Capítulo 1

32 4 0
                                    

Uma semana se passara desde a chegada daquela bendita carta.

O intervalo de tempo entre não mais de sete dias e o presente passara de forma tão demorada, que o meu maior medo era não estar mais aqui quando a hora chegasse.

Os meus pensamentos pareciam ter apenas uma direção. E foram incontáveis as vezes em que me flagrei contanto os segundos, percorrendo com os olhos serrados, por detrás de grossas lentes fundo de garrafa, os ponteiros do relógio de cerâmica sobre o criado mudo.

As doces lembranças daqueles ínfimos dias passeavam pelos meus pensamentos de forma graciosa, e furtivamente me roubavam o foco das atividades mais lúdicas. Apesar de rejeitar essa peripécia, tenho que reconhecer que não deposito mais a mesma segurança de outrora nas representações de minha memória. Com esforço tento reconhecer os rostos bem delineados das fotografias em preto e branco que integram o álbum de minha juventude. As vezes não consigo acreditar, observando estas recordações, que minha pele se reteve à aparência de um papel de manteiga amassado, que as rugas que se enfileiram sobre o meu rechonchudo rosto, se avolumam em uma velocidade crescente. Folheio as lâminas grossas e amareladas do álbum com a rapidez que consigo empregar. Minhas mãos tremem, não consigo controla-las como antigamente. Finalmente alcanço a sua última página, ao passo em que retiro de sua superfície a carta que me deixara tão desassossegada nestes últimos dias, e em silêncio leio o nome de seu repetente.

Uma Segunda Chance  ao Primeiro AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora