Capítulo 3

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Chuva. Eu amo a chuva.

As vezes eu penso que o céu fica triste junto comigo e chora também. Agora devem estar pensando que isso é uma tremenda besteira, principalmente para uma garota de 16 anos.

Os trovões representam raiva pra mim, acho que sou a única "serumaninha" que tem medo de trovão. Mas em fim, acontece.

Me levanto e vou até a enorme janela da sala com cortinas azuis escuro, apoio minha mão sobre a janela e acabo-a embaçando com o ar que saía pela minha boca e nariz.

Sinto uma lágrima solitária descendo em minha face.

-Tudo dá errado na minha vida...

"-Filha cheguei."

Minha mãe entrou encharcada pela chuva que caía la fora, e eu rapidamente limpei o molhado em meu olhos.

Pego as coisas que ela trouxe e coloco as bolsas para secar, enquanto ela vai ao banheiro para tomar banho.

Volto para a janela e olho meus pulsos com uma certa frieza. Cada marca que ali continha era uma dor, uma decepção diferente.

Vou a cozinha e recheio umas massas de pastel e frito para minha mãe. Resolvo voltar pra minha caverna da solidão, coloco os fones de ouvido e começo a escutar Read My Mind do The killers. Minutos ou horas depois, minha mãe entra no meu quarto.

"-Filha, posso entrar?"

Ela entra no quarto e eu retiro os fones.

"-Está tudo bem com você?"

"-Sim mãe."

Abaixo a cabeça e olho para os meus dedos com unhas médias.

"-Você anda quieta ultimamente filha, você não é assim tem certeza de que está tudo bem?"

"-Sim mãe, só estou um pouco cansada."

Sorrio e beijo seu rosto.

"-Te amo mãe. Boa noite."

Ela sai do meu quarto, me dá um sorriso e fecha a porta.

-Talvez se eu não existisse eu não traria tantas preocupações para ela...

Torno a colocar o fone de ouvido, mas dessa vez o conecto no notebook. Começo a mexer em meu instagram, onde não continha nenhuma foto.

Incrivelmente as fotos das pessoas do instagram me deixou mais triste ainda. Eu sabia que as fotos de relacionamentos, das famílias juntas sorridentes, das pessoas felizes, eram superficiais. Até porque ninguém é feliz o tempo todo. Não que eu tinha inveja, talvez, da felicidade de outras pessoas mas de alguma forma aquilo me machucava.

Continuo olhando as fotos e pôsteres no Instagram, um foto me chamou a atenção era a foto de James e Jason sem camisa. Okay, eu não sou cega.
Eles são lindos, mesmo com a falta de caráter a beleza que eles contêm é maravilhosa.

-Babacas.

Devem estar pensando porque tenho eles na minha rede social.
Na verdade tenho todos da escola, não que eu queira ficar bisbilhotando a vida de todos, mas apenas me sinto um pouco melhor ao ver que as pessoas estão felizes.

Sim.

Eu disse que me sinto mal. Mas são dois sentimentos mútuos. A tristeza por eu não ser feliz, e a felicidade em saber que outras pessoas estão felizes.

Amanhã é segunda.

Queria ser aquele tipo de pessoa que fala "vivo um dia de cada vez", mas eu não consigo porque como eu disse eu não me sinto mais viva.

A única coisa que consigo pensar, é em qual humilhação vou passar amanhã, ou quantas lágrimas vou derramar. Minha vida não é nada fácil, e o mais difícil é que ninguém me entende, ou não faz questão de entender.

-Acho que ja estou aprendendo a conviver com essa dor em meu peito...

Fecho o notebook e conecto o fone no celular novamente. Me deito novamente e olho para o teto escuro pela falta de luz, cad vez meu olhos vão se fechado e volto ao meu mundo cor de rosa novamente.

"-Nossa você está linda hoje querida"

Tiffany me elogia e eu sorrio agradecendo.

Estou sentindo uma coisa diferente. Nada dói, todas as pessoas estão falando comigo e...
As marcas, as marcas do meu pulso não existiam.

Procurei uma pessoa mas próxima a mim, Fátima.

"Fátima?"

"-Diga querida."

Ela me responde com um sorriso simpático e eu retribuo.

"Porque todos estão falando comigo?"

"-Ora querida, todos sempre falam com você, apesar que fazia um tempo que você estava sumida."

"Ah, obrigado."

Agradeço-a e vou para a sala de aula.

A algo de diferente, eu não costumo usar regatas, mas como eu tinha visto as marcas não existem. Entro e todos na sala vem me cumprimentar.

O dia todo foi normal. Hora de ir pra casa.

Saio da sala, e os irmãos Greens estão do lado de fora.

"-Oi princesa, está linda hoje."

Me abraçam e eu fico sem reação.

"-Jason e eu vamos para a pista de skate hoje beleza? Vamos passar na sua casa as três, até mais bebê."

Não tem algo de estranho.

Eles vão embora e eu começo a andar no corredor mas não consigo sair do lugar. Começo a ficar desesperada e tentar correr, mas todo meu esforço é em vão.

Começo a chorar e gritar mas não sai voz da minha boca.

-"Acorda..."

Acordo assustada pela minha mãe, e percebo que tudo não passou de um mero sonho.













De uma garota solitária.

Meu mundo preto e branco [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora