Capítulo 2

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O dia nasceu e quando Jimmy se dirigiu à agência-delegacia, teve certeza de ouvir o sotaque carregado do mexicano. Apressou os passos. Entrando, deu de cara exatamente com o estranho com quem conversara no outro dia. Ele estava armado. Achou estranho.

- Jimmy, nosso visitante disse que encontrou um cidadão de Garnerville ontem, em Goldfield. Imaginei que só pudesse ser você! – o xerife aparentava ter uma conversa tranquila com o mexicano.

- Err...

- Nem me apresentei ontem à noite, que mau-jeito! Jesus Cardenas, muito prazer!

- Je... Jesus?!

- Cardenas.

- O famoso caçador de recompensas?

Cardenas olhou para o xerife, em seguida para a senhorita McGuinty, depois em volta, como se houvesse mais alguém por ali.

- Assim vou sentir que sou mesmo conhecido!

- O senhor Cardenas acaba de chegar na cidade. Está interessado em Christopher, o falsário. Parece que de fato o vagabundo anda rondando as cidades vizinhas.

- Eu acho que pode pensar em vir para cá, por ser uma cidade muito pequena e onde as pessoas normalmente não andam armadas. Você e o xerife vão à Goldfield daqui três dias levar dinheiro, não é mesmo, companheiro? Bem, pode ser que ele resolva aparecer.

- Então, por isso fez todas aquelas perguntas?

- Que garoto esperto. Bem, tenho que arranjar o que comer e um lugar para ficar esta noite!

Despediu-se e saiu caminhando devagar, levando uma pequena mala a tiracolo. Apenas alguns instantes depois Jimmy percebeu que sim, a cela estava ocupada.

- Esse vagabundo chegou ontem à noite e tentou dormir pelas ruas. Não sem antes incomodar o velho Wilson.

Jimmy encarou o rosto branco e barbado do prisioneiro.

- Eu sei o que está pensando, mas Cardenas sequer olhou para ele e confirmou que este homem não é Christopher, o falsário. Parece que o falsário tem um tipo de cicatriz na mão, ou algo assim. Além disso, da última vez que foi visto, estava apenas com bigodes. Nenhuma barba cresce tão rápido!

O caçador de recompensas dirigira-se ao saloon. Precisava comer mas também gostaria de uma boa cerveja e duvidava que lhe oferecessem uma na estalagem de Jeremiah aquelas horas. Enquanto se aproximava, reconheceu uma voz que vinha de dentro. Abriu espalhafatosamente as portas duplas.

- Ellsworth! Um dia... um dia... – abriu um cartaz de recompensa que tinha consigo. – Um dia será você. Um dia!

Clint permaneceu sentado e sequer virou-se para a porta. Todos no saloon pararam o que estavam fazendo para observar. Ou preparar-se para correr. Cardenas sacou sua arma. Ellsworth continuava comendo sua torta e bebendo seu café tranquilamente. O caçador de recompensas tirou

sua outra pistola do coldre. Ellsworth parou de mastigar e virou-se para a porta. Cardenas pousou uma das armas na mesa ao lado.

- Parece que nesta cidade você precisa ser um agente da lei para carregar uma arma... então lhe ofereço a minha. Jamais atirei e jamais atirarei em um homem desarmado.

Ellsworth engoliu o bocado de torta que estava mastigando e soltou um riso debochado.

- Agente da lei! – virou-se novamente para o prato e voltou a comer tranquilamente.

O saloon permanecia no mais completo silêncio. Cardenas guardou suas armas e dirigiu-se ao balcão.

- Um dia, Ellsworth. Um dia... mas vou lhe dar o privilégio que nunca dei aos outros. Nos enfrentaremos em um duelo! – e dirigindo-se a Toby – Ovos, bacon, um pedaço da torta que ele está comendo e cerveja. – deixando o balcão, dirigiu-se à mesa de Ellsworth.

Pele de CordeiroWhere stories live. Discover now