Capítulo IV

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Harry já estava bem melhor da gripe que o abaterá, claro que tudo graças a Louis e aos cuidados que recebeu durante toda aquela tarde. Uma parte de Styles estava envergonhada pela cena, por ser manhoso, pedir carinhos, resmungar sobre os chás e tudo mais. A outra estava completamente grata pelo afeto e pela amabilidade do vizinho quanto a si, de ter parado seu dia para cozinhar, ver filmes, conversar e até mesmo mostrar sua coleção de plantas, uma coisa tão exótica para Harry e tão particular para Louis. Era engraçado como só havia tido três encontros com o vizinho, porém cada vez que partilhavam algum tempo junto Louis parecia lhe mostrar um novo mundo de fatos, curiosidades e costumes. Parecia que o garoto mais novo era uma caixinha de surpresa que cada vez apresentava um mecanismo novo, deixando o arquiteto curioso pela próxima vertente complementar que apareceria.

Naquele momento, divagando com suas próprias ideias enquanto ouvia seu vinil da noite e se punha a organizar a papelada do trabalho, o moreno só pensava em uma forma de agradecer o esforço de Louis consigo. Talvez um presente ou algo que pudesse demonstrar a gratidão que sentia pelo ato de empatia que Louis tivera consigo. Empatia era um gesto o qual todos haviam sido programados para possuir e complementar em suas ações, mas que de uma forma assustadora a cada geração passava a ser deletado do cotidiano. Harry mesmo quase não tivera empatia o suficiente para ir visitar o vizinho que até então era desconhecido.

O cacheado quase bateu em sua própria testa ao pensar que talvez não precisasse de uma coisa tão grande. Um presente ou um ato mirabolante de gratidão. Louis adorava ouvir os vinis pela parede, ele mesmo já havia confessado isso, então por que não chama-lo para vir a sua casa? Conversar, compartilhar um vinho e ouvir a voz rouca e inesquecível de Janis Joplin que ecoava pelo ambiente à meia luz. Em um salto, sem ao menos se preocupar em calçar um chinelo, o moreno se dirigiu a casa ao lado, dando algumas batidas ritmadas na porta. Foram necessários poucos segundos até que o mecanismo da tranca fosse ouvido e Louis abrisse a porta vestindo um de seus característicos conjuntos de moletom.

- Haz! Como você está? - O mais novo perguntou sorridente e Harry devolveu o sorriso, Louis era sempre tão atencioso. Era uma pena que no dia anterior o moreno não pode passar lá para dizer que estava bem.

-Estou sim, queria saber se gostaria de dar um pulo lá em casa. Sei que gosta dos vinis e eu gostaria de companhia. Podemos tomar um vinho se quiser - Harry comentava de forma despreocupada, começando a sentir o chão frio através de suas meias sociais.

- Claro! Adoro Janis Joplin - Sim, Louis sempre dava um jeito de ouvir o vinil, mesmo que fosse baixinho, mas ele gostava e Harry se sentiu culpado por não ter vindo chamar o vizinho antes para aproveitar aquele momento de final de noite consigo antes. Por vezes Harry esquecia como Louis valorizava coisas que eram tão banais aos demais. Um simples momento de solidão com uma música já era algo a ser apreciado pelo jovem Tomlinson.

Com um movimento de cabeça e um sorriso Harry chamou Louis para acompanhá-lo, deixando que o vizinho cruzasse a porta no momento em que a voz grave e potente de Janis cantarolava "Honey, Welcome back home". O moreno deixou com que Louis se acomodasse como quisesse na sala enquanto ia buscar taças e um vinho que mantinha em sua geladeira, não demorando para abrir e retornar à sala. Harry entendia de vinhos, talvez quase tanto quanto Louis entendia de chás. Obviamente não se considerava um sommelier, mas com os anos havia passado a entender que os nomes complexos descreviam as uvas e seus locais de criação. Que o ano da safra era importante, porque contaria tudo o que havia criado ou afetado a qualidade daquele vinho. Aprenderá a como servir, sentir e degustar a bebida. E por fim, aprenderá a ter um vinho sempre em sua geladeira, deixando ali seu aliado. Um gole para os dias ruins, um gole aos dias bons, um gole aos prazeres, um gole aos desprazeres. Mas uma garrafa? Apenas aos amigos.

Tea TimeWhere stories live. Discover now