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"Eu só queria entender porque não foi tão diferente

Eu jurava que seria com você

Mas a cabeça me enganou tão lentamente

Que acordei sozinho sem pode te ver. "

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Solidão – Maria Gadú

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Camile Maier

Estava parada na porta do quarto com os braços cruzados frente ao peito enquanto observava Eduardo fazer as malas. Não conseguia reagir, o dia tinha começado e passado normal, já se passavam das seis da tarde quando o esperava para decidirmos o que iríamos jantar seguindo a nossa rotina, mas naquela tarde foi diferente.

Assim que ele passou pela porta da sala não havia vindo até mim e me dado o beijo carinhoso na testa enquanto acariciava meu cabelo e perguntava sobre o meu dia. Naquela tarde, Edu tinha chegado com um semblante fechado, sequer se aproximou e tudo que disse foi que estava indo embora.

— Acho melhor darmos um tempo... tanto eu quanto você precisamos pensar.

Foi a segunda coisa que ele disse desde que havia chegado e me dado a notícia. Duas malas estavam abertas em cima da cama enquanto remexia no guarda roupa retirando suas camisas bem engomadas que eu separava por cores as jogando sem cuidado na mala como se tivesse pressa em sair dali.

O nó em minha garganta apenas aumentava, mas eu precisava falar algo, não podia e nem queria aquilo. Pisquei meus olhos para segurar as lágrimas que já ameaçavam a rolar.

— Eu não preciso de tempo para pensar, Eduardo. — Suspirei. — Amo você, não acredito que está desistindo de nós... você tem outra? Acusei e vi a fúria em seus olhos quando me encarou alguns segundos calado.

— Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas Camile! Nosso problema não é infidelidade, já estamos caminhando para o fim há quatros meses e você sabe muito bem o porquê!

— Eu sei o motivo? Aumentei a voz claramente irritada. Edu e eu quase nunca discutíamos, geralmente nossas brigas eram sempre bobas e relacionadas ao ciúme, quase sempre as brigas eram protagonizadas por mim, mas todas elas a gente resolvia na cama, perceber que aquela que estávamos tendo agora não terminaria como as outras me deixava apavorada.

— Sabe! — Jogou algumas últimas roupas na mala e levou as mãos sobre o rosto esfregando os olhos em um ato que sempre fazia quando estava irritado e tentava segurar os impulsos e se acalmar. — Não posso mais, Camile! Eu amo você sabia? Mas não posso ficar e assistir o que está fazendo, não foi eu quem desistiu de nós, você desistiu.

— Você dramatiza tudo Eduardo! Continuo a mesma! Sou eu! Eu não consigo entender... por isso eu aposto que conheceu alguém, foi na última viagem de trabalho?

— Para com isso! — Gritou me fazendo arregalar os olhos. — Já falei que não tem nenhuma mulher. Na última frase seu tom de voz saiu baixo e chateado.

Revirei os olhos o encarando. O silêncio que se passou naqueles rápidos segundos em que nos olhávamos foi tempo suficiente para eu sentir meu coração se quebrar.

— Você diz muitas coisas, Eduardo. — Falei com a voz visivelmente embargada pelo choro. — Que nunca me abandonaria é uma delas.

Seu rosto bonito se transformou em uma carranca, minhas palavras haviam o atingido, mas a dor em seus olhos durou pouco, logo soltou o ar e começou a fechar as malas me ignorando.

FIQUE COMIGO (DEGUSTAÇÃO) DISPONÍVEL AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora