Ela sempre soube o que é melhor pra mim... Pelo menos sempre achou que soube, ou sempre quis saber.
_Mãe, eu não gosto de meninas!
Eu disse muito isso na frente do espelho antes de dizer a ela._Mãe, talvez tenha acontecido algum engano, eu não me acho um menino.
Eu ensaiava.Num momento adequado, me enchi de coragem e perguntei:
_Mãe, se eu te dissesse que sou diferente, me aceitaria?Ela como sempre, de saia longa, muito religiosa, me respondeu:
_Depende, filho. Diferente todo mundo é, agora pecado, eu não admito.
Disse ela, provavelmente já imaginando do que se tratava.20 anos se passaram.
Eu hoje moro em São Paulo, minha mãe deixei no interior do Rio. Sou casada, tenho a admiração de muitos, sou bem sucedida, tenho o amor do meu marido, tenho o meu amor próprio e agora uma nova identidade. Mas infelizmente, eu não tenho o que eu sempre quis conquistar... A admiração dela. A aceitação dela. Ela não me ama como "ELA"