Veneno do Cão & Casaco de Teia

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Já havia se passado cinco horas desde que Meiber e eu deixamos a estrada e adentramos em um terreno de pequenas matas ciliares e longos pastos de grama alta. No final da tarde, paramos para descansar num aglomerado de figueiras que cresciam perto de uma nascente de água cristalina.Meiber havia usado algumas árvores para montar duas redes, feitas de sua própria teia.Fez também dois telhados de folhas e teias trançadas.
— Pronto, terminei! — ela exclamou, me lançando um olhar — Quer testar a sua?
Me aproximei timidamente da rede maior e me deitei sobre ela, Meiber deu alguns passosem minha direção e eu, instintivamente, pulei da rede.
— Calma, eu não vou fazer nada... — explicou ela com um sorriso de canto, achando graça da cena cômica e ficando ao lado da rede — Só quero ver o ferimento em seu braço — ela tocou meu braço direito, que logo puxei, me afastando novamente dela.
— Não precisa.
— Confie em mim! — reclamou, pegando meu braço novamente e puxando para si — Eu não vou te machucar, eu só quero examinar seus ferimento, só isso.
Ainda desconfiado, resolvi deixá-la examinar e tentei confiar em seus atos.
— Caramba! Os ferimentos são fundos! Ele literalmenteperfurou seu braço, mas posso dar um jeito... — Ao dizer isso, a bruxa se afastou, indo até sua bolsa e retirando um kit de primeiros socorros, com agulhas, linhas, bandagens, analgésicos e álcool.
Ela, rapidamente,começou a fazer os curativos,umedecendo um algodão com álcool e limpando meus ferimentos, após limpar gentilmente passou a costurar os buracos de meu braço,enfaixando tudo no final.
— Obrigado, parece que não é a primeira vez que remenda alguém...
— Não, eu mexo com corpos, sei muito mais sobre o corpo humano do que você pensa.
— Me fale um pouco mais desse tal de Demonty que está te caçando, por que ele não apareceu na estradae sim seu guardião?
— Demonty não perde tempo sujando as mãos, ele tem seus guardiões para isso,mas agora que você matou um de seus enviados, isso vai atrair sua atenção. Não vai demorar para ele aparecer e, quando isso acontecer, quero estar na floresta sombria.
— E o que é esse lugar?
— Um local sagrado para uma criatura das trevas como eu, lá  poderei viver sem ter medo de ser quem sou, sem precisar me esconder nessa forma humana, bizarra e inútil. Você é religioso, Rony?
— Não, meu pai é, mas eu não. Não gosto muito de agir feito um idiota esperando um milagre, eu faço acontecer o milagre, só dependo de mim mesmo e de mais ninguém.
— Gosto de seu pensamento, acho que se os humanos tivessem mais fé na sociedade em que vivem, o mundo seria melhor. A fé pode ser uma ajuda, mas não é um caminho a ser trilhado. A fé absoluta cria tiranos egocêntricos que acham que é certo o que fazem, mas quando percebem, já destruíram meio mundo com sua cultura alienada.
— Você parece guardarcerto rancor da igreja...
— Guardo. Em 1631 fui mantida presa em uma abadia, por monges que acharam que eu estavapossuída por um demônio. Naquele tempo eu não sabia como mudar minha forma,então sempre andava na minha forma original de "mulher aranha" e eles me torturavamcom banhos de água benta e ferro quente nas contas com símbolos de fé.
— Você parece ter sofrido...
— Ecomo! Mas eu me vinguei,após três meses agonizando, consegui infectarum deles com uma Aranha Zumbi e usei-o para sair de lá.
— Aranha zumbi?
— Uma pequena aranha preta, ela entra dentro do corpo do hospedeiro e devora seu cérebro,me permitindo controlar a pessoa igual a uma marionete.
— E como você saiu delá?
— Ateei fogo na abadia inteira e deixei todos morrerem queimados. Os gritos de dor eram como música de flauta doce para mim.
Senti um arrepio fisgar a espinha ao ouvir Meiber falando daquela forma, sem remorsos ou peso na consciência. Ela parecia tratar daqueles assassinatos como algo comum, tal qual matar uma formiga, ou uma mosca.
— Você ficou quieto...—disse ela percebendo minha reflexão.
— Estou cansado— respondi, me virando para o lado contrário a ela e fechando os olhos.
— Certo, eu vou descansar também.—disse ela, subindo em sua rede e se deitando.
Embalado pelos ventou suaves que mexiam as folhagens das copas das arvores, acabei dormindo em sono profundo. Aquele final de tarde e noite foi embalado por sonhos tumultuosos e barulhentos.
. . .

Logo pela manhã sou acordado com um cheiro saboroso de peixe assado, assim que me viro para o lado, vejo uma bandeja de folhas verdes suspensa no ar por teias de aranha, em seu interior havia dois peixes grandes e assados, com rodelinhas de laranja enfeitando o prato. Como estava com fome não hesitei em comer os dois peixes, deixando apenas as espinhas.
Meiber então saiu do meio das árvores, com um pequeno punhal em sua mão.
—O dia continua limpo e sem nenhuma nuvem no céu, se mantermos um bom ritmo durante o dia todo, vamos conseguir chegar logo até as montanhas de neve.
— Neve? Mas o dia está claro e quente.
— É, eu sei, mas daqui a uns dois dias a paisagem vai mudar e esfriar muito.
— E essas roupas não são de frio — falei, mandando-lhe uma indireta. Logo ela respondeu tirando um fio de seda da boca:
—Não se preocupe com roupas, meu bem, eu sou um guarda-roupas ambulante.
— Com esse tamanho está mais para mesinha de escritório.
— Vamos andando, palhaço, temos muito chão pela frente — respondeu ela, com um tom bravo e a testa franzida.
Continuamos nossa caminhada, pouco a pouco avançando sobre o terreno de pastos.Sem qualquer novidade no caminho, seguíamos em silêncio, sem trocar uma palavra e,no decorrer de dois dias, pude notar que o terreno de pastos ficara para trás, dando lugar ao chão de grama amarelada, com amontoados de rochas,  sua textura envelhecida e agredida pelo vento e chuva. No céu, uma tonalidade de laranja crepúsculo pintava as nuvense o vento, subindo a campina, bailava,levando as folhas de carvalho vermelho consigo.
— Nem parece que estamos na Europa.
— É, algumas regiões fazem parecer que estamos em outro lugar.
Continuamos a subir a colina e, ao chegar no alto, pude vislumbrar sua vista majestosa, um imenso vale com floresta secas em seu fundo, montanhas de rocha e gelo se erguiam no horizonte. Descendo a colina, era possível vermos uma parte do rio feita com cascalhos e água congelante, onde pequenos grupos de peixes lutavam contra a correnteza. Meiber e eu montamos acampamento perto do rio, desta vez ela pedira ajuda para construir o abrigo.
Rolei algumas pedras grandes para onde íamos ficar, organizando-as em um quadrado, assim que as pedras foram o bastante para atingir um metro e meio, ela pegou alguns galhos de árvores e os limpou até que eles virassem pinos para sustentar um telhado de folhas secas.No final, tínhamos um abrigo com espaço para duas pessoas sentadas.
— É, ficou bom, só não gostei porque vou ter que dormir na grama dura, mas ficou bom.
— Eu sei, não posso fazer milagres, as árvores estão frágeis demais para suportar o peso de uma rede, além do mais, se tivesse montando a rede iríamos sofrer com o mal tempo.
— Mas que mal tempo?— assim que terminei a pergunta, uma fina chuva começou a cair.
— Esse mal tempo!— respondeu, sorrindo.
Me joguei para dentro do abrigo, na grama.
— Vamos ser justos, a fogueira é por sua conta.
Meiber me olhou, fechou os olhos e abriu um sorriso, concordando. Logo saiu do abrigo, indo a procura de algo para a fogueira.
Com a chegada da noite, a temperatura passou a cair, as margens do rio se encheram de densa neblinae pequenas gotas de orvalho refletiam pela luz da lua cheia. Meiber estava sentada perto da fogueira, com suas costas dentro do abrigo, até que se irritou com minha tosse incessantee me chacoalhou.
— Ei! Está engasgado? — ao tocar suas mãos em meus braços descobertos, sentiu minha alta temperatura — Você está quente, deixa eu ver seu braço! —ao desenfaixar meu braço,viu o grande inchaço no antebraço e bíceps, ambas as partes costuradas por ela, meus ferimentos haviam infeccionado devido à saliva do cão.
— Droga, Rony, pelos céus que não me pertence! Você não vai ficar doente nesse lugar isolado — eu mal podia falar, enquanto Meiber revirava sua bolsa atrás de algum remédio para me dar, mas não encontrou nada além de frascos com algumas ervas medicinais.
— O que eu tenho aqui?Ervas de Icaria, Cicuta, sementes de Carqueja, folhas de Boldo, Mentruz, Cutairi...Cutairi! ISSO! Elas servem para retirar astoxinas e baixa a febre, mas terei que injetar direto na sua corrente sanguínea.Você não vai gostar disso, Rony. — disse Meiber, colocando as folhas na boca e mascando-as.Ela moveu minha cabeça até seu colo e inclinou meu pescoço para a direta, passando a procurar a minha veia responsável pelo fluxo principal de sangue, rapidamente achou e então depositou ali suas presas.
—HAAA!— gritei em reprovação a dor que me causara, grito que se espalhou pelos vales desertos. Meiber passou a empurrar a saliva para minha circulaçãosanguínea e,após o feito, enfaixou meu pescoço, bloqueando a saída do sangue.
— Eu disse que você não ia gostar...—disse ela, ao me ver remoendo de dor — não se preocupe, vai passar, a dor é temporária —me confortou, massageando meu ombro.
A noite continuou sem qualquer piora no meu estado e, logo pela manhã, passei a me sentir melhor, a ponto de estar em pé, às margens do rio, vendo o tamanho do buraco que Meiber abrira em meu pescoço na noite passada.
—Droga! Afinal ela é uma bruxa, ou uma vampira?
— Brilhante pergunta!— disse ela, surgindo magicamente atrás de mim.
Surpreso, pulo dentro do rio e agarro um tronco, colocando entre mim e ela.
—Não se aproxime, ou...
—Ou o quê?—disse ela, me olhando com uma das sobrancelhas erguida —até que para um garoto que não sente medo você foge muito de mim.
— Não estou fugindo, apenas me defendendo.
—Rony, por favor abaixa esse tronco. Você não tem que ter medo de mim.
— Você me atacou ànoite!
— Corrigindo, te salvei! O cão tinha uma saliva venenosa, tive que usar minha boca como seringa para injetarantídoto na sua circulação sanguínea.
— Isso não muda o fato de você ter rasgado meu pescoço.
—Rony,já estou ficando irritada com suas falsas acusações! Eu não tenho culpa de meus dentes serem pontudos e possuíremmicro serras em seu contorno, minha boca funcionacomo a mordida de um tubarão, ela não corta e sim rasga a carne. Me desculpe, mas se eu não tivesse feito isso, você estaria morto a essa hora e eu,largada no meio do nada, desprotegida.
— Mesmo? — abaixei o tronco.
— Mesmo!Já disse que estou te usando apenas para chegar até a floresta e darei seu corpo e sua vida de volta, assim que eu conseguir o que eu quero, não precisa ficar desconfiado, não tenho razões para te machucar.
— Ok, mas se ousar fizer isso de novo, eu arranco a sua cabeça!
— Certo, pode arrancar se quiser.
— Então, para onde vamos?—perguntei, saindo da água e deixando o tronco para trás.
Meiber então começou a fazer alguns desenhos na areia, eram três círculos.
—Nós estamos aqui, nos vales da terra seca da Nova Edgar, temos que descer o leito do rio e subir dois prados, até chegar nas montanhas de neve, depois teremos que atravessá-las para chegar até a planície de gelo, onde pegaremos o trem direto para o norte.
— Nessa planície tem alguma estação?
— Não, nós vamos pular com o trem em movimento e viajar escondidos, será emocionante.—disse ela, ficando empolgada com o plano, e eu, por outro lado,achei a ideia muito viajada e difícil de acontecer, já que o trem provavelmente estaria viajando em velocidade terminal.Seria muito arriscado pular em um vagão naquela velocidade.
—Não acha esse plano ridiculamente suicida? O trem vai muito rápido, se errarmos o pulo e cairmos nos trilhos, iremos virar picadinho nas rodas.
— Isso não vai acontecer se pegarmos o trem no ponto, certo? Existe um ponto a uns quinhentos metros na extremidade da planície, um ponto onde o trem irá fazer uma curva fechada, para passar numa ponte suspensa sobre um rio congelado.Iremos usar a desaceleração a nosso favor.
— Pelo que eu entendo de física, — disse eu, a interrompendo— a desaceleração não serápor muito tempo, apenas uns cinco quilômetros, dependendo do ângulo da curva. Isso é pouco para diminuir os riscos.
— Exato, mas a curva é fechada e a velocidade vai cair muito, é mais que o suficiente para a gente pular.
— Eu não estou gostando desse plano,exige muito risco para pouco acerto. É melhor seguirmos a linha de ferro até a estação e pegarmos um outro trem.
—Não há outro, apenas um. Nessa época do ano, o governo disponibiliza um trem inteiro para abastecimento de mantimentos para cidades mais perto do círculoártico, é apenas um trem que vai para lá. E esse trem passa perto da floresta... além do mais, quanto mais dias demorarmos, mais Demonty se aproxima.
— Ok! —disse eu, passando a mão pelo rosto concordando com a situação — mas se algo der errado, nós seguiremos o meu plano.
— Está bem, mas relaxa, não vai dar nada errado, confie em mim.
— Isso sim é impossível de acontecer, — resmunguei, enquanto seguia o curso do rio — vamos então?!
Após nos acertarmos, Meiber e eu seguimos viagem, desta vez pelo  curso do rio por horas, andamos em ziguezague pelo fundo do vale,até vermos um pequeno descampado de grama amarelada, com um terreno levemente inclinado, que dava nospés das montanhas de neve.
Meiber,vendo que eu estava com os braços cruzados devido ao vento gelado que descia das montanhas, rapidamente perguntou:
— Você está com frio?
— O que você acha?
— Espere um momento—disse Meiber, indo na direção de uma pedra grande e reta e,sentando-se sobre a mesma, passou a puxar algumas cordas de saliva branca de sua boca que, ao entrar em contado com o ar, passou a ter um aspecto limoso.Usando suas unhas pontudas,Meiber começa a tricotar a saliva e, em alguns minutos, um grosso casaco se forma em suas mãos — Aproveite enquanto está quente — disse Meiber, jogando a vestimenta sobre a minha cara.Rapidamente, tirei a mesma de meu rosto com uma expressão de nojo, senti a textura da blusa em minhas mãos, era algo semelhante a fios de lã, porém mais grossos e havia alguns fiapos esbranquiçados.
—O que é isso?
— Uma blusa,oras.
— Você transformou sua baba em uma blusa.
— Tenho motivos para eu ser chamada de Bruxa da Seda,gênio!
— Entendi... Isso é muito nojento!
— Está com frio, não está? Eu gastei tempo e seda tecendo isso para você,então não seja mal agradecido! — retrucou, dando as costas e subindo a encosta.
Resolvi deixar o nojo de lado e vestir a blusa, rapidamente subi correndo a encosta na direção de Meiber. A cada passo ficava mais difícil erguer os pés e, hora após hora, começamos a sentir o efeito do ar rarefeito pesar nos pulmões.
Observei a vista atrás de mim epodia ver a paisagem chata do vale ficar menor, olhei para cima e pude ver as nuvens tocarem o chão da montanha indicando que mais à frente era o limite da mesma.
— Isso é loucura!— suspirei, me curvando com as mãos apoiadas nos joelhos, Meiber parou do meu lado na mesma posição.
— Não há outro caminho, precisamos subir... —disse ela apontando para o topo — e atravessar...—Meiber forçava a voz para sair, sua expressão exausta era perceptível, seu nariz ficara vermelho como o meu e seu lábios roxos ficaram ainda mais intensos, em suas sobrancelhas pequenos fios de gelo começaram a se formar.
Em todos os aspectos, ela parecia sofrer mais com a alta altitude, talvez devido a seu corpo não ser tão forte. Continuamos a subir, mas Meiber não suportou muito, passou cerca de 30 minutos e ela sucumbiu ao cansaço, desmaiando em seguida.Me virei para seu corpoe a peguei, jogando-a em meus ombros.
— Péssima hora... para desmaiar... magrela! — resmunguei e continuei subindo com ela nos ombros.
Assim que atravessei a parede de nuvens nebulosas, avistei o topo a uns 30 metros, rapidamente continuei a subir. Ao chegar ao topo, vi que possuía uns 6 metros de área plana e, logo em seguida, uma queda íngreme com uma angulação de 40 graus.
Joguei o corpo esmaecido de Meiber na neve e me direcionei até a borda do pico. Avista era majestosa, podia ver a tal planície com as linhas de ferro riscando-a bem no meio.Pude notar que antes de chegar até ela, havia um cerco de árvores e um pequeno lago congelado que se mostravam serem obstáculos depois da descida. Tínhamos que pensar em umjeito de descer aquela montanha, pude avistar uma prancha de madeira abandonada e envelhecida que se encontrava notopo do pico, rapidamente removi sua camada de gelo — isso dará um ótimo trenó —posicionei a prancha próximo da borda, peguei Meiber em meu colo e me sentei na prancha.
— Por favor, não cai!— passei a empurrar o “trenó” para a frente,até que ele começoua deslizar encosta abaixo, não demorou muito para que pegasse velocidade e, quando me dei conta,estávamos extremamente rápido.
Em certo ponto da descida, haviam enormes rochas se elevando da neve como bicos de pássaros, tentei desviar das que eu podia,mas a cada desvio, uma batida nova aconteciae algumas rochas menores, escondidas em meio a neve, começaram a nos incomodar. Aprancha custou a passar por cima dessas rochas e eu podia sentir o forte impacto, não demorou muito para a prancha se partir embaixo de mim.
Meiber foi arremessada para um lado e eu para o outro, caí em um descida com cascalhos, enquanto ela aterrissou bem, em um monte de neve fofa. Fui escorregando até parar com as costas numa pedra dura e gelada.
—Aaaah,merda!— gritei por conta do impacto, levantando meio atordoado. Fui caminhando na direção onde Meiber fora jogada e assim que cheguei perto dela, cai de joelhos ao seu lado e dei uns tapinhas em seu rosto para acordá-la.
Lentamente, ela começou a abrir os olhos.
—Ham? Onde estamos? — disse ela, se sentando.
Ao ver que estava bem, me joguei na neve ao seu lado,soltando um suspiro aliviado. Ela parecia sem senso de direção, então olhou para mim e tornou a perguntar —o que houve, Rony?
— Levante e veja por si só —disse eu,fechando os olhos e descansando.
Meiber se pôs empé e viu os trilhos e o lago, virou-se e viu a grande montanha. Um sentimento de alegria a motivou a ponto de fazê-la saltar no ar.
— Conseguimos! Nossa! Nós conseguimos... como? Você? Aaaah!—Ela pulou sobre mim, me dando um abraço apertado e a tirei no mesmo instante,com um empurrão para o lado.
— Controle-se! Deixa eu descansar, depois conversamos— supliquei, suspirando fundo. Ela sorriu e concordou, então, se deitou ao meu lado ombro a ombro, olhando para o céu.
— Nem dá para acreditar que conseguimos escalar aquele pico...como você...?
— Cala a boca, depois eu falo. 

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