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Eis um fato incontestável: não existe dignidade em passar horas stalkeando as redes sociais de seu ex-namorado. Principalmente quando esse ex está há quilômetros de distância, iniciando uma nova vida, com novas pessoas, provavelmente sem lembrar da sua existência.
Tá, tudo bem, eu admito. Isso é deprimente. Mas saber que Felipe visitou Fernando de Noronha e grafitou a parede de seu novo quarto para deixá-lo mais a sua cara, é o mais interessante no momento.
Ao invés de fechar a página de seu perfil e me contentar somente em saber sobre essas duas novidades, vou mais à fundo. Uma desconhecida surge. Ela não me parece familiar, certamente nunca a vi na vida. E essa foto não estava aí até ontem. Eles pareciam íntimos. Sorrisos largos e, aparentemente, sinceros, corpos colados e, na legenda "atrações físicas são comuns, mas conexões mentais são raras...". Bela frase.
É, Felipe, um à zero para você.
Largo meu notebook e passo os olhos pela bagunça em que meu quarto se encontrava. Em menos de 48 horas eu retornaria à prisão de segurança máxima — vulgo, Internato Grupo. A hora de ajeitar todas as minhas tralhas — como Leide chamava — era agora. Entre a pilha de discos largada sobre a escrivaninha, encontrei o que me salvaria de uma morte precoce. O folheto informava sobre a Balada Cultural promovida por Keyla, Benê, Ellen e Tina, com o horário e o local do evento.
Ah, merda. Eu havia esquecido completamente.
— Heloísa, acho melhor você dar um pulo na lanchonete do Roney Romano. — Minha mãe surgiu, fazendo-me quase derrubar os discos. — Parece que vai ter algum evento por lá e, suas amigas estão querendo matar você.
Uma morte lenta e dolorosa, imagino.
— Bisbilhotando a vida do Felipe de novo?
— O quê? — Fechei o notebook com força. — Mas onde é que está o respeito à privacidade alheia? E, o que estava fazendo na lanchonete do pai da Keyla?
— Fui encontrar o Bóris e a Dóris, com o Luís. Projetos futuros — explicou. — Você está arrumando suas coisas para a escola?
— É... Ou, pelo menos, tentando. — Chutei um sapato para longe. — Vou terminar aqui e irei encontrar as meninas.
— Ótimo. Só não exagera na bebida — alertou, saindo do quarto. Se dependesse de mim, não chegaria nem perto de álcool.
Eu não estava animada para retorna às aulas, muito menos para arrumar minhas malas. Não tinha paciência para dobrar peça por peça ou, separar pares de meias. Por esse motivo, juntar o que necessitaria para uma semana e despejar tudo dentro da mala me pareceu uma ótima opção. Se Leide presenciasse minha ação, com certeza surtaria.
Não encontrei minha mãe ou Luís — que agora vivia definitivamente conosco — quando saí para encontrar as meninas. Mesmo tendo se passado alguns meses desde que ele se instalou em nosso apartamento, ainda era estranho ver o "pai" da minha ex-melhor amiga de infância — e agora meia-irmã — perambulando pela minha sala de camiseta e short. Clara me dizia o mesmo sobre Edgar — o verdadeiro responsável por esse espetáculo constrangedor. Quando descobrimos que ele era, também, seu pai biológico, foi tão ruim para ela, quanto para mim. Foi difícil se acostumar às mudanças após a declaração bombástica. Mas no final, as coisas passaram a ocorrer com mais naturalidade do que esperávamos e, logo voltamos a agir normalmente. Mesmo eu detestando a mãe de Clara — ex-melhor amiga de Marta e, agora esposa de Edgar. Nunca me acostumaria com Mallu.
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A Cor do Amor
RomanceCom uma quantidade consideravelmente grande de acontecimentos marcantes na bagagem, Heloísa resolve abrir os olhos para o que realmente importa em sua vida: suas melhores amigas, o lindo afilhado, sua mãe e a arte. No entanto, Lica - como fora apeli...