EFEITO BORBOLETA
A vida pode ser monótona, mas nossas decisões a torna dinâmica.
O impacto de uma escolha, o efeito colateral ou dominó que vem com ela pode ser devastador para o outro lado, e, dificilmente duas pessoas estarão felizes.
Nada é suficiente, parece incompleto e penoso.
Os livros sobre romances são nossa rota de fuga, deixar que a parte dolorosa ou chata da vida real torne mais suportável com histórias impossíveis e encantadoras é um tanto irresistível e quiçá – por que não? – trazer algum tipo de esperança num outro alguém.
Fiz um balanço profundo sobre como essa avassaladora e turva ocasião, que foi conhecer o Theo causou em mim.
E cheguei na conclusão que a minha decisão é um "Efeito Borboleta".
O que aconteceu entre nós pode causar momentos dolorosos, mais para sua namorada, que até desconheço o nome, ou a mim, que ficarei sem a oportunidade de me aventurar nesse desejo.
Seu nome vem à cabeça com um grande aviso de "Proibido", pecado é desejar mais um beijo ardente do que aquele em frente ao cinema, rasgar as nossas roupas emaranhados num tesão incompreensível e depois repousar em seu peito feito mar calmo.
Então mais uma vez minha cabeça condena que isso é injusto, acabar com um relacionamento apenas pela tentadora atração que é estar ao lado dele. Portanto que o efeito tenha o sentido inverso, que venha sobre mim.
***
O pub está lotado, eu e a Mel decidimos tomar cerveja no bar mesmo e ver nosso amigo de longe, sem os olhares provocativos de fãs instantâneas que apareciam perto do pequeno palco.
Meus pensamentos são corrosivos e minha válvula de escape é ela, Mel. Ben nunca se importou, para um artista é até insensível, mas também nunca me interessei em me abrir, cem por cento.
- E você tem falado com ele? Ou desde o cinema nada?
- Nada. Eu não tive coragem e acredito que ele também não, porque no final alguém vai se machucar nisso, né?
- É. – Ela faz uma careta. – Eu entendo. Não acho que ele tenha feito isso por fazer ou que tenha tido a intenção de trair a namorada, foi no calor do momento, vocês estavam ali... com uma vontade explosiva e ele cedeu.
- Acredito nisso também.
- E o que você quer fazer Cat?
Em nenhum momento minha amiga disse "Eu te avisei", pois ela deixou claro que estava na hora de seguir com um grande post it amarelo na minha testa e ainda sim segui o que me deu vontade.
- Deixar como está. Talvez eu sofra menos sem ter que dar um ponto final em algo que nunca existiu e ele viver a vida com a namorada, sem ressentimentos.
- Talvez seja o melhor mesmo. Acho que se você se abrir com ele, pode acabar em caquinhos.
- É... – Dou de ombros. – Vou no banheiro, que ir?
- Vou ficar por aqui.
Assim que passo por pessoas, com uma certa dificuldade, encontrando uma brecha ou outra no pequeno pub me deparo com ele, com eles.
Theo está abraçado com a menina que vi na foto. Ela percebe que ele ficou meio sem graça e eu parada, atônita, então sorri, moderadamente e percebo o inconveniente e saio do campo de visão deles.
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A Brisa de Catarina
ContoCatarina tem uma vida monótona até tocar naquela parte tão usada e ridiculamente jogada de lado no coração, a paixão platônica. Clichê entre seus romances e também em sua coleção de livros, organizados por ano de lançamento na prateleira. Ela, junta...