Capítulo 13 - parte II

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*Renata's POV*
O professor de matemática me puxou para um canto. Achei que fosse algo relacionado à nota, mas não era. Pra ele me olhar daquele jeito, era algo mais grave. E eu já imaginava o que seria.
"O que é isso no seu pulso Renata?" -o professor me olhava sério
"Foi meu gato" -virei os olhos
"Renata" -ele insistiu
"Mas eu tenho gato. Quer dizer, gatos" -falei e ele me olhou bravo
"Um gato não faria cortes tão retos assim" -merda, ele tem razão. O silêncio tomou conta do corredor. Meu coração palpitava horrores. Eu quebrei o silêncio:
"Você vai contar?" -falei apreensiva
Ele ficou pensativo, mas respondeu:
"Renata, eu não tenho saída. Sua família precisa saber do que tá havendo."
"Você pode contar pro Hitler, pro Papa, até pra parede, mas pra minha família não. Por favor."
Eu implorei. Implorei horrores pra ele não fazer isso.
"Se você não se cortar mais, eu não falarei nada" -ele diz "e eu vou olhar seu pulso todo dia"
"Niall já faz isso" -falei mais tranquila
"E? Ele não diz nada?"
"Ele fala. Aliás quando ele soube aonde eu escondi minhas lâminas jogou a maioria fora -o professor sorri -mas eu consegui salvar umas três ou quatro." O sorriso dele se desfez.
"Renata" -ele diz sério "Olha, eu não sei o que acontece na sua casa, na sua vida pessoal. Mas eu só te peço uma coisa: não faça isso. Pela sua mãe. Pelos professores, incluindo eu. Pelos meninos. Pelo Niall. Pela Anne."
Puta que pariu. Precisava tocar na Anne?
"Olha -respirei fundo pra não chorar- você não tinha o direito de colocar a Anne no meio. Ela tá mal, muito mal. E eu me sinto muito culpada por isso. Então não piore as coisas." -falei, e ele se desculpou. Tive que prometer à ele e aos outros professores que não iria mais fazer isso. Voltamos para a sala. Estava indo sentar com os meninos, quando ele me chama de novo.
"Sim?" -falei
"Desculpa a pergunta, mas..o que houve com a Anne?" -ele diz baixo, e eu me agachei para que mingúem me visse chorando. Respirei fundo:
"Então..a Anne sofre de crises depressivas e de ansiedade. E há alguns dias, ela brigou feio com os pais e o irmão dela, Nick, que é da equipe da escola, e blá-blá-blá. Enfim, ela -deixei lágrimas caírem, Niall e Liam notaram -se drogou de remédios, tentou cortar uma veia. Mas como Nick estava em casa na hora, ele conseguiu salvar ela. Eu serei eternamente grata por ele."
"Olha -ele diz se aproximando -nesse colégio já tivemos caso de suicídio de alunos, mas isso foi há anos atrás. E desde então estamos fazendo o possível e impossível para que isso não aconteça mais. Então eu peço. Por favor. Não se vá. Você ainda tem um futuro brilhante pela frente. Você é brilhante, engraçada, única, especial..promete que vai pensar no que eu disse?" Eu assenti, e voltei pro meu lugar. Comecei a ouvir "Hold On Till May" do Pierce The Veil:
"If I were you, I'd put that away
See, you're just wasted
And thinking about the past again
Darling you'll be okay
She said,
"If you were me, you'd do the same
'Cause I can't take anymore
I'll draw the shades and close the door
Everything's not alright and I would rather"
Abaixei a cabeça, e comecei a chorar. De raiva. De tristeza. Não sei. Só sei que eu não ficarei bem, e que eu não aguento mais ter que fingir com um sorriso. Isso tá doendo muito. Eu penso em desistir, e muito. Mas Niall e os meninos são as únicas coisas que ainda me prendem aqui. Sem eles, eu não estaria aqui. Infelizmente meus pensamentos foram cortados por Harry:
"Rê, vai lá com a gente" -ele diz
"Eu não to bem" -falei
"O que houve?" -ele se agacha na minha frente
"Sei lá. A Anne. Os pensamentos suicidas. A pressão. Tudo junto e misturado. Eu não sei se ainda vou aguentar." -falei enquanto limpava o rosto
"Hey, claro que aguenta. Já te falei varias vezes, e vou falar de novo: se você não tá bem, liga pra algum de nós, ou alguma das meninas. A gente vai te ajudar com todo o prazer. Você sempre vai ser a bebe do grupo, independente da idade. E lembre-se: Darling, you'll be okay." -ele me beija na testa e sai. Logo depois me levantei e fui até lá.

*Niall's POV*
-Senta aqui -puxei ela pro meu colo, mas ela não quis
-Eu sou uma obe-coloquei o dedo na boca dela -não diga isso nunca mais. Você é linda. E eu te amo como você é. Ela acabou sentando em meu colo. Comecei a encher ela de carinho e beijo. Ela não tá bem, e eu quero (e vou) ajudar ela da melhor forma possível.
"Então Eleanor, como é a vida de mamãe?" -Dani diz, e nós rimos
"Tirando os enjoos, e o fato do Louis estar me irritando com essa história de "você não pode isso, aquilo" até que é boa" -ela sorriu, e Louis beijou-a
"Amor eu só me preocupo com seu bem estar" -ele diz acariciando a barriga
"Daqui a alguns anos vai ser a gente" -eu disse, e ela sorriu "eu amo seu sorriso, amo seu cabelo, amo seu corpo..amo você" -a beijei
"Que coisa gay" -Harry diz e eu ri "Ué você não iria me apresentar a Anne?" Um silêncio de repente tomou conta da rodinha. Notei que Renata ficou chateada. Eu quebrei o silêncio:
"Porra Harry" -falei
"O que foi?" -ele diz sem entender
"É que a Anne..tá..internada" -Perrie diz pausadamente. Notei que Rê estava vendo e revendo fotos dela com a Anne. Algumas lágrimas caíram na tela do celular. A beijei na bochecha:
"Ela não vai gostar de te ver assim" -tentei consolar, mas não adiantou
"A culpa é minha" -ela deve ter repetido isso umas dez vezes.
"A CULPA NÃO É SUA CARA, ELA FEZ ISSO PORQUE QUIS" -escutei alguém do outro lado gritar
"Vai se foder" -ela diz brava, e o professor interfere
"Opa, brigas aqui não" -ele diz, e ela concordou. Notei que a manga esquerda da jaqueta tinha uma mancha. Vermelha. "Não, não não não", só pensava isso. Ela não poderia ter se cortado de novo. A aula acabou, e fomos para casa. No caminho...

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