capítulo 1

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Hoje é terça-feira e eu, infelizmente, estou indo para o colégio como de costume - estou faltando tanto que tenho medo das consequências.
Minha escola é simples, um prédio com dois andares, gestão escolar (direção etc) embaixo e classes em cima, um pátio enorme - parece até uma prisão - e o refeitório. Sempre sento em um dos bancos do pátio, alí é onde ninguém me atrapalha, posso olhar o céu e escutar uma boa música.
- Áurea!!! - alguém me chamou, conheço essa voz... - Áurea, você não me ouviu? Vá para a sala, o intervalo já acabou!
- Me perdoa, estava perdida em músicas. - quem me chamou grosseiramente foi a diretora da escola, Suzi. Ela tem cabelos negros e curtos e é de altura mediana.
- Tudo bem, só vá para sala.
Ela é um pouco amarga, mas se a tratamos com respeito ela chega a ser amigável. Tem olhos verdes que provocam medo em certas ocasiões, porém meigos quando está calma e gentil.
No momento em que ela ordenou eu simplesmente me levantei e subi para a minha sala que é a primeira frente à rampa. Quando entro na sala minha amiga - Tiphani - faz mímicas malucas para mim, eu apenas me sento e foco na aula e ela me manda um torpedo.
Tiph: "Por que não me responde?"
Eu: "Eu não entendi suas mímicas ininteligíveis"
Ela não insiste e volta a prestar atenção na aula. É química então a professora passa um texto, algumas questões e logo estamos livres como sempre.
- Você viu quem estava na sala? - é a Tiphani de novo, eu definitivamente não quero falar no assunto.

...

Vou explicar, eu sou uma garota comum, tenho 1 metro e 60 centímetros, corpo comum, um pouco acima do peso, mas enfim, tenho cabelos castanhos e olhos negros - bem negros -, por motivos pessoais eu me privo de inúmeras coisas, como por exemplo gostar de alguém. Eu sempre evito me apaixonar, fico com pouquíssimas pessoas, ou pelo menos ficava.
Yago é um cara babaca - quando eu digo isso a ele, ele concorda -, mas que - tive o azar de me apaixonar - ele é bacana as vezes, ele é. Ele é um pouco mais alto que eu, talvez 5 centímetros, cabelos castanhos e olhos negros, ele tem uma pinta na sobrancelha direita que é um charme, mas isso não vem ao caso.
Nos conhecemos através de amigos em comum. Um pessoal lá da escola sempre ia jogar futebol em um gramado na praia, eu e as minhas amigas - Tiphani e Amanda - íamos vê-los jogar já que estávamos de bobeira em casa - Tiphani é a minha melhor amiga, eu soube que podia contar com ela pra tudo assim que nos aproximamos. No final do jogo nós jogávamos truco enquanto conversávamos, em um desses dias jogamos o famoso "verdade ou desafio?" e eu acabei dando um selinho em um cara da roda - e eca - soube naquele momento que eu seria zoada por todo mundo na escola. No dia seguinte eu estava no banco de sempre e ele veio na minha direção e falou sobre o jogo e a droga do selinho, sim, ele me zoou naquele momento, eu apenas levantei e saí andando, eu realmente não queria falar naquilo, eu apenas o ouvi me pedindo pra voltar e prometendo que não ia mais me zoar, mas o problema é que aquele não era o único motivo, quando eu o vi naquele dia, senti algo, algo que eu com certeza não queria sentir, não de novo. Eu estremeci quando o vi, eu podia jurar que meu coração estava na garganta e pude sentir o medo me levantar e me tirar dali. Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar, naquele momento eu planejei afastar qualquer pensamento parecido e esquecer que aquilo aconteceu.
Eu nunca mais vou pensar no "amor" - na verdade eu não acredito no amor.

...

- Por favor não fala do Yago - eu imploro a ela.
Já faz 2 meses desde que eu senti aquele tremor e estou começando a aceitar que eu gosto dele, mas estou me esforçando para banir esses pensamentos da minha cabeça.
- Ele não parava de te olhar - caramba, ela está mesmo animada.
- Nossa, sério? - pergunto fingindo estar surpresa - Você também não para de me olhar neste exato momento - falo quebrando o sarcasmo.
- Você sabe do que eu estou falando, por favor não se faça de desentendida.
- Eu já te contei o fato - que é que o Yago é vesgo e não sabemos pra onde ele olha realmente.
- Vocês vão ficar juntos! Eu tenho certeza.
- Depois do que eu fiz? Com certeza os amigos dele já contaram tudo e eles devem estar rindo da minha cara. - eu fiquei bêbada na festa do melhor amigo do Yago, Wesley, e liguei pra ele implorando que viesse pra festa e logo em seguida contei pra todos que eu estava a fim dele. Resumindo, agora ele já sabe e deve ficar me olhando como quem diz "Que menina estranha, longe de mim!!!"
- Okay, Áurea, você tem toda razão - sarcasmo esbanja dela nesse momento.
- Obrigada!
Logo acabam as aulas e na saída ele vem falar comigo.
- Hey Áurea - ele veio falar comigo? O que está acontecendo? É uma pegadinha? - Chama a Amanda para ir contigo nos ver jogar hoje. - agora eu entendi!!!
- Vou falar para ela ir sim. Porém, não sei se ela vai sozinha.
- Como assim? Você não vai?
- Eu tenho algumas coisas pra fazer, não sei se vai dar tempo.
- Ah! Claro.
Quando eu me virei para ir embora alguém passa as mãos ao redor da minha cintura por trás e eu juro que pulei de susto, mas não era quem eu pensava, era apenas Gabrielli me abraçando, faz um tempo que eu não a vejo, já que ando faltando demais. Conversamos um pouco e depois de tocar o sinal, quando eu estava indo em direção ao portão alguém pega a minha mão, é um toque macio, porém firme então eu olho e é ele.
- Você deixou cair, - diz Yago enquanto me entrega o meu documento que eu deixei cair, porém não me recordo onde - nada mal a foto.
- Oh, "nada mal" hein?! - concordo sarcasticamente com ele - Obrigada.
A gente ficou se olhando por alguns segundos antes de ele quebrar o silêncio.
- Eu já vou indo, te vejo hoje a noite? - ele aponta com o polegar para trás de si enquanto sai andando de costas
- Talvez.
- Talvez? - ele diz franzino o cenho.
- Talvez. - confirmo.
- Talvez então - ele acena e sai de vista.

Minha estória estúpida Onde histórias criam vida. Descubra agora