Refleti sobre o que Maya disse enquanto encarava um ponto fixo na parede, expressando um aspecto concentrado. Estou tão furioso a ponto de explodir sobre qualquer pessoa, mas justo com ela soltei as rédeas dessa forma? Certo, eu sei que ela não merece ser tratada assim, principalmente ser ofendida por palavras absurdas como as minhas, mas não tenho culpa de nada, afinal, quem a mandou se intrometer onde não é chamada? Devia enfiar aquele narizinho empinado onde foi chamada e não o contrário.
Um baixo som despertou a minha atenção, fazendo-me virar a cabeça em direção a porta onde a enfermeira adentrava com uma caixa de primeiro socorros.
— Desculpe sair desse jeito, essa manhã emprestei a caixa de primeiro socorros para um aluno do primeiro e ele se esqueceu de devolver. — deu uma breve risada nasalada.
Um tanto agitado, sacudi as pernas para frente e para trás, apertando o papel com os dedos reagindo a mais um ataque nervoso, furioso por dentro e controlado por fora. É tudo tão mútuo que a vontade de jogar fora esse colar é tão grande, mas falta coragem para que seja feito. A enfermeira Darly molhou o algodão e pressionou contra o corte, estremeci com o contato devido ao ardor e logo em seguida relaxei.
— O sangue que escorria misturado ao seco passava a impressão de que era um corte muito profundo, mas não se preocupe, — deu continuidade na limpeza. — Não é tão ruim assim, não é necessário saturar, vamos apenas colocar um esparadrapo para fechar, tudo bem? — assenti, aliviado. — Lembre-se de sempre estar trocando-o para evitar que infeccione.
— Posso voltar para o jogo?
Ela abriu um saquinho contendo o esparadrapo e cortou fragmentos de extensão consideravelmente curtos, logo aderindo a superfície do corte.
— Pode sim. Boa sorte!
— Obrigado, enfermeira Elly. — saltei da maca, o baque dos pés colidindo-se contra o chão resultou num tremor dentro de mim.
— Mais cuidado da próxima vez.
— Ah, claro. — girei a maçaneta, mantendo a mão presa a ela, com o corpo metade para fora da sala. — Não será só eu que terá que tomar cuidado. — mandei uma piscadela e sai.
É um pensamento mesquinho, mas a única coisa que me importa nesse instante é ganhar esse jogo e esfregar na cara do Simas que suas táticas de tentar me eliminar falharam, eu continuaria nas partidas para assombrá-lo com as minhas incríveis jogadas invejadas por ele, e por conta disso, ele faz o possível para acabar comigo tanto fisicamente quanto mentalmente, arrancando de mim o controle.
Antes que o barulho estava num volume baixo e aceitável devido a minha saída, voltou a se elevar com a minha volta, balançando os braços e pulando, gritando o meu nome ao dar o primeiro passo em direção ao ginásio.
— Justin? Como está se sentindo? — indagou o técnico Carl.
— Ótimo para estourar a cara do Simas. — apunhalei a palma de minha mão.
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A Filha do Reverendo
Fiksi PenggemarDeixe que sua voz flua, ela me leva à loucura e se torna uma abstinência caso eu não possa ouvi-la. Você tenta se aproximar e eu apenas tento me afastar, porque você não é o meu tipo, mas mesmo assim sinto-me atraído pela sua ingenuidade. Pobre anjo...