Me perdoem se eu me estender nesse capítulo, mas ele é realmente bem importante e peço que o leiam até o fim.
Agora eu vou fazer algo que eu ja deveria ter feito a muito tempo, contar a minha história com o feminismo e o porquê de ser algo tão importante e lindo na minha vida.
Muito antes do termo feminismo ser tão popular eu já era feminista mesmo sem entender direito, quando era criança eu sentia muita raiva quando diziam que mulher tinha que ser dona de casa, submissa ao marido, que o marido deveria ser o provedor e a mulher tinha que ser mãe, dona de casa e uma boa esposa. Não era isso que queria pra minha vida, eu precisava de mais, precisava que fossemos mais.
Pelos meus doze anos eu tinha muito mais amigos homens do que mulheres, meninos para mim eram mais divertidos, eles brincavam de correr, de jogar bolinhas de papel um nos outros e de pebolim enquanto as meninas brincavam de casinha e comidinha, sempre achei as brincadeiras classificadas como de "menina" muito chatas. Eu gostava de correr e me divertir.
Mas eu sempre me senti diferente, eu tinha uma melhor amiga e ela era a única menina que não me achava estranha, por mais que não gostasse das mesmas coisas que eu ela nunca me achou diferente, e sim, hoje ela também é feminista.
Outra coisa que eu me questionava era quando chamavam uma mulher de "puta" "vagabunda" "piranha" "fácil" "rodada", não entendia porque quando uma mulher ficava com muitos homens ela era taxada de coisas ruins, de "não prestar", enquanto o homem era visto quase como herói por beijar muitas meninas, na teoria ele seria muito bom em conquistar as mulheres e isso é bem visto por ele ser ele, simplesmente por ser homem. Tinha esse questionamento desde que eu comecei a entender as coisas, a entender a diferença que as pessoas faziam entre um homem e uma mulher.
Hoje eu continuo com os mesmos pensamentos, apenas um pouco mais esclarecida. Eu sou a Maria Eduarda que ama futebol e pintar as unhas, que gosta de muitas coisas consideradas masculinas e femininas também, mas para mim são apenas coisas que eu gosto e que são muito importantes na minha vida e elas não têm gênero.
O feminismo me ajudou a entender isso, me ajudou a enxergar o mundo como ele é e as suas raizes machistas, homofóbicas, racistas. O feminismo me abriu os olhos para as maldades do mundo, ele me fez enxergar o movimento negro e hoje eu sei que por mais que tentemos disfarçar a senzala ainda esta entre nos, me fez enxergar que gays morrem por serem gays, que pessoas pobres tem que lutar duas vezes mais para alcançar seus objetivos. E eu sou grata ao feminismo por me fazer lutar, por me fazer acreditar em mim e por me permitir.
E mesmo se você mulher que estiver lendo esse livro e não for feminista, saiba que mesmo assim eu luto por você. Se a sua escolha for ser uma mulher "bela, recatada e do lar" tudo bem, mas se um dia você quiser ter as mesmas oportunidades que um homem, se quiser jogar basquete e ter liberdade sexual eu estou lutando por você. Luto para te dar perspectiva de ser o que você escolher para sua vida, queira você ser dona de casa ou uma parlamentar. Sem barreiras, sem preconceitos.
Luto para que você possa sair na rua sem ser assediada, para que você um dia possa andar a noite na rua sem medo de ser estuprada. Mesmo que você não queria, eu sempre, sempre vou lutar por você.
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Feminismo
No FicciónLivro dedicado a contar e explicar sobre o feminismo desde o seu princípio