AMAR?

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AMAR?

Que pode uma criatura senão entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desarmar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, perguntar o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

(...)

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa.
Amar a água implícita, e o beijo tácido, e a sede infinita.


- Carlos Drummond de Andrade.

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