta onde eu estava, e depois me abraça como se não me visse há um bom tempo.
Saí para o pátio da prisão e andei em passos lentos em direção ao meu pai, eu me sentia tão ferrado, mas tão ferrado, mesmo sabendo que eu não tinha feito nada demais. Filhos desobedecem os pais sem querer, às vezes por querer, isso não me faz o pior filho do mundo, né? Claro que não.
Cheguei perto do meu pai e ele estava de costas para mim guardando algumas armas no porta-malas do carro. Ele fechou o porta-malas e finalmente olhou para mim.
- Onde você estava?
- Eu saí
- Não foi isso que eu te perguntei - se encostou na lataria do carro
- Fui naquele bar que nós costumávamos ir. Pegar isso - a estratégia da foto tinha que dar certo
- Você foi sozinho em um bar sem nada pra se defender? - assenti - Então o que é isso? -tirou do meu cinto a m22 e eu gelei
- Eu achei. No bar - respondi no automático me sentindo um robô com os ombros rígidos e com o ar preso em meus pulmões.
- Você saiu, mesmo eu tendo claramente falado pra não sair - ele começou se desencostando do carro - Tirar sua arma não adiantou muito, na verdade. Se você não tivesse achado uma, você poderia estar morto - abriu a porta do carro e enquanto ele tirava a minha arma lá de dentro meus ombros caíram e eu soltei minha respiração - Se você quer sair eu não vou te impedir, mas se você vai mesmo ficar saindo - pôs a mão no meu ombro - Toma cuidado - me entregou a arma e eu não conti o sorriso
- Sério mesmo?
- É, acho que você sabe dar conta de si mesmo - assenti e caminhei em direção ao portão, mas parei quando ouvi meu pai chamar meu nome - E vê se enquanto você anda por aí você acha alguma coisa, alguém
Carol veio e entrou no carro, assenti e fui em direção ao portão, quando a porta estava aberta meu pai deu ré e com o carro já do lado de fora, eu volto a fechar o portão.
Não sei porque, mas quando meu pai falou sobre "alguém" eu me senti como se ele soubesse de tudo. O jeito como ele me olhou nos olhos, foi como se dissesse "se você tem alguma coisa pra me dizer, a hora é agora". Eu não dei uma impressão preocupada para ele, então acho que se ele de início achava que eu tinha conhecido alguém, ele saiu sem ter certeza nenhuma. Enfim, não acho que adiantaria falar com meu pai sobre Alice, ela está bem e parece lidar consigo mesma muito melhor do que eu. Não acho que ela está desesperada por ajuda e nem que quer que saibam sobre ela.
As coisas pareciam bem, lógico, muitas pessoas morreram por causa do vírus mas agora que havia passado, as coisas não estavam bem normais, mas já estavam no caminho, quase lá.
Decidi que eu ia sair de novo, fui para ala D e sai pelo buraco, meu plano não era encontrar Alice, mas se eu a achasse seria bom, assim eu devolveria sua arma.
No meio da floresta eu me senti meio inseguro, não sei. Com a habilidade da Alice de subir em árvores eu me sentia no meio de alguma coisa, de uma guerra, talvez. Mas nessa "guerra" meu inimigo tem um poder sobre mim que era o de simplesmente desaparecer. Talvez eu já tenha passado por ela, talvez ela esteja bem em cima da minha cabeça se preparando para me dar um susto, ou talvez não seja ela, seja outra coisa, outra pessoa.
Sai na cidade e me senti um pouco mais seguro, não quis ir muito longe e entrei em uma das primeiras lojas que eu encontrei, vasculhei todos os cantos e não achei nada. Resolvi ir na mesma direção que eu e Alice tínhamos ido hoje cedo e estranhei quando vi uma pichação em frente a escola, eu tenho certeza absoluta que ela não estava aqui hoje cedo, cheguei perto e passei o dedo vendo a tinta sair no meu dedo. Definitivamente era novo.
Eu já havia visto esse símbolo antes, na loja que eu havia entrado a pouco e em outros lugares e até mesmo em carros. E era sempre a mesma pichação. Mesma letra, mesma cor de tinta. Era um nome, de alguma coisa, alguém, algum lugar, eu não faço ideia nunca vi essa palavra até hoje. Acompanhado desse nome vinha um símbolo, uma bolinha e um x dentro dela.
Resolvi dar de ombros, e entrei em uma loja qualquer, matei alguns zumbis e procurei qualquer coisa de comer fui para trás do balcão e procurei coisas úteis. Achei uma arma, uma espingarda, eu acho.
Peguei alguns enlatados e guardei dentro da mochila que eu havia trazido e sai da loja vendo que o dia estava prestes a escurecer. Meu coração acelerou só com o pensamento de ficar sozinho no meio da floresta de noite e eu apressei o passo, quando eu finalmente entrei na floresta senti ela mais escura.
Não era medo de escuro, na verdade era uma sensação ruim, meu coração batia mais forte eu tinha receio de ser pego de surpresa, tem coisa pior do que ser atacado por zumbi e ainda por cima sem conseguir vê-los?
Quando eu cheguei no buraco da prisão foi aí que eu fiquei com medo, com o dia se acabando a prisão ficou escura e os grunhidos que vinham de dentro dela não me deixaram nem um pouco animado.
Dei a volta na prisão, achei melhor entrar pelo portão da frente e em menos de um minuto o portão já estava aberto e eu já estava dentro da prisão. Por sorte a Meggie me viu da torre de vigia e pediu a Michonne para abrir o portão. Meu pai ficou orgulhoso de mim quando me viu chegando com a arma e a mochila, e perguntou como meu dia tinha sido, falei sobre meu dia, ocultando toda e qualquer Alice da história. Também falei sobre os símbolos que eu vi e ele disse que também já havia visto esses símbolos. Mas ela não pareceu muito preocupado com isso, ele parecia meio distante, e eu perguntei o motivo.
- Karen, David...foi a Carol
Abri a boca incrédulo.
- O que você fez com ela?
- Nada. Ela só foi seguir o caminho dela
- Você a abandonou?
- Mais ou menos. Mas ela vai ficar bem, não é? - pela cara do meu pai ele esperava ouvir um "sim".
- Nao sei. Carol tá com a gente desde o início
- É eu sei - Meu pai se recostou na cadeira e soltou um longo suspiro - acha que eu fiz certo?
- Empatia - falei e vi a expressão de dúvida na cara dele - Se colocar no lugar de outra pessoa
- Eu sei - assentiu não vendo aonde eu queria chegar
- E se fosse você no lugar da Carol, você também matou uma pessoa, e ela não tava doente.
- Ele era uma ameaça - se defendeu
- Aquilo ali fora é uma ameaça, o Shane era só um idiota que precisava ser colocado no lugar dele. E você acha que o melhor lugar pra ele é onde ele tá?
- Carl - começou - Você não entende
- Não, acho que a gente é bem parecido. Boa noite - me levantei e sai de perto indo para a minha cela.
Não queria afrontar meu pai, mesmo. Era só um exemplo que acabou sem querer virando uma crítica
Meu pai matou pessoas, Carol matou pessoas. Nenhum deles é melhor que ninguém, a única diferença é que meu pai é o líder.
-x-
esse é o último q eu escrevi completo, e provavelmente o último mesmo. Eu não to com as mesmas ideias de quase dois anos atrás :(
Escrito em 7 de março de 2018
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Dead Land ➸ Carl Grimes | HIATOS |
AdventureEm um mundo tomado por zumbis. Uma garota aparece ameaçando a ordem do grupo de Rick e mexendo com a cabeça de seu filho, Carl.