2. pensamentos de sábado a noite

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Todo sábado a noite, após o plantão, Minah passava em uma loja de conveniência e comprava algumas cervejas, acompanhadas de salgadinhos extremamente oleosos. Apesar de ser uma profissional da saúde e saber os riscos que ingerir alimentos industrializados continham, ela ainda sim preferia esquecer e comê-los sem imaginar as consequências.

Às vezes, Bang só queria esquecer, nem que seja por um segundo, que é médica e que passa mais de vinte e quatro horas dentro de um hospital cheio de pessoas repletas das mais diversas doenças.

Como de costume, sentou-se na sua poltrona, procurando uma posição confortável sobre o couro negro, até que enfim parou e abriu a lata de cerveja, inalando o cheiro de álcool que tanto adorava. Tragou um pouco daquele líquido dourado, sentindo a bebida descer rasgando por sua garganta. Em seu ponto de vista, aquele era o melhor conceito de "final de semana".

Novamente, pegou seu álbum de fotos no qual continham retratos de sua infância e adolescência. Lágrimas escorriam pelo seu rosto ao relembrar tudo que havia acontecido. Mas, o que ela tanto temia naquele passado? Por que essas malditas lembranças a atormentavam dia e noite?

Após perder seu pai para uma doença cardiovascular, sua vida se tornou um verdadeiro inferno. Sua mãe virou uma alcoólatra desocupada. Sem emprego, embriaga e indisposta, a mulher não tinha dinheiro mal para pagar o aluguel. Por causa desses acontecimentos, Minah arrumou um emprego e com a mixaria que ganhava, pagava o aluguel. Por alguns meses foi isso que aconteceu, até perceber que algumas notas do que guardava estavam faltando. De primeira, entendeu que a mãe pegara o dinheiro para comprar álcool.

Poucos meses depois, conheceu Byun Baekhyun, sua mais nova caixa de segredos. Ele, cansado de ver sua amiga sofrer, elaborou um plano para que os dois pudessem sair daquela maldita cidade sem que ninguém suspeite, aquilo foi a sua oportunidade de fugir dos acontecimentos recentes. Ela não hesitou em aceitar a proposta do amigo.

Fugiram para uma província vizinha de Wonmi-Gu, alojaram-se em uma casa velha e abandonada, quase caindo os pedaços. O plano estava sendo um sucesso por alguns meses, até que o governo os descobre e acaba levando-os de volta para seus respectivos pais.

Aliás, Baekhyun não pretendia nunca mais voltar para aquela cidade infernal, principalmente por causa do bullying que sofria por ter mães homossexuais. Exatamente, Byun foi adotado por um casal de lésbicas, naturais dos Estados Unidos, porém, com descendência coreana. As mulheres almejavam ter um filho, então adotaram o jovem e doce Baekhyun.

O plano inicial delas era adotar uma garota, mas comoveram-se com a história do bebê e acabaram levando-o para casa. Desde quando os colegas de Byun souberam da sua família, foi um motivo para que pudessem tirar sarro da cara dele. Tolerou isso por bastante tempo até conhecer Minah e propor uma fuga junto a ela.

Suas mães o receberam tristemente, nunca se passava pela cabeça das duas que o filho se incomodava tanto com isso, principalmente que sofria nas mãos de seus colegas de turma. Fizeram questão de tirá-lo daquela maldita escola.

Enquanto isso, Minah pisava na madeira rústica e velha de sua antiga casa. Percebeu que havia um par de sapatos a mais, de um homem, para ser mais específica. Ignorou e continuou seu caminho em passos lentos, mas a madeira rangia conforme andava, denunciando que havia um intruso dentro de casa.

A senhora Bang a recebeu com bastante carinho, sua pele estava mais bonita. Nem parecia a alcoólatra e enferma Soo-Ri. Um enorme sorriso estava estampado no rosto dela, Minah apenas observava tudo bem quieta. Pela primeira vez, sua mãe não brigou com ela ou a xingou. Pela primeira vez, ela deu-lhe um abraço aconchegante, que só as mães sabem dar.

Após toda aquela cena desconfortável, Soo-Ri apresentou-na seu novo marido. Bingo! Aquele era o motivo de ela estar tão feliz. Não porque sua filha havera voltado depois de meses e sim por causa de um novo peguete. Era ridículo como a falta de consideração da mulher era imensa com relação a sua filha, afinal, passou meses sem dar um sinal de vida sequer e durante esse tempo ela para de beber, arranja um marido novo e reforma a casa. Isso sim a deixava intrigada.

Minah ainda observava tudo calada, levantou-se da cadeira e caminhou até seu quarto, o qual continha a mesma decoração de sempre. Jogou sua mochila na cama, a qual rangeu em resposta.

Foi difícil se acostumar com um "novo pai" em sua vida. Sua opinião mudou com relação aquele homem, pensara que o mesmo era um idiota aproveitador, mas assim que percebeu o cuidado que tinha - tanto com sua mãe quanto com ela -, notou que suas hipóteses estavam completamente erradas.

Young-Ha também tinha um filho, porém morava em Seul. Pouco lhe importava o nome dele, só se sentia confortável ao perceber que tinha um novo alguém no qual poderia confiar.

Pouco tempo depois, Soo-Ri acabou inporutunada em uma cama de hospital, diagnosticada com Alzheimer e desde então, foi só Minah e seu padastro. O mesmo lhe ofereceu uma proposta única: ir para Seul morar com seu filho. E se quisesse, poderia levar um acompanhante, não pensou duas vezes antes de escolher Baekhyun.

Pareceu que sua vida começou novamente. Nova cidade, novos amigos, nova escola...

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