Capítulo II

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Já haviam se passado dois dias desde que Louis teve sua sessão de chá e conversa com o vizinho. Sempre que cruzava o corredor e passava pela porta de Harry seus dedos se contorciam na vontade de bater ali e saber se não queria fazer algo, se havia realmente gostado do chá, se poderiam conversar um pouco. Mas o mais novo se continha, não queria soar assustador ou desesperado. Preferia pisar em ovos e manter aquele bom começo do que ter muita gana e acabar sem nada. Em um suspiro desanimado já procurava suas chaves no bolso da jaqueta quando notou um pequeno post-it colado um pouco acima de sua cabeça. Harry deveria ter colado na linha dos olhos, só havia esquecido que havia dez centímetros de diferença entre os vizinhos.

"Louis, que tal um jantar aqui em casa como uma forma de agradecimento do chá? Eu pensei em te mandar uma mensagem, mas percebi que não tenho o seu número. Então decide continuar nesse lance vintage de cartas hahaha. Se quiser é só bater lá em casa e avisar. Me deixe seu número também? Porém não prometo que vou usar, realmente curti esse lance de palavras que serão lidas em um momento que não tenho controle e nem confirmações.

Até em breve vizinho."

Louis tocou o papel e achou graça das palavras, negando com a cabeça e tentando conter o sorriso que brotava de canto em seus lábios. Maldito jeitinho hipster que fazia o dono dos olhos azuis achar aquilo ainda mais adorável. Louis entrou em sua casa e deixou sua mochila ainda na sala, apenas retirando os legumes orgânicos que havia comprado e levando-os para a cozinha. O moreno dedicou longos segundos observando os vasos que haviam naquele ambiente, garantindo que todos estivessem úmidos. Era quinta-feira, às quintas Louis sempre lavava sua roupa, porém poderia alterar um pouco seus costumes e deixar seu número para o vizinho. A companhia de Harry era bem mais agradável do que o cheiro de amaciante e de flores do campo que o sabão tentava porcamente imitar. O menor apenas buscou o bloco de notas que deixava em uma das gavetas da cozinha e passou a escrever um recado, marcando calmamente cada um dos números de seu aparelho. Com um sorriso animado rumou para a casa do vizinho, achando melhor não bater. Não sabia se ele estaria em casa. Apenas deslizou o papel por baixo da porta, se virando para voltar para sua própria casa.

- Louis? – O mesmo se virou assim que ouviu seu nome no timbre de voz de Harry, olhando surpreso – Passamos de bilhetes na porta para por baixo dela agora? Bom saber, o próximo já sei onde deixar – Harry riu, fazendo com que Louis corasse por aquilo.

- Ah, isso dai tem o meu número né. Não queria deixar na porta e alguém acabar pegando ou sei lá – O menor apenas deu os ombros, recebendo um aceno de Harry. Aquilo fazia sentido.

- E porque não bateu? – A expressão curiosa de Harry continuava presente.

- Porque eu não sabia que estava em casa. São só 16:00 ainda – Louis ergueu as mãos em sinal de defesa.

- Agora a última pergunta, valendo um milhão de libras esterlinas, aceitou um jantar aqui em casa? – Harry mantinha um sorriso de canto, dando a Louis a visão de covinhas discretas em suas bochechas. Um defeito congênito extremamente charmoso.

- Porque não abre o papel e vê – Louis entrou na brincadeira ainda que estivesse tímido, mordendo o lábio inferior.

- Não creio, você acaba de perder a chance de ganhar o dinheiro que nunca ganharia porque eu não tenho ele! Você não respondeu à questão... E eu lerei a minha cartinha quando estiver sozinho ok? É pessoal – Harry continuava a brincar, se fingindo de tímido ao tocar o papel que Louis havia o entregado. Estava particularmente de bom humor depois de entregar todos seus projetos no prazo.

- Não precisa ler sozinho! – Louis corou na hora, tentando pegar o papel de volta – Não tem nada demais ai. Só falei que aceitava jantar e que coloquei meu telefone.

Tea TimeWhere stories live. Discover now